OS SANITÁRIOS DA PRAÇA DO MERCADO
OS
SANITÁRIOS
DA PRAÇA DO MERCADO
Hoje vou falar de um
recanto da cidade, que pertence ao capítulo “Penafiel Desaparecido”.
Ao meio da Avenida
Sacadura Cabral, havia sob a paragem de camionagem da Praça do Mercado, umas
instalações sanitárias.
Quem descia a escadaria
em pedra da Av. Sacadura Cabral para a Praça do mercado, encontrava do lado
direito os sanitários destinado aos homens, e do lado esquerdo para as
senhoras.
Estas instalações
sanitárias, abriram ao público no sábado de 28 de Maio de 1952, melhoramento de
certo vulto e de há muito desejado pelos penafidelenses.
Excelentemente
construídas, sempre apresentaram um bom aspecto higiénico quer no seu interior,
quer no exterior.
Esta construção,
importou em cento e setenta contos, comparticipados pela Câmara Municipal e
pelo Estado.
Por motivo desta
importante obra, foram também introduzidas na Praça do Mercado alguns
benefícios, tendo desaparecido a inestética construção que servia de escritório
do guarda, agora substituída por uma outra para o fim adaptado.
Graças a isto, a Praça
tornou-se mais ampla e com melhor aparência.
Quando entrei para a
Escola Primária Conde de Ferreira, em 1957, apenas existiam duas sanitas, onde
se faziam as necessidades estilo caçador, ou seja aninhados, e só mais tarde, é
que foram construídas as casas de banho actuais.
Turma da 1.ª classe de 1957 |
Devido ao número de
crianças que frequentavam aquele estabelecimento de ensino, muitos de nós
recorríamos no tempo de recreio, aos sanitários da Praça do Mercado, que
ficavam ali mesmo ao lado.
O funcionário que
zelava pelo sanitário dos homens, era o sr. Timóteo, que devido ao seu magro
ordenado para sustentar a família, montou a um canto das instalações, uma banca
de sapateiro. Aí não só concertava o calçado dos seus, como o dos fregueses
para angariar mais alguns escudos.
Na hora em que a
rapaziada da escola invadia estes sanitários, o sr. Timóteo com o seu afiador
de facas na mão, brindava aqueles que mijavam fora do urinol, com uma reguada
no cú.
Depois era o correr
para a escola para ir ainda a tempo de brincar ao bate-fica, ao pião, à pincha,
à bola servindo por vezes as árvores e uma pedra de baliza, o saltar ao eixo, e
já mais tarde apareceu o espeto.
Hoje, não só não existe
a Praça do Mercado, os sanitários, como a escola do Conde de Ferreira, deixou
de ter utilidade para as funções que foi construída.
Por casualidade, ou
talvez não, quando uns determinados partidos da nossa praça política, tomam
conta do poder local, os penafidelenses já sabem que vão perder algum património
municipal, descaracterizando cada vez mais a velhinha cidade com 244 anos feito,
e que quanto mais não fosse pela sua idade, merecia muito mais respeito.
Mas como dizia Camões:
“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, só que infelizmente, nem sempre
para melhor.
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