26 maio 2013

ABRAÇOS CULTURAIS



ABRAÇOS CULTURAIS
Entre Portugal e Angola
Depois da descolonização, a única coisa que ficou a ligar estes povos, foi a língua portuguesa. Cada um a utiliza à sua maneira, mas tanto o emissor, como o receptor, se entendem às mil-maravilhas.

Estou convencido, que estes povos fizeram mais nestes últimos anos pela língua de Camões, do que o colonizador durante 500 anos.

Ao contrário dos governantes portugueses ou seus representantes, não têm vergonha de a usar além-fronteiras como por exemplo na ONU.

Muitos trabalhadores da palavra a reinventam, como é o caso do escritor angolano Luandino Vieira e do moçambicano Mia Couto, enriquecendo o nosso léxico.

É dentro dos intelectuais que resultam os grandes abraços culturais para o engrandecimento de ambos os povos. Basta ver o que se passa entre escritores, músicos e cantores dos PALOPS.

 
Alda Lara
Hoje vou abordar um caso que resultou em pleno do que atrás foi dito, entre a poesia de Alda Lara e do músico- cantor Paulo de Carvalho.

A escritora angolana Alda Ferreira Pires Barreto de Lara Albuquerque, nasceu em Benguela em 9 de Junho de 1930 e ali passou grande parte da sua infância, por certo a coligir sentimentos que, mais tarde, exalaria pela poesia que escreveu.

Depois de ter concluído o sexto ano num colégio de madres em Sá da Bandeira (actual Lubango), partiu para Lisboa, onde terminaria os estudos liceais e frequentou a Faculdade de Medicina.


Durante este período manteve uma estreita ligação com a Casa dos Estudantes do Império - CEI, tendo sido igualmente colaboradora em jornais e revistas de relevância na época, tais como  Revista Mensagem- CEI, o Jornal de Benguela, o Jornal de Angola, o ABC e Ciência. 

Nessas publicações, surgiram os seus primeiros escritos poéticos, também publicados em várias antologias, até surgir o seu primeiro livro, intitulado Poesias, em 1960.




Poeta da Geração Mensagem, A sua poesia transpira  exílio, saudade obsessiva da terra e suas gentes, os lugares da infância, os amigos e as expectativas de um futuro em que pretendia participar logo que possível faz de Alda Lara, uma mensageira da sociedade civil, lutando com as armas de que dispunha a sua poesia, onde a política, estando implícita, é sobretudo do foro dos sentimentos.

Alda Lara, irmã do também notável poeta Ernesto Lara Filho, a poetisa de Benguela faleceu prematuramente em 1962.


Em Lisboa, no ano de 1951 escreveu este poema com o título Prelúdio, conhecido entre nós pela voz de Paulo de Carvalho como Mãe Negra.

Vamos ouvi-lo neste dia solarengo, este retrato do quotidiano angolano.




- Bom domingo!