FESTAS DA CIDADE
FESTAS
DA CIDADE
Já se encontra
espalhado pela urbe, o cartaz todo colorido a anunciar a Festa do Corpo de Deus
ou da Cidade como lhe queiram chamar, respeitante ao corrente ano de 2015.
Nele se pode ler o
programa que durante três dias vão animar Penafiel.
Mas as Festas da Cidade
que eu vou falar, são as que se realizaram no ano de 1963.
Para além da cavalhada,
do carneirinho, da procissão, das bandas de música, dos bailes e do foguetório,
tinham no seu programa no dia 11 de Junho, um Concurso Pecuário organizado pelo
Grémio da Lavoura, e no dia 12 uma Parada Agrícola e Industrial.
Da comissão das festas
faziam parte os seguintes membros: o Pároco da cidade Albano Ferreira de
Almeida, Dr. Francisco Brandão, Manuel A. Afonso, Fausto Pinto de Matos,
Alfredo Mesquita, Alberto Teixeira e o Professor Joaquim José Mendes, como representante
da Câmara.
Nessa altura a cidade
era cercada por campos e quintas cultivadas, e o lavrador usava para o ajudar
no amanho da terra o gado, que criava não só para o trabalho, como para venda
ou extracção de leite. Por tal facto, as feiras de gado eram muito concorridas em
Penafiel no Largo Conde Torres Novas, vulgarmente chamado de Campo da Feira, e
daí ter surgido a ideia de um Concurso Pecuário.
Este Concurso Pecuário,
era só para exemplares do concelho de Penafiel.
O Júri era formado
pelos senhores Drs. Fernando Prata Dias, Jorge Oliveira da Cunha e João
Oliveira Dias, veterinário municipal e do Prof. Joaquim da Rocha Madureira,
representante do Grémio da Lavoura, e forneceu o seguinte resultado:
Touros reprodutores, do
primeiro desfecho aos 6 anos
1.°
prémio (300$00) e Medalhão do Amoníaco Português à Soc. Agr. da Quinta da
Aveleda.
Novilhos, dos 10 meses a 1.º desfecho
inclusive.
1.°
Prémio (200$00) Soc. Agr. da Quinta da Aveleda;
2.º
Prémio (150$00) Adão Barbosa, de Novelas
3.º
Prémio (100$00) - Justino Gomes da Silva, de Duas Igrejas.
Vacas, com 1.º parto ou com o 2.º desfecho, até 8 anos.
1.º
Prémio (300$00) e Taça Soares & Irmão à Sociedade Agrícola da Quinta da
Aveleda;
2.º
Prémio (275$00) - Manuel Rodrigues, Santa Luzia;
3.º
Prémio (250$00) - António Ferreira, Curadeiras;
4.º
Prémio (200$00) - Joaquim Carvalho da Cunha, Casal Garcia;
5.º
Prémio (175$00) - Ernesto da Rocha Torres, Duas Igrejas;
6.º
Prémio (150$00) - Vitorino Ferreira da Silva, Duas Igrejas.
7.º
Prémio (100$00) - Luis Ferreira, de Penafiel;
8.º
Prémio (100$00) - Alberto da Rocha Teixeira, de Santa Marta ;
9.º
Prémio (100$00) - Abel Ferreira da Costa, de Marecos
10.º
Prémio (100$00) - António Fernandes, de Marecos.
Novilhos até
1.º desfecho inclusive
1.º
Prémio (250$00) e Taça Corporação da Lavoura, Adão Moreira, Marecos;
2.º
Prémio (200$00) - Umbelino de Castro Neves, Duas Igrejas;
3.º
Prémio (150$00) - José Moreira Lopes, Valpedre;
4.•
Prémio (100$00) - António Mota Moreira, de Peroselo;
5.º
Prémio (75$00) - Joaquim Monteiro, de Duas Igrejas;
6.º
Prémio (75$00) - Soc. Agri. da Quinta da
Aveleda;
7.º
Prémio (75$00) - Pe. Manuel Leal da Rocha, Marecos;
8.º
Prémio (75$00) - Eurico Gonçalves da Costa, de Penafiel;
9.º
Prémio (50$00) - António Pinto, de Guilhufe.
Junta de bois de
Trabalho, raça turina
1.º
Prémio (250$00) - Adelino Coelho Pacheco, Marecos;
2.º
Prémio (200$00) - José de Sousa, Bustelo;
3.º
Prémio (175$00) - Luís da Rocha, Guilhufe;
4.º
Prémio (150$00) - Alberto da Rocha Teixeira. Santa Marta;
5.º
Prémio (100$00) - José da Silva, Irivo ;
6.º
Prémio (199$00) - José Gomes da Rocha, de Galegos;
Junta de Bois de
Trabalho raça Barrosã
1.º Prémio (200$00) - José
Gumes da Rocha, de Galegos.
Junta de Novilhos
castrados raça Turina, até ao 1.º desfecho, inclusive.
1.º
e 2.º Prémio Exeaquo (150$00) - Joaqnim Ribeiro, de Penafiel e Joaquim
Teixeira, de Guilhufe;
3.º
Prémio (100$00) - Notícias de Penafiel - Adelino Barbosa, de Guilhufe;
4.º
Prémio (75$00) - Albano Moreira de Sousa, de Marecos;
5.º
Prémio (75$00) - Valentim Barbosa, de Guilhufe;
6.º
Prémio (50$00) - Camilo Teixeira, Guilhufe
7.º
Prémio (50$00) - Salvador da Cunha, de Bustelo
8.º
Prémio (50$00) - Zeferino Gonçalves, de Rans.
