13 janeiro 2015

AS JANEIRAS E OS REIS NOS ANOS 30 EM PENAFIEL



AS JANEIRAS E OS REIS
NOS ANOS 30 EM PENAFIEL


Em 1928, o clube de futebol Sport Club de Penafiel, fundou um interessante grupo musical, composto por 30 figuras, na maior parte jogadores das diversas categorias do clube.

O regente da orquestra e ensaiador da mesma, era o 2,º Sargento José de Matos, músico da Regimento de Infantaria 6, instalado no quartel de Penafiel.

A Orquestra Jazz- Sport para além de dar concertos a favor da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel, da Associação Artística de Socorros Mútuos, nas noites de 31 de Dezembro para 1 de Janeiro, e nas de 5 para 6 de Janeiro, percorria as ruas da cidade de Penafiel, a fim de saudar os penafidelenses.  

Hoje há quem as cante aí num pavilhão fora do prazo de validade, sem o encanto, o entusiasmo e a magia do antigamente.

Era uma tuna composta de vários instrumentos musicais, desde o bombo à guitarra, que tocando e cantando alegravam a nossa terra dando lugar a que as artérias se enchessem de numeroso público interessado em ouvir as piadas e os ditos que os compères (dois sujeitos de cartola de coco e de calças de fantasia), transmitiam aos presentes em cumprimento do programa previamente estabelecido e aprovado pela censura.

Havia certas casas que a Orquestra visitava e, quase sempre, os vidros das portas sofriam grande destroço nessas noites porque a assistência queria romper a todo o transe, fosse de que maneira fosse, de nada valendo as ordens do dono da casa no sentido de haver método na entrada.

A Orquestra-Jazz Sport saiu para a rua durante alguns anos mantendo o exclusivo dessa actividade nas noites de boas-festas (anos 30), até que, numa atitude de rivalidade, apareceu mais tarde a Orquestra- Jazz União, produto do outro grupo desportivo da cidade União Desportiva Penafidelense.


Daí em diante é que a coisa redobrou de animação nas noites de Janeiras e Reis, por virtude da actuação das duas orquestras que procuravam, cada uma delas ser superior à outra.

As opiniões dividiam-se, a discursão redobrava de intensidade e os vidros das portas das casas visitadas continuavam a desaparecer em estilhaços não obstante a distribuição de murros e bordoadas por parte das pessoas encarregadas de velar pela sua integridade.

Partidários do Sport e do União travavam azeda polémica parecendo que a rivalidade do campo se estendia à rua!...

Certo ano a Orquestra do União causou um certo sucesso, ao se apresentar, na noite de Reis, com os seus três compères montados em cavalos dos moleiros do Cavalum e com indumentária de Reis Magos.


Com o decorrer dos anos, a Orquestra-Jazz Sport desapareceu, para dar lugar à Orquestra Jazz Albardófila que deu continuidade a esta tradição de cantar as Janeiras e os Reis.

A Orquestra-Jazz União, essa desapareceu para sempre o que contribuiu para reduzir o valor dessas animadas noites.


Aqui ficam os nomes de alguns elementos que fizeram parte da Orquestra- Jazz Sport mais tarde Orquestra- Jazz Albardófila:

Bernardino José de Oliveira
João Oliveira
Irmãos José e Augusto de Sousa
Manuel da Silva Almeida
Américo Clemente Ferreira
Alberto Teixeira
Alberto Vieira
Sargento Francisco da Costa Chicória
Sargento José de Matos
José Teixeira Estrela
José Augusto Baptista
Antero Nogueira
António Ribeiro
Joaquim Moreira
Alberto Silveira
António Melo
Albano Moreira da Silva
Jorge Saraiva
António Mário Pinto da Costa
José Martins
António Soares dos Reis
João de Carvalho Moreira
Gregório de Freitas Nunes
Sargento António da Rocha
Alberto Oliveira
Joaquim Rocha Leal
Miguel Pinto Leal
Sargento Costa Pinto 

Todas estas coisas, não passam de lembranças de um tempo em que a rivalidade desportiva entre o Sport e o União, dois grupos desportivos que existiam em Penafiel, se estendia à música para alegria dos penafidelenses, nas noites de Ano-Novo e Reis.