O BRASÃO DO CABRAL EM CROCA
O
BRASÃO DO CABRAL
EM CROCA
EM CROCA
No domingo fui assistir
à missa na Igreja de Croca.
No final percorri a pé
o lugar de Acucanha, ou Cucanha como muitos lhe chamam, e deparei com uma casa
nobre, brazonada, de bonita arquitectura, a ser restaurada.
O Brasão de armas muito
bonito, que ostenta na sua frontaria, corresponde à carta de brazão de armas,
conferido por D. Maria I, no ano de 1785, como se vê pela referida carta que
transcrevo:
«Dona
Maria, por Graça de Deus e Rainha de Portugal e dos Algarves (D'aquem e d'alem
mar em Africa, Senhora da Guiné, e da Conquista Navegação do Comércio da
Etheopia, Arábia, Persia, e da India. etc.
Faço
saber, aos que esta Minha Carta de Brazão de Armas de Nobreza; e Fidalgo a,
virem: Que José Caetano de Souza Magalhães Souza Borges Bravo Cabral, Alferes
de Infanteria Auxiliar, morador na Sua Quinta d'Cucanha freguesia de São Pedro
de Cróca, Termo e Comarca de Penafiel. Me fez petição dizendo: Que pela
Sentença de justificação de Sva Nobreza a ella junta, profferída, e assignada
peno Meu Dezembargador Corregedor do Civel da Corte, e Caza da Supplicação o
Doutor José Antonio Pinto Donas Botta, Sobscripta por Francisco Xavier Moratto
Borva. Escrivão do mesmo Juizo, e pellos documentos encorporados nella, se
mostrava; que elle he filtro Legitimo do Custodio Luiz de Magalhães, e de sua
mulher Dona Maria da Asumpção Souza Borges Bravo Cabral; netto pela parte
Paterna de João de Souza Magalhães, e de sua mulher Dona Esperança Luiza de
Sousa: Bisnetto de Antonio de Souza Magalhaens, e de sua mulher Dona Catherina
Vaz. moradores que forão na Quinta do Paço freguesia de São Miguel de Silvares:
e pella parte Materna, que elle he netto de José da Rocha, e de sua mulher Dona
Anna Delgado de Souza Borges Cabral, e de sua mulher Dona Maria Delgada
Pedroza: Os quais Seus Pais, e Avós, e mais Descendentes, (ascendentes) que
forão pessoas muito Nobres. das Famílias de Souzas, Magalhaens, Borges, Bravo,
e Cabraes. das illustres Cazas, e Morgados da Barca, Suenga, Penidos,
Canavezinhos, e Soalhaens, todas com os Foros de Fidalgos da Minha Caza Real. e
como thaes Se tractárão, e tracta elle Supplicante, com Armas, cavallos,
Creados, e toda a mais ostentação propria da Nobreza; Servindo no Politico, e
no Militar os Lugares, e Postos mais distinctos do Governo, sem que em tempo
algum commetessem crime de Leza Magestade, Divina, ou Humana.
Pello
que, Me pedia elle Supplicante, por Merce, que para a memoria de Seus
Progenitores se não perder, e clareza da sua antiga Nobreza, Lhe mandasse dar
Minha Carta 'de Brazão d'Armas das ditas Familias, para dellas tãobem uzar, na
forma que as trouxerão, e forão concedidas aos ditos Seus Progenitores.
E
vista por Mim a dita Sua petição, sentença, e documentos, e de tudo Me constar
que elle he descendente das mencionadas Familiar, elle pertence uzar, e gozar
de Suas Armas, segundo o Meu Regimento, e Ordenação da Armaria; lhe «Lugar das
Armas». Mandei passar esta Minha Carta de Brazão d'ellas, na forma que aqui vão
Brazonadas, divizadas, e Iluminadas com cores, e Metaes, segundo se achão
registadas no livro do Registo das Armas da Nobreza, e Fidalguia destes Meus
Reinos, que tem Portugal, Meu Principal Rey de Armas.