Junta de Novilhos
castrados de raça Turina, até ao 1,º desfecho, inclusive
1.º
Prémio (250$00) - Agostinho Gomes da Rocha, de Oldrões
2.º
Prémio (175$00) - Ramiro da Rocha Ribeiro, de Rans;
3.º
Prémio (150$00) - José Gomes da Rocha, de Galegos.
No final o gado desfilou
perante a mesa do júri, sendo os prémios entregues aos proprietários pelo sr.
José Bessa Leitão, presidente da direcção do Grémio da Lavoura, que a todos os
concorrentes dirigiu também palavras de estímulo e de muito apreço.
Como podemos ver, o valor
dos prémios monetários nos dias de hoje eram ridículos, mas naquele tempo eram
dinheiro, assim como muita gente das freguesias a serem contempladas, mostrando
a força da lavoura nesses tempos, pelo Concelho de Penafiel.
Neste dia a Banda de Música
de Lagares, deu um concerto no coreto do Jardim Egas Moniz.
Nesse ano de 1963, nas
oficinas da Escola Industrial de Penafiel, sobre a orientação dos mestres José
Luís e Cravo, a azáfama era grande na
preparação do material que iria dar origem ao carro alegórico que este
estabelecimento de ensino ia apresentar na parada das actividades concelhias.
Depois foi a montagem
do mesmo, os últimos retoques, vestiu-se a rigor o António Ruão de Infante D.
Henrique, e o António Gomes de Marinheiro, alguns filiados da Mocidade
Portuguesa e estava chegada a hora de mostrar o nosso trabalho à população que
assistiu a este desfile.
No dia 12 de Junho de
1963, quarta-feira, pelas 16 horas dava-se início à Parada Agrícola, Comercial,
Industrial e de Actividades Concelhias.
Não há exagero, nem
sombra de favor na afirmação. É verdade: a «Parada das Actividades Concelhias» constituiu, realmente, um espectáculo de deslumbramento!
E representou,
igualmente, expressivo «documentário» dos valores folclóricos, culturais
assistenciais e económicos do concelho, com milhares de pessoas a assistirem ao
desfile, e a não lhe regatearam aplausos, bem justos, aliás.
Abriam o cortejo
«gigantones», «cabeçudos» e zés-pereiras de Carrazeda de Ansiães, assim como
outras representações que já haviam figurado no cortejo da «figura da cidade», entre
as quais, os três aludidos «bailes»: dos Ferreiros, dos Pretos, tendo por
elementos principais José Maria da Silva e Beatriz de Sousa Gonçalves, que
pareciam pretos mesmo; e dos pedreiros, em que igualmente tinham acção
preponderante, Mário de Sousa e António Ribeiro e a simpática e muito graciosa
moça, Rosa Ferreira do Carmo. Desfilavam, logo a seguir, os famosos e populares
conjuntos folclóricos do Rancho do Douro Litoral e da Ronda Típica de Meadela (Viana
do Castelo).
E depois, uma larga e
expressiva representação de bombeiros voluntários: de Entre-os-Rios, com a sua
espectacular fanfarra e um pronto-socorro; e também com uma viatura, as
corporações de Paço de Sousa e de Penafiel.
Assim era constituída
«a guarda avançada» do grande e rico cortejo.
E após ela, passavam
então os primeiros carros: à frente, o representativo da cidade, com símbolos
de expressivo significado; depois, o da Misericórdia, também de feliz
concepção, mas animado de figuração alusiva, nomeadamente a simbólica da
Misericórdia, na pessoa da gentil menina Maria de Fátima Conceição da Silva.
O terceiro carro da
série, foi apresentado pela prestimosa obra de caridade da cidade, que bem
merece o auxílio de todos, pois são enormes os benefícios que presta: trata-se
do Patronato da Sagrada Família: «recolhemos todos quantos nos batem à porta»:
«8o mil sopas distribuímos por ano» - eram legendas deveras expressivas que,
entre outras, se liam no interessante carro, cujos motivos dominantes eram,
ainda, relativos à obra assistencial do Patronato. A panela onde se cozinhava a
sopa, por exemplo!
Desfilou, depois, o
carro da «Casa do «Gaiato», de Paço de Sousa. Admirável exemplo da lição
plurirracial que damos ao Mundo! de igual para igual, sem distinção de raças,
figuravam no curioso carro meninos brancos e meninos de cor, em alegre e franca
confraternização.
Seguidamente, desfilava
o carro do Grupo Cénico Penafidelense, de tão ricas tradições: cultura,
recreio, bem fazer-1958-1963—cinco anos de intensa e prestimosa como frutuosa
actividade. Uma sereia (uma linda sereia na figura muito gentil da simpática
associada, Alice Sanhudo) dominava na concepção do carro.
Outro carro digno de
nota de relevo, foi sem:dúvida o que apresentaram os rapazes da Escola
Industrial. Sim senhor: belo carro, quer pela concepção quer pela realização!
Motivo dominante: o Infante (na pessoa do estudante, António Ruão), sentado num
grande penedo e de olhos postos no mar: uma caravela e ao leme, António Gomes -
de indumentária a rigor para a missão em que se empenhava com garbo e orgulho
de marinheiro português!
Seguiu-se então o carro
representativo da freguesia de Bustelo -
um primor de realização, que reproduzia, com preciosa fidelidade, o Mosteiro
local, rico «monumento nacional».
Foto cedida por: Alex Borges |
Outro carro que também
provocou profunda admiração e intensos e calorosos aplausos, foi o da freguesia
de Novelas, onde, como se sabe, está situada a estação ferroviária de Penafiel. Consequentemente, