21 maio 2007

METEOROLOGIA POPULAR

OS CATA-VENTOS

Um dos cata-ventos mais bonitos na cidade de Penafiel, é o que se encontra na torre mirante da casa nº 22, sita na Avenida Sacadura Cabral.

Devido à antiga proprietária (já falecida), se chamar Dona Maria Teresa, e a grimpa do mesmo ter a forma de um canhão, ainda hoje é conhecido na urbe pelo canhão da Dona Maria Teresa. Se actualmente não passam de um elemento cultural da paisagem portuguesa, o certo é que durante séculos ajudaram o homem a entender melhor a natureza, e a prognosticar o tempo. Ainda me lembro que o povo baptizou nos primeiros tempos (antes da existência dos satélites), os boletins da rádio oficial como “Boletim Mentirológico” dado os frequentes erros dos mesmos nas previsões do tempo.

O homem inventou o cata-vento para ver a direcção dominante do vento. É de origem medieval e constituía inicialmente, além de instrumento da meteorologia, atributo da nobreza ou privilégio social. Do cata-vento faz parte a grimpa, ou seja a placa móvel que se desloca em torno de um eixo conforme a direcção do vento dominante.

De tanto ver as orientações do vento, o nosso povo criou alguns ditos.

Se ventasse do Norte era assim:

“Se o vento do Norte ventar, vai-te à fogueira sentar”. “Vento Norte rijão, chuva na mão”.

Também temido era o vento do Sul, O Suão, assim:

“Vento Suão seca a terra e não dá pão”. “Vento Suão, de Inverno sim, de Verão não”.

Se o vento soprar em determinadas direcções identificadas pela geografia, dava sinais inequívocos. Por exemplo, diziam “ vento de Arouca, seca muita, chuva pouca”, mas se o mesmo viesse do lado do Marão chuva na mão. Ou quando trovejar pró Marão, vende os bois e compra grão, quando trovejar prá Ribeira, pega nos bois e vai prá jeira.

O mais popular ainda hoje em Penafiel, é o vento que sopra do lado de Novelas. “Ouve-se o comboio sinal de chuva”.

Quando o vento vem do lado de Espanha, o povo associou vários factos da nossa história dando origem ao seguinte adágio popular: “De Espanha nem bons ventos, nem bons casamentos”.

Outro vento que tem fama terrível é o de Levante. Assim é costume dizer-se:

“Vento de Leste não dá nada que preste”. Ao contrário, o de Sudoeste é calmo.

Através desta sabedoria popular era feita a previsão meteorológica do tempo. Outro factor para a previsão do tempo, eram sem dúvida as nuvens. Quando o céu apresentava a cor avermelhada para o lado de Viseu, leva o capote, que eu levo o meu. Se ao Sol-posto, o Norte foi puro, (puro quer dizer limpo, sem mancha), temos bom tempo seguro. Nuvens ao nascente, chuva de repente.

Lua Nova trovejada, 30 dias é molhada.

Também existe a crença de que não há sábado sem Sol, referindo-se por vezes em versos populares como:

Não há sábado sem Sol

Nem domingo sem missa

Nem segunda sem preguiça

Que para os lados de Coimbra tem a seguinte forma:

Não há sábado sem Sol

Nem rosmaninho sem flor

Nem casada sem ciúmes

Nem solteira sem amor

Enquanto os cata-ventos resistirem ao tempo, devemos a estes dedicados instrumentos de previsão do tempo e encanto visual, um gesto de gratidão pelos serviços prestados a gerações que nos precederam.

Dita-me a minha sensibilidade, que a melhor homenagem de gratidão é protegê-los.

- Ou não serão eles, os cata-ventos, património a preservar?

Evidentemente que para muitas boas pessoas, estas “palavras leva-as o vento”, mas para elas, remato este meu texto com o provérbio que lhes encaixa na perfeição:

A ignorância e o vento são do maior atrevimento”.

1 Comments:

Blogger Nélia M. Pereira said...

Caro(a)s Bloggers,


A NEGRA TINTA EDITORIAL tem o grato prazer de lançar a obra “CÂMARA ESCURA (revelação), do poeta Joaquim Amândio Santos, com prefácio de António Lobo Xavier.

Sendo esta obra mais um trabalho nascido de um escritor cuja carreira foi lançada na blogosfera, a exemplo das edições previstas e possíveis no futuro próximo desta editora, será importante contarmos com a honra da presença de bloggers nas diversas acções de lançamento da obra.

Nesse sentido, solicitávamos indicação de morada ou preferência por receber o convite por mail para negratinta@gmail.com, bem como qual dos eventos escolhem para nos honrar com a sua presença.

Lançamento e Apresentações:

31 de Maio Funchal
8 de Junho Penafiel
14 de Junho FNAC Norteshopping, Porto
28 de Junho FNAC Chiado, Lisboa
5 de Julho FNAC Coimbra


Aproveitámos ainda para solicitar que qualquer manuscrito que entendam colocar à consideração desta editora para possível publicação, seja enviado por este mail, ao meu cuidado, estando previsto editarmos até 4 obras, nascidas na blogosfera, até Março de 2008.

Saudações Literárias,

Nélia Maria Pereira
Edições e Comunicação
NEGRA TINTA EDITORIAL

5:34 da tarde  

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