06 setembro 2015

O FADISTA RODRIGO



O FADISTA RODRIGO


Rodrigo Ferreira Inácio, nasceu na freguesia da Graça, em Lisboa, no dia 29 de Junho de 1941.

Tinha 12 anos quando pediu aos pais (apercebendo-se das dificuldades financeiras ao tempo existentes no seio familiar) que o deixassem trabalhar, pois continuaria os estudos de noite.

Assim, arranjou o seu primeiro emprego numa grande empresa de peças para automóveis: UTIC. 

Cerca de um ano mais tarde, o seu padrinho de baptismo colocou-o na Companhia Colonial de Navegação, onde se manteria até aos 19 anos. Entretanto, completa o 5º Ano do Liceu. 

Por esta altura, trava conhecimento com alguns músicos que estavam em fase de formação dum grupo vocal, e que mais tarde se viria a chamar “Os Cinco Reis”, do qual viria a fazer parte tendo assim a oportunidade de realizar a experiência tão desejada: cantar! Este grupo obteve grande sucesso no início dos anos 60, tendo participado em muitos programas de televisão, em directo. Grava um disco de êxito (“O Pepe”), apresentando-se em muitas salas de Lisboa e não só, donde se destaca o então famosíssimo “Passatempo para Jovens”.

Este conjunto acaba por se desmembrar devido ao serviço militar de alguns dos seus elementos, entre os quais Rodrigo. 

Entretanto, teve uma experiência riquíssima que ainda hoje recorda: passou alguns meses comprando peixe nas praias e a vendê-lo na Ribeira Lisboeta. Esta experiência permitiu-lhe lidar de muito perto com os Homens do Mar, criando uma enorme admiração por toda essa humilde, mas nobre gente, aprendendo com eles muito da sua filosofia de vida. 

Aos 21 anos, vai para França afim de aprender a língua francesa. Na véspera da partida para Paris, resolve fazer uma festa de despedida com alguns amigos, passando a noite a fazer aquilo a que normalmente se chama visitar as “capelinhas”. Terminaram a noite numa casa de fados em Alcântara, a velha “Cesária".



Incitado pelos amigos, resolveu participar daquele ambiente fadista cantando o único fado que sabia, “Biografia do Fado”, celebrizado por um grande senhor do Fado- Carlos Ramos. 

Já em França, com bastante surpresa sua, o momento que mais recordava, para além da saudade que sentia da família, era o daquele mágico momento fadista.

Aos 26 anos, Rodrigo regressa em definitivo a Portugal e passa a frequentar e a cantar assiduamente nas casas de Fado amador, a sua grande maioria situadas em Cascais e arredores, onde conhece uma singular geração de fadistas; Teresa Tarouca, António Melo Correia, João Braga, José Pracana, Carlos Zel, Carlos Guedes Amorim, Teresa Siqueira, entre outros. Começou a ser solicitado para espectáculos ao vivo e convidado para a primeira gravação.

No início dos anos 80 abriu a sua própria casa de Fados, em Birre, nos arredores de Cascais, "O Arreda", seguiu-se o "Picadeiro" e o "Estribo" que passou para "Forte D. Rodrigo", dedicando-se quase em exclusivo à sua grande paixão, o Fado.

Profissionaliza-se em 1975, mas ainda como amador gravou os seus primeiros discos, como é o caso de:

1973 - Meu Desejo Sobre o Mar


1974 - Eu Sou Povo e Canto Esperança


1975 - A Última Tourada Real em Salvaterra


Agora como fadista profissional grava:

1975 - Nada é Pobre Quando é Povo


1976 - Coentros e Rabanetes



1978 - Não Me Importa a Cor da Pele



1980 - Canto ao Fado



1982 - Tanto Te Dei Muito Te Devo



1983 - O Meu Nome é Rodrigo


1985 - O Charme do Fado


 

1985 - Pérolas



1987 - Rodrigo



1990 -  Histórias, Balada e Lendas




1991 - Asas e Raízes



1994 - Velho Marinheiro



1996 - Cais do Sodré



2002 - Marés de Saudade



2008 - O Melhor de Rodrigo


2013 - Grandes Êxitos


Escrito, musicado e cantado pelo grande fadista Rodrigo vamos ouvir o fado "Cais do Sodré", que retrata as vivências deste recanto de Lisboa, em tempos não muito distantes. 




- Bom domingo!