O ÓRGÃO DE TUBOS DA MISERICÓRDIA
O ÓRGÃO DE TUBOS DA MISERICÓRDIA
Durante as guerras
Liberais (1828 – 1834), a igreja católica apoiou o partido absolutista, ou seja
D. Miguel.
Com a vitória dos
liberais, e a subida ao trono de D. Pedro IV, no contexto que se seguiu à
assinatura da Convenção de Évora Monte, que pôs termo à guerra civil
portuguesa, o então ministro da justiça, Joaquim António de Aguiar, redigiu o
texto do Decreto de extinção das Ordens Religiosas, assinado por D. Pedro IV de
Portugal, e que foi publicado em 30 de Maio de 1834.
Através desse diploma,
foram declarados extintos todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios, e quaisquer outras casas das ordens religiosas regulares, sendo os seus bens secularizados e
incorporados à Fazenda Nacional, à excepção dos vasos sagrados e paramentos que
seriam entregues aos ordinários das dioceses.
Esta lei valeu a António
de Aguiar o apelido de "Mata Frades".
Este pequeno texto
serve para nos colocarmos à época, e melhor compreender, como alguns paramentos
provenientes do mosteiro de Paço de Sousa, e o órgão de tubos do mosteiro de
Bustelo vêm parar à igreja da Misericórdia.
Assim, por ordem do
Reino, o órgão de tubos da igreja do mosteiro de Bustelo foi trazido para a
Misericórdia no ano de 1834.
Segundo Abílio Miranda,
na parte interna da cobertura do teclado do referido órgão, há uma placa que
diz o seguinte:
“Feito este órgão por
António José dos Santos Júnior, organeiro. Ano de 1882”.
Evidentemente, que esta
data, não pode ser da sua feitura mas sim de algum restauro.
O órgão da igreja da
Misericórdia, foi obra dum abade do mosteiro de Bustelo, Frei Varela organista
e organeiro.
Foi um dos abades
gerais (Trienais) do citado mosteiro e de outros.
Este pastor do rebanho
beneditino, tinha o hábito de consumir ao que se sabe muito rapé (tabaco de
inalar), o que tinha como consequência cobrir dele os teclados dos órgãos que
maravilhosamente tangia.
Tinha discípulos de
música e chorava, quando, praticamente, reconhecia que nenhum dos seus
discípulos era capaz de tocar determinado órgão da sua feitoria, tão complicado
se apresentava de teclados, registos, etc.
Hoje em dia, o órgão com
seu ar imponente, apenas serve de decoração na igreja da Misericórdia, já que o
mesmo, não solta um som há muitos longos anos, ou por falta de organista, ou
por ausência de conservação, ou quem sabe, pelas duas coisas.
1 Comments:
Bem que ficava no seu local original este órgão, no varandim do Coro Alto do mosteiro de Bustelo!
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