1.º CONTINGENTE DE TROPAS PARA A GUINÉ
1.º
CONTINGENTE DE
TROPAS
PARA A GUINÉ
SAÍDO
DO R.A.L. 5
No
mês de Janeiro de 1963, o PAIGC inicia a luta armada na Guiné, e no
dia 31 de Março desse mesmo ano , se despede de Penafiel um
contingente rumo a essa província ultramarina.
Guerrilheiros do PAIGC com o seu fundador ao centro de óculos Amílcar Cabral |
A
cerimónia de despedida destas tropas começou pelas 10 horas na
Igreja Matriz, onde foi celebrada uma missa, estando presentes as
mais variadas individualidades do nosso meio, entre as quais:
Coronel
Alfredo Fontes, Presidente da Câmara, Major Santiago Cardoso,
Comandante interino do R.A.L. 5, Dr. Aurélio Tavares, Director da
Escola Industrial, Dr. Joaquim da Rocha Reis, Director Clínico do
Hospital da Misericórdia de Penafiel, Dr. Vito Carvalho, Subdelegado
de Saúde, Dr. Francisco Brandão Rodrigues dos Santos, Professor
Joaquim José Mendes, Presidente da Comissão Municipal de Cultura,
Professor Rocha Nunes, Delegado Escolar e Senhoras do Movimento
Nacional Feminino.
Igreja Matriz - Penafiel |
A
missa foi celebrada pelo Reverendo Capelão Padre Franco, que à
homilia exultou os soldados que iam partir em missão de soberania a
saberem cumprir com os seus deveres de bons soldados e bons
portugueses.
A
entrega dos Guiões, foi feita pelo Major Trancoso da Pesada 2, que
teve palavras de agradecimento para as individualidades presentes, e
dirigindo-se aos soldados disse a certa altura: “Ides para outras
terras, ver gentes de outras cores, mas que são portugueses como
nós. É preciso chamá-los à razão, que é a razão de Portugal.”
Ao
terminar em voz comovida e com patriotismo, afirmou que aqueles que
vão agora fazer o render de guarda, quando regressarem também
poderão dizer como tantos outros: “Dever cumprido.”
Em
seguida teve lugar um desfile pelas ruas da cidade, e junto ao
Monumento aos Morto da Grande Guerra, as duas companhias,
acompanhadas da Fanfarra prestaram honras militares e os capitães
Srs. Gagliardini Graça e José Faria Pires Correia, depuseram um
ramo de cravos.
O
embarque para Lisboa registou-se pelas 20,15 horas na estação de
Caminho de Ferro de Penafiel, em comboio especial.
Penafiel
habituou-se a ver partir do seu quartel, companhias para a Guerra
Colonial.
Estes
dias eram naturalmente tristes para os penafidelenses e não só, já
que muitos familiares, namoradas e amigos dos soldados, se vinham
despedir deles, e com lágrimas a rolarem pelos rostos se abraçavam
e beijavam, sem saberem se o fariam pela última vez.
E
lá se partia com a esperança que tudo ia correr bem, num adeus, até
ao meu regresso.
Última bandeira portuguesa arriada em Angola pelo exército português no dia 10 de Novembro de 1975 |
Quem
teve de ir para a guerra, é que sabe o quanto estas coisas custavam,
e se pensam que ela terminou com o 25 de Abril de 1974, enganam-se,
ela piorou e de que maneira até ao dia da independência da ex-
colónia, eu falo por experiência própria de Angola.
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