QUANDO A TROPA DAVA VIDA À CIDADE
QUANDO
A TROPA
DAVA
VIDA À CIDADE
Milhares
de homens passaram pelo quartel militar de Penafiel.
Não
só davam vida à cidade como interagiam com ela.
Para
além da instrução militar que lhes era dada, desenvolviam
paralelamente outras actividades culturais.
Em
tempos que já lá vão, mal vinha o Verão, nas tardes de domingo
davam concertos musicais no coreto construído no jardim público
Egas Moniz, aos penafidelenses.
Também
criaram uma companhia de teatro que baptizaram de “Marte”, para a
qual foram recrutadas algumas meninas na urbe para o elenco, pois
nessa altura a tropa era só para homens.
O
Sport Club de Penafiel, também teve colaboração musical a quando
da formação da sua Orquestra Jazz Albardófila de alguns militares
músicos.
Muitas
donzelas casaram com militares que por aí passaram, e no tempo em
que os batalhões partiam e regressavam da Guerra Colonial muitas
meninas eram convidadas a serem madrinhas de guerra.
Jorge
Sena, escritor português, passou também por cá em 1941, retratando
a sua passagem por este quartel no seu livro “Os Grão-Capitães”,
no capítulo “ As Ites e o Regulamento”.
O
2.º Comandante do CICA 1, Tenente Coronel Olavo Rocha, elaborou a
História do Quartel de Penafiel, que publicou em crónicas na
revista do próprio quartel “O Calhambeque”.
Para
a miudagem da época, que hoje deve rondar os 70 anos de idade, era
uma alegria ver a Fanfarra que todas as quintas-feiras percorria as
ruas da cidade até à Praça Municipal, onde tocava virada para o
Monumento ao Mortos da Grande Guerra, regressando de seguida ao
quartel.
Sendo
Maio, por excelência o mês das Novenas a Maria, devido à primeira
aparição da Virgem em Fátima aos pastorinhos, se ter dado a 13 de
Maio.
Até
nestas coisas os militares faziam questão de participar e colaborar
com a cidade de Penafiel.
Estávamos
no ano de 1956, e na Igreja do Calvário, junto ao altar de Nossa
Senhora da Conceição, durante o mês de Maio decorriam as novenas
de Maria, que tinham o condão de atrair muitos fiéis.
As
novenas eram presididas pelo Padre Superior Reverendo Nascimento
Fontes, auxiliado por Frei José Martinho e Frei Manuel Guimarães.
Abrilhantavam
estas cerimónias religiosas, ao órgão a Sr.ª Dona Otília Mendes
Leal e um grupo coral formado por elementos do Regimento de
Artilharia Ligeira N.º 5 (R.A.L. 5), orientados pelo padre
Franciscano, Reverendo Polidório de Oliveira.
O
grupo de militares vindos do RAL 5, que fizeram parte do coro que
animavam com a perfeita afinação das suas vozes estas novenas, e
que eram alvo dos maiores elogios eram os seguintes:
Manuel
Silva, Luís de Sousa, Júlio Alexandre Alves Ferreira, Constantino
Costeira, Gonçalo Amorim Varejão, José Fernandes, Joaquim Alberto
de Oliveira de Sousa, Júlio Gomes de Sousa Varejão, José Faria
Tenedorio, Manuel João P. da Silva, Emílio Pereira, Manuel Moreira
Pinto, José P. Araújo, Manuel José Sérgio, Nestor Rio Tinto
Costa, Joaquim de Matos Alves, Albino Lourenço Fernandes, Luís
Barros Esteves, Domingos Dias Meira, Jorge Fernandes de Sousa,
António Rodrigues da Fonseca, José Loureiro Pinto, Manuel Marinho,
António S. Ribeiro, Arménio Gouveia e António Lopes das Neves,
soldado do RAL 5 que prendia a atenção de todos durante os seus
solos, tão apreciados pela assistência.
E
pronto, aqui fica relatada mais uma intervenção dos militares na
vida desta cidade, que muitos penafidelenses por certo desconheciam.
Hoje,
nas velhas calçadas da cidade de Penafiel, já não vemos
“magalas”, mas pavoneia-se outra “tropa”, que apenas trata da
sua vidinha, destruindo por vezes o nosso passado, desrespeitando os
nossos melhores filhos que deram a vida pela pátria, e ainda nos
dizem com aquele ar de entendidos, que tudo isto é feito em prol de
um tal progresso... do deles é claro.
Fernando
Oliveira – Furriel de Junho
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