21 outubro 2014

OS SANITÁRIOS DA PRAÇA DO MERCADO



OS SANITÁRIOS 
DA PRAÇA DO MERCADO


Hoje vou falar de um recanto da cidade, que pertence ao capítulo “Penafiel Desaparecido”.

Ao meio da Avenida Sacadura Cabral, havia sob a paragem de camionagem da Praça do Mercado, umas instalações sanitárias. 

Quem descia a escadaria em pedra da Av. Sacadura Cabral para a Praça do mercado, encontrava do lado direito os sanitários destinado aos homens, e do lado esquerdo para as senhoras.


Estas instalações sanitárias, abriram ao público no sábado de 28 de Maio de 1952, melhoramento de certo vulto e de há muito desejado pelos penafidelenses.

Excelentemente construídas, sempre apresentaram um bom aspecto higiénico quer no seu interior, quer no exterior.

Esta construção, importou em cento e setenta contos, comparticipados pela Câmara Municipal e pelo Estado.

Por motivo desta importante obra, foram também introduzidas na Praça do Mercado alguns benefícios, tendo desaparecido a inestética construção que servia de escritório do guarda, agora substituída por uma outra para o fim adaptado.


Graças a isto, a Praça tornou-se mais ampla e com melhor aparência.



Quando entrei para a Escola Primária Conde de Ferreira, em 1957, apenas existiam duas sanitas, onde se faziam as necessidades estilo caçador, ou seja aninhados, e só mais tarde, é que foram construídas as casas de banho actuais.

Turma da 1.ª classe de 1957

Devido ao número de crianças que frequentavam aquele estabelecimento de ensino, muitos de nós recorríamos no tempo de recreio, aos sanitários da Praça do Mercado, que ficavam ali mesmo ao lado.

O funcionário que zelava pelo sanitário dos homens, era o sr. Timóteo, que devido ao seu magro ordenado para sustentar a família, montou a um canto das instalações, uma banca de sapateiro. Aí não só concertava o calçado dos seus, como o dos fregueses para angariar mais alguns escudos.


Na hora em que a rapaziada da escola invadia estes sanitários, o sr. Timóteo com o seu afiador de facas na mão, brindava aqueles que mijavam fora do urinol, com uma reguada no cú.

Depois era o correr para a escola para ir ainda a tempo de brincar ao bate-fica, ao pião, à pincha, à bola servindo por vezes as árvores e uma pedra de baliza, o saltar ao eixo, e já mais tarde apareceu o espeto.


Hoje, não só não existe a Praça do Mercado, os sanitários, como a escola do Conde de Ferreira, deixou de ter utilidade para as funções que foi construída.

Por casualidade, ou talvez não, quando uns determinados partidos da nossa praça política, tomam conta do poder local, os penafidelenses já sabem que vão perder algum património municipal, descaracterizando cada vez mais a velhinha cidade com 244 anos feito, e que quanto mais não fosse pela sua idade, merecia muito mais respeito.

Mas como dizia Camões: “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, só que infelizmente, nem sempre para melhor.