A
saber, Hum escudo esquartellado. No primeiro quartel, as Armas dos Souzas, que
são o campo de prata esquartellado; no primeiro as cinco quinas do Reino em
cruz, no segundo hum Leão Sanguinho; e assim ao contrarios; no segundo quartel
as Armas dos Magalhaens, que são em campo de prata tres faxas xadrezadas de
vermelho e prata; no terceiro quartel as dos Borges, em campo vermelho hum Leão
de ouro, orla azul carregada de dez flores de Liz do mesmo ouro; no quarto as
dos Bravos, em campo de ouro huma Serpe voante de verde armada de Sanguinho;
Elmo de prata aberto, guarnecido de ouro.
Paquinafe
de metaes, e cores das Armas; Timbre dos Souzas, que he hum Leão vermelho, e
por diferença huma brica vermelha com hum farpão de prata. O qual Escudo, e
Armas poderá trazer, e uzar o dito José Caetano de Souza Magalhães Bravo
Cabral, assim como os trouxeram e uzarão os ditos Nobres, e Antigos Fidalgos
Seus Antepassados, em tempo dos Senhores Reiz Meus Antecessores; e com ellas
poderá entrar em Batalhas, Campos, Reptos, Escaramuças, e exercitar todos os
mais actos licitos da Guerra, e da Paz: e assim mesmo as poderá trazer em Seus
Firmaes, Aneis, Sinetes, e Divizas, polas em Suas Cazas, Capellas, e mais
Edificios, e deixa-las sobre Sua propria Sepultura: e finalmente Se poderá
servir, honrar, gozar; aproveitar dellas em todo, e por todo, como a Sua
Nobreza convem.
Com
o que quero, e Me praz, que haja elle todas as Honras, Privilegios. Liberdades,
Graças, Merces, Izempçoenes, e Franquezas, que hão, e devem haver os Fidalgos,
e Nobres de Antiga Linhagem: e como sempre e de todo uzarão e gozarão os ditos
seus Antepassados.
Pelo
que: Mando aos Meus Dezembargadores, Corregedores, Provedores, Ouvidores,
Juizes, e mais Justiças de Meus Reinos, e em especial aos Meus Reys de Armas,
Arautos, e Passavantes, e a quaes quer outros Officiaes, e pessoas, a quem esta
Minha Carta for mostrada, e o conhecimento della pertencer; que em tudo Ih'a
cumprão e guardem, e fação inteiramente cumprir, e guardar, como nella se
contem, sem duvida, nem embargo algum, que em ella lhe seja posto: porque assim
he Minha Mercê.
A Rainha Nossa Senhora o Mandou, por Antonio Rodrigues de Leão.
Proffeço na Ordem de Christo, Cavaleiro Fidalgo de Sua Caza Real, e Seu Rey de
Armas Portugal, Frei Manoel de Santo Antonio e Silva, da Ordem de São Paulo, a
fez em Lisboa aos vinte cinco dias do mez de Agosto, do Anno do Nascimento de
Nosso Senhor Jesus Cristo de mil setecentos e oitenta e cinco. E eu Bernardo
José Agostinho de Campos, Escrivão da Nobreza a fiz escrever. E declaro: Que
vai assignada pelo novo Rey de Armas Portugal Bravo.
Dito
o declarei. «Portugal Rey de Armas Principal, José Bravo.» Registada no Livro
terceiro, do Registo dos Brazoenes, e Armas da Nobreza, e Fidalguia destes
Reinos, e Suas Conquistas a folhas duzentas e seis verso.
Lisboa
treze de Septembro de mil sete centos oitenta e cinco.
Bernardo
José Agostinho de Campos.
Cumprace.
Almeida.»
E pronto, aqui fica
mais um naco de estória, fora da história da nossa terra, desta vez da
freguesia de Croca.
Não podia deixar de dar
os parabéns, a quem tudo faz para não deixar cair de podre o seu património
local, mesmo sabendo que a sua valorização, vá desaguar em pagamento de mais
IMI.
2 Comments:
Caro Fernando Carvalho,
Deixo desde já os Parabéns pelo seu trabalho e acima de tudo pela partilha.
A Junta de Freguesia de Croca está de momento a conceber o seu website e gostaríamos de saber qual a sua disponibilidade em serem criados links no nosso site para o seu blog (Exemplo para o brazao do Cabral, Escola Zeferino de Oliveira, Zeferino de Oliveira, etc.).
Agradecemos desde já toda a sua atenção ao nosso pedido.
Com os melhores cumprimentos,
Caro Fernando,
Envio o meu contacto, Jorge Mota, jorge.armota@gmail.com.
cumprimentos,
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