24 maio 2021

NO MAIOR INCÊNDIO DE PENAFIEL

NO MAIOR INCÊNDIO DE PENAFIEL

ARDEU A SEDE DO UNIÃO 

E O BERÇO DO SPORT

O estabelecimento de solas e cabedais de Joaquim José de Oliveira (O Gordo), situado na Rua Alexandre Herculano (hoje Largo Padre Américo), era o ponto de encontro de jovens estudantes da Escola Primária Superior e do Colégio do Carmo.

 


Aí trabalhava José Nogueira Soares, conhecido por todos, pelo Nogueira do Gordo, que tinha o condão de aconselhar e entusiasmar os jovens para a vida, incitando-os à prática de educação física.

 

Deste convívio, nasceu a ideia da fundação de um clube desportivo, o qual veio a nascer com o designo de Sport Clube de Penafiel.

 


Acontece que no dia 17 de Outubro de 1935, pelas duas horas da madrugada, um incêndio que deflagrou na casa comercial de António Guimarães que existia à esquina da Rua Alexandre Herculano (hoje Rua do Paço), alastrou rapidamente aos prédios vizinhos na Rua Pedro Guedes (hoje Largo Padre Américo), e que consumiu seis prédios, apesar de todo o esforço e boa vontade dos bombeiros de Penafiel, Paredes, Entre-os-Rios, Cete e os Portuenses da Cidade do Porto.

 


Foi notória a falta de água, pois na altura não havia abastecimento ao domicílio, e mostrou-se um serviço de mangueiras, entre o lago do Parque Zeferino de Oliveira, popularmente chamado de  Sameiro e o local do incêndio, mas mesmo assim, não foi possível evitar a propagação da tragédia, já que passados 30 minutos, deixou de haver água para atacar o incêndio.

 


Os prejuízos são totais nos prédios. Do recheio apenas foi retirado algum mobiliário existente nos baixos dos prédios ocupados pelo Sr. Alípio Dias e Joaquim José de Oliveira (O Gordo), que se iam acumulando no largo fronteiriço e eram vigiados pelos soldados da Infantaria 6 destacados para o local do sinistro. Apesar de tudo, não se verificaram vítimas humanas


Arderam os prédios de:

António Guimarães, onde este senhor tinha instalado o seu estabelecimento de material eléctrico e aparelhos de rádio, D. Maria Henriqueta de Melo (que servia como sede da União Desportiva Penafidelense e pelo António de Sousa Reis (livreiro), o sr. Artur de Oliveira, da Pensão Central, achando-se nos baixos a Livraria Reis, a Sapataria Zé Duas, do Sr. José Alípio Dias, a adega e loja de solas e cabedais de Joaquim José de Oliveira (O Gordo), e uma outra residência particular à esquina da Travessa da Misericórdia habitada pelo Sr. Manuel Soares e pelo Sr. Mário Alípio Dias. A única casa que se salvou das chamas neste correr de casario, foi a Casa João da Lixa, com frontaria para a Rua Serpa Pinto (hoje Rua Dr. Joaquim Cotta) e esquina da Travessa da Misericórdia.

 


Da noite para o dia, o fogo fez desaparecer para sempre todo este casario, onde se encontrava entre outras actividades, a sede do União e o Berço do Sport que era o ponto de reunião da rapaziada dessa época.   


Como as paredes que ficaram de pé, ameaçavam ruínas, no dia seguinte, iniciou-se a sua demolição.

 



É de realçar a rapidez (dois dias depois do incêndio), com que a Companhia de Seguros Fidelidade, pagou as indemnizações devidas aos seus segurados pelos respectivos prejuízos.

 

Casa O Gordo com malta do Sport à porta. Bernardino Oliveira, Nogueira Soares (fundador do Sport), Augusto Cristina e João Oliveira.


A vida destas pessoas vai recomeçar noutros locais da cidade. Assim, Joaquim José de Oliveira (O Gordo), vai-se restabelecer como adega no Largo da Ajuda, A Livraria Reis, de António de Sousa Reis, na Rua do Paço, a Pensão Central de Artur Oliveira, abre portas na Av. Sacadura Cabral N.º 157 a 161, José Alípio Dias vai aparecer no N.º 6 na Rua Serpa Pinto (hoje Rua Joaquim Cotta), no prédio onde ficava à época no 1.º andar o consultório do dentista Alexandre Milheiros, que dava consulta aos dias 10 e 20 da cada mês, ou seja aos dias de feira, nesta rua também se instalou António Guimarães com a Fotografia Penafidelense.

 


Das cinzas, apareceu o Largo da Misericórdia (actualmente Largo Padre Américo), com o formato e dimensões com que o conhecemos nos dias de hoje.

 

Fernando Oliveira - Furriel de Junho