O IMPERIAL CAFÉ NOS ANOS 50
No dia 2 de Março de
1949, foi constituída uma sociedade por quotas sob a firma “Freitas & C.ª
Lda”, por escritura lavrada nas notas do notário Dr. Abel Augusto Veiga da Gama
Vieira, na secretaria notarial de Penafiel.
A escritura foi registada
pelo Ajudante de Notário António Mendes Magalhães.
Esta empresa Freitas
& C.ª Lda, tem a sede na Praça Municipal n.º 101 – 103, e vai gerir o Imperial
Café.
O seu capital social é
de 60.000$00, sendo a quota de cada um dos vinte sócios de 3.000$00.
Os penafidelenses que
constituíam esta sociedade eram os seguintes:
Salvador Pinto,
Deolindo Simões Macedo Faria, Manuel da Silva Almeida, Joaquim Amaro Coelho
Jorge, Joaquim Pinheiro, Manuel Gomes Peixoto Júnior, Miguel Augusto Teixeira,
Joaquim Pereira da Cunha, Fernando Artur Teixeira da Costa, Aurélio de Freitas,
Manuel Moreira Leal, Horácio de Vasconcelos Aires, António José Soares Vilela,
José Luís Pinto Beça de Miranda, Abílio do Nascimento Luiz do Fundo, António
Pinto, D. Maria Helena Pinto de Matos Neto da Silva, D. Fernanda Alão Ferraz da
Rocha, D. Elvira Teixeira de Magalhães e D. Joaquina Augusta da Cunha.
Como devem ter
reparado, aparecem entre os sócios uma série de senhoras. A razão desta
aparição feminina, deve-se ao facto dos seus maridos estarem ligados ao
funcionalismo público, e como tal, estavam impedidos por lei de fazerem parte
de sociedades.
Assim no artigo 4 no
parágrafo 3 da respectiva escritura lê-se o seguinte:
As sócias esposas podem
ser representadas na gerência, por seus respectivos maridos, a quem conferirão
os poderes necessários para o efeito.
Foram nomeados gerentes
efectivos para o ano de 1949 os sócios: Joaquim Pinheiro, Salvador Pinto,
Deolindo Simões Macedo Faria e António José Soares Vilela.
Assim nesta Praça
Municipal na década de 50 funcionavam os três melhores cafés Sociedade, Bar e
Imperial da cidade de Penafiel.
No Imperial Café, havia
no 1. Andar um salão com bilhares e mais tarde também uma sala para ver
televisão, enquanto no rés-do-chão funcionava o café propriamente dito, com uma
venda de tabaco, jornais, revistas, chocolates e rebuçados.
Todos se devem lembrar
que neste estabelecimento, o engraxador de serviço, era o Vinagre.
Estes três cafés no
Verão, montavam a sua esplanada pública.
O Café da Sociedade no passeio junto às portas
de entrada (como actualmente), O Café Bar na Praça Municipal junto ao monumento
da Grande Guerra e o Imperial Café no passeio junto ao cinema nos dias em que
não havia sessão cinematográfica.
Assim, os empregados
tanto do Imperial Café, como do Café Bar, para servirem os clientes que se
sentavam nas esplanadas, tinham que atravessar a via pública de bandeja na mão.
O que hoje nos parece
uma loucura, nos anos 50 era possível, porque o parque automóvel na cidade era
quase inexistente.
O Imperial Café, até
chegou a explorar uma balança colocada no passeio junto ao Cine-Teatro S.
Martinho, entre o painel onde eram fixadas fotos sobre o filme em cartaz, e a
primeira porta de saída para o exterior do cinema.
Nesta balança, quem se
quisesse pesar, introduzia uma moeda de cinquenta centavos ($50), e saía um
cartãozinho com o respectivo peso impresso, e nas costas do mesmo uma sina para
a pessoa. Esta novidade, atraía várias pessoas à balança.
Mas é nesta década de
50 que se vai assistir a uma “guerra” sobre o preços da chávena do café, ou
como se dizia do cimbalino. Este termo “cimbalino” deriva do nome italiano da
máquina de tirar café expresso “La Cimbali”.
O cimbalino que custava
um escudo (1$00), passou a custar um escudo e cinquenta cêntimos (1$50), ou
seja um aumento de 50%.
Muitos fregueses
deixaram de frequentar o café, ou então procuraram outro botequim onde o mesmo
fosse mais barato.
Para que o público que
andava arredado volta-se a retomar o hábito de saborear a bebida de novo, os proprietários
dos botequins resolveram estabelecer o preço para o café de doze tostões
(1$20).
No entanto nem todos
que se afastaram voltaram, embora alguns cafés continuassem a vender o mesmo a
um escudo (1$00).
Nesse tempo a taberna
ou tasca como lhe queiram chamar, estava a perder força, já que o ponto de
encontro por excelência eram os cafés.
Mais tarde esta
sociedade desfez-se, passando Freitas & C.ª L.da para a mão de três sócios,
o senhor Paiva, Ribas e Gomes, tendo esta passagem sido feita num ambiente
festivo de amizade como mostra a foto.
Foto cedida pelo amigo Luís Cunha |
Hoje já noutras mãos, o
Imperial Café perdeu o pulsar de antigamente acompanhando a desertificação do
miolo da cidade, do fechar do Cine-Teatro S. Martinho, do desaparecimento do
Quartel Militar, do Liceu Nacional de Penafiel e do Magistério Primário neste
quarteirão da cidade de Penafiel, estando confinado ao comércio de jornais,
revistas, artigos de papelaria, tabaco e registo de apostas do Totobola, Totoloto e
Euromilhões, passando a designar-se Tabacaria Imperial.
O mais engraçado, é que para
os penafidelenses o Imperial Café, sempre foi chamado de Café Imperial.
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home