30 abril 2013

O ÓRGÃO DE TUBOS DA MISERICÓRDIA



O ÓRGÃO DE TUBOS DA MISERICÓRDIA


Durante as guerras Liberais (1828 – 1834), a igreja católica apoiou o partido absolutista, ou seja D. Miguel.

Com a vitória dos liberais, e a subida ao trono de D. Pedro IV, no contexto que se seguiu à assinatura da Convenção de Évora Monte, que pôs termo à guerra civil portuguesa, o então ministro da justiça, Joaquim António de Aguiar, redigiu o texto do Decreto de extinção das Ordens Religiosas, assinado por D. Pedro IV de Portugal, e que foi publicado em 30 de Maio de 1834.

Através desse diploma, foram declarados extintos todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios, e quaisquer outras casas das ordens religiosas  regulares, sendo os seus bens secularizados e incorporados à Fazenda Nacional, à excepção dos vasos sagrados e paramentos que seriam entregues aos ordinários das dioceses.
 
Esta lei valeu a António de Aguiar o apelido de "Mata Frades".


Este pequeno texto serve para nos colocarmos à época, e melhor compreender, como alguns paramentos provenientes do mosteiro de Paço de Sousa, e o órgão de tubos do mosteiro de Bustelo vêm parar à igreja da Misericórdia.

Assim, por ordem do Reino, o órgão de tubos da igreja do mosteiro de Bustelo foi trazido para a Misericórdia no ano de 1834.

Segundo Abílio Miranda, na parte interna da cobertura do teclado do referido órgão, há uma placa que diz o seguinte:

“Feito este órgão por António José dos Santos Júnior, organeiro. Ano de 1882”.
Evidentemente, que esta data, não pode ser da sua feitura mas sim de algum restauro.
O órgão da igreja da Misericórdia, foi obra dum abade do mosteiro de Bustelo, Frei Varela organista e organeiro.

Foi um dos abades gerais (Trienais) do citado mosteiro e de outros.

Este pastor do rebanho beneditino, tinha o hábito de consumir ao que se sabe muito rapé (tabaco de inalar), o que tinha como consequência cobrir dele os teclados dos órgãos que maravilhosamente tangia.


Tinha discípulos de música e chorava, quando, praticamente, reconhecia que nenhum dos seus discípulos era capaz de tocar determinado órgão da sua feitoria, tão complicado se apresentava de teclados, registos, etc.


Hoje em dia, o órgão com seu ar imponente, apenas serve de decoração na igreja da Misericórdia, já que o mesmo, não solta um som há muitos longos anos, ou por falta de organista, ou por ausência de conservação, ou quem sabe, pelas duas coisas.

1 Comments:

Blogger Miguel Santos said...

Bem que ficava no seu local original este órgão, no varandim do Coro Alto do mosteiro de Bustelo!

2:36 da tarde  

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