12 junho 2013

A PONTE E O CARRILHÃO



A PONTE E O CARRILHÃO

AQUI VEMOS A PONTE EM MADEIRA, E A TORRE SEM SINOS

Ao ver as fotos dos antigos alunos da Escola Industrial e Comercial de Penafiel, a dirigirem-se no final da foto de família para o Restaurante Pena Hotel, pela ponte de pedra, veio-me à lembrança dois melhoramentos que se deram no Santuário no ano de 1908.

FOTO DE MAXIMIANO MIGUEL
O primeiro melhoramento que vou abordar, é sobre a inauguração com a respectiva bênção da ponte de pedra que substituiu a de madeira que ligava os dois morros. 

A mesma foi adjudicada em Julho de 1908, ao empreiteiro e hábil mestre-de-obras, especialista na construção de pontes em pedra Domingos Castanheira.


A ponte de pedra ficou concluída, em Dezembro de 1908.


O outro melhoramento, foi a colocação do carrilhão de sinos do Santuário, neste mesmo ano.

Quem entra no pátio antes de entrar propriamente no templo, encontra na parede do lado direito uma placa em mármore branco, com os seguintes dizeres:

“O CARRILHÃO DE SINOS D’ESTA TORRE
FOI OFERECIDO PELO GRANDE BENFEITOR
EX.mo S.nr RODRIGO DA COSTA BABO
EM 1908”.

O carrilhão, é formado por nove sinos, e foram fabricados em Rio Tinto, por Alexandre António Leão. 

O contrato assinado em Fevereiro de 1908, rezava assim:

Declaro que contratei com o Ex.mo Sr. Rodrigo da Costa Babo, residente na cidade de Penafiel, a confecção de um carrilhão de sinos, para a torre do templo de Nossa Senhora da Piedade e Santos Passos, daquela cidade, principiando o primeiro em tom de si, e devendo pesar uns 490kg; o segundo será em tom de lá, pesando 360kg; o terceiro em tom de si, e de 240kg; o quarto, em dó, com 208kg; o quinto, em ré, e de 150kg; o sexto em mi, e de 108kg; o sétimo em fá, e de 84kg; o oitavo, em sol agudo, e de 65kg;  e o nono, em lá agudo, e de 48kg; o que perfazem em peso a soma total de 1753kg, a 900 réis cada, o que perfaz em réis a soma total de 1577$700 réis”.

Os badalos dos sinos eram fabricados em ferro sueco, forjados e torneados custando 45$000 réis, transporte, colocação, ferragens para a suspensão dos referidos sinos, e teclado, tudo no valor de 1872$700 réis.


O carrilhão de 9 sinos foi ensaiado, ainda ma fábrica de Rio Tinto, por um excelente sineiro da Igreja de S. Vicente, de Braga, que executou com mestria diferentes peças de música durante o dia. 

Os quatro maiores sinos têm gravado a imagem de N.ª S.ª da Piedade, padroeira do templo, o nome de Rodrigo da Costa Babo, benemérito que ofereceu o carrilhão, e o emblema da fábrica.

 A 25 de Outubro de 1908, o carrilhão, chegava à estação de Novelas, e foi transportado em dez carros de bois devidamente enfeitados, e conduzidos por lavradeiras vestidas a rigor.

Ao passarem na Rua Alfredo Pereira, em frente à residência de Rodrigo da Costa Babo, os sinos das igrejas da cidade repenicaram, foram lançados foguetes e foram dados muitos vivas ao benemérito. 

Ao chegarem ao Santuário, os sinos foram guindados para o alto da torre.

No final serviram, vinho verde e pão de trigo, às lavradeiras e donos dos carros, que transportaram os sinos de Novelas ao Sameiro. 


Embora sem tocador de carrilhão, mas por obra e graça da tecnologia, os sinos da torre do Santuário, vão debitando em dias festivos, músicas religiosas em tons agradáveis para os nossos ouvidos.