ABRAÇOS CULTURAIS
ABRAÇOS
CULTURAIS
Depois da descolonização,
a única coisa que ficou a ligar estes povos, foi a língua portuguesa. Cada um a
utiliza à sua maneira, mas tanto o emissor, como o receptor, se entendem às mil-maravilhas.
Estou convencido, que
estes povos fizeram mais nestes últimos anos pela língua de Camões, do que o
colonizador durante 500 anos.
Ao contrário dos
governantes portugueses ou seus representantes, não têm vergonha de a usar
além-fronteiras como por exemplo na ONU.
Muitos trabalhadores da
palavra a reinventam, como é o caso do escritor angolano Luandino Vieira e do
moçambicano Mia Couto, enriquecendo o nosso léxico.
É dentro dos
intelectuais que resultam os grandes abraços culturais para o engrandecimento
de ambos os povos. Basta ver o que se passa entre escritores, músicos e
cantores dos PALOPS.
Hoje vou abordar um
caso que resultou em pleno do que atrás foi dito, entre a poesia de Alda Lara e
do músico- cantor Paulo de Carvalho.
A escritora
angolana Alda Ferreira Pires Barreto de Lara Albuquerque, nasceu em Benguela em
9 de Junho de 1930 e ali passou grande parte da sua infância, por certo a
coligir sentimentos que, mais tarde, exalaria pela poesia que escreveu.
Depois de ter
concluído o sexto ano num colégio de madres em Sá da Bandeira (actual Lubango),
partiu para Lisboa, onde terminaria os estudos liceais e frequentou a Faculdade
de Medicina.
Durante este
período manteve uma estreita ligação com a Casa dos Estudantes do Império -
CEI, tendo sido igualmente colaboradora em jornais e revistas de relevância na
época, tais como Revista Mensagem- CEI, o Jornal
de Benguela, o Jornal de
Angola, o ABC e Ciência.
Nessas
publicações, surgiram os seus primeiros escritos poéticos, também
publicados em várias antologias, até surgir o seu primeiro livro, intitulado
Poesias, em 1960.
Poeta
da Geração Mensagem, A sua poesia transpira exílio, saudade
obsessiva da terra e suas gentes, os lugares da infância, os amigos e as
expectativas de um futuro em que pretendia participar logo que possível faz de
Alda Lara, uma mensageira da sociedade civil, lutando com as armas de que
dispunha a sua poesia, onde a política, estando implícita, é sobretudo do foro
dos sentimentos.
Alda Lara, irmã do
também notável poeta Ernesto Lara Filho, a poetisa de Benguela faleceu prematuramente
em 1962.
Em Lisboa, no ano
de 1951 escreveu este poema com o título Prelúdio, conhecido entre nós pela voz
de Paulo de Carvalho como Mãe Negra.
Vamos ouvi-lo neste dia solarengo, este retrato do quotidiano angolano.
- Bom domingo!
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