11 fevereiro 2014

O IMPERIAL CAFÉ NOS ANOS 50



O IMPERIAL CAFÉ NOS ANOS 50

Do jornal "O Penafidelense" de 13 de Julho de 1948.


O moderno e importante Imperial Café, abriu as suas portas no dia 10 de Julho de 1948, sendo seu proprietário Aurélio de Freitas.




No dia 2 de Março de 1949, foi constituída uma sociedade por quotas sob a firma “Freitas & C.ª Lda”, por escritura lavrada nas notas do notário Dr. Abel Augusto Veiga da Gama Vieira, na secretaria notarial de Penafiel.

A escritura foi registada pelo Ajudante de Notário António Mendes Magalhães.
Esta empresa Freitas & C.ª Lda, tem a sede na Praça Municipal n.º 101 – 103, e vai gerir o Imperial Café.

O seu capital social é de 60.000$00, sendo a quota de cada um dos vinte sócios de 3.000$00.


Os penafidelenses que constituíam esta sociedade eram os seguintes:

Salvador Pinto, Deolindo Simões Macedo Faria, Manuel da Silva Almeida, Joaquim Amaro Coelho Jorge, Joaquim Pinheiro, Manuel Gomes Peixoto Júnior, Miguel Augusto Teixeira, Joaquim Pereira da Cunha, Fernando Artur Teixeira da Costa, Aurélio de Freitas, Manuel Moreira Leal, Horácio de Vasconcelos Aires, António José Soares Vilela, José Luís Pinto Beça de Miranda, Abílio do Nascimento Luiz do Fundo, António Pinto, D. Maria Helena Pinto de Matos Neto da Silva, D. Fernanda Alão Ferraz da Rocha, D. Elvira Teixeira de Magalhães e D. Joaquina Augusta da Cunha. 

Como devem ter reparado, aparecem entre os sócios uma série de senhoras. A razão desta aparição feminina, deve-se ao facto dos seus maridos estarem ligados ao funcionalismo público, e como tal, estavam impedidos por lei de fazerem parte de sociedades.

Assim no artigo 4 no parágrafo 3 da respectiva escritura lê-se o seguinte:

As sócias esposas podem ser representadas na gerência, por seus respectivos maridos, a quem conferirão os poderes necessários para o efeito.

Foram nomeados gerentes efectivos para o ano de 1949 os sócios: Joaquim Pinheiro, Salvador Pinto, Deolindo Simões Macedo Faria e António José Soares Vilela.

Assim nesta Praça Municipal na década de 50 funcionavam os três melhores cafés Sociedade, Bar e Imperial da cidade de Penafiel.


No Imperial Café, havia no 1. Andar um salão com bilhares e mais tarde também uma sala para ver televisão, enquanto no rés-do-chão funcionava o café propriamente dito, com uma venda de tabaco, jornais, revistas, chocolates e rebuçados. 


Todos se devem lembrar que neste estabelecimento, o engraxador de serviço, era o Vinagre.

Estes três cafés no Verão, montavam a sua esplanada pública.

O Café da Sociedade no passeio junto às portas de entrada (como actualmente), O Café Bar na Praça Municipal junto ao monumento da Grande Guerra e o Imperial Café no passeio junto ao cinema nos dias em que não havia sessão cinematográfica. 

Assim, os empregados tanto do Imperial Café, como do Café Bar, para servirem os clientes que se sentavam nas esplanadas, tinham que atravessar a via pública de bandeja na mão.

O que hoje nos parece uma loucura, nos anos 50 era possível, porque o parque automóvel na cidade era quase inexistente.


O Imperial Café, até chegou a explorar uma balança colocada no passeio junto ao Cine-Teatro S. Martinho, entre o painel onde eram fixadas fotos sobre o filme em cartaz, e a primeira porta de saída para o exterior do cinema.

Nesta balança, quem se quisesse pesar, introduzia uma moeda de cinquenta centavos ($50), e saía um cartãozinho com o respectivo peso impresso, e nas costas do mesmo uma sina para a pessoa. Esta novidade, atraía várias pessoas à balança.

Mas é nesta década de 50 que se vai assistir a uma “guerra” sobre o preços da chávena do café, ou como se dizia do cimbalino. Este termo “cimbalino” deriva do nome italiano da máquina de tirar café expresso “La Cimbali”.

O cimbalino que custava um escudo (1$00), passou a custar um escudo e cinquenta cêntimos (1$50), ou seja um aumento de 50%.
Muitos fregueses deixaram de frequentar o café, ou então procuraram outro botequim onde o mesmo fosse mais barato.

Para que o público que andava arredado volta-se a retomar o hábito de saborear a bebida de novo, os proprietários dos botequins resolveram estabelecer o preço para o café de doze tostões (1$20).

No entanto nem todos que se afastaram voltaram, embora alguns cafés continuassem a vender o mesmo a um escudo (1$00).

Nesse tempo a taberna ou tasca como lhe queiram chamar, estava a perder força, já que o ponto de encontro por excelência eram os cafés.

Mais tarde esta sociedade desfez-se, passando Freitas & C.ª L.da para a mão de três sócios, o senhor Paiva, Ribas e Gomes, tendo esta passagem sido feita num ambiente festivo de amizade como mostra a foto.

Foto cedida pelo amigo Luís Cunha

Hoje já noutras mãos, o Imperial Café perdeu o pulsar de antigamente acompanhando a desertificação do miolo da cidade, do fechar do Cine-Teatro S. Martinho, do desaparecimento do Quartel Militar, do Liceu Nacional de Penafiel e do Magistério Primário neste quarteirão da cidade de Penafiel, estando confinado ao comércio de jornais, revistas, artigos de papelaria, tabaco e registo de apostas do Totobola, Totoloto e Euromilhões, passando a designar-se Tabacaria Imperial. 

O mais engraçado, é que para os penafidelenses o Imperial Café, sempre foi chamado de Café Imperial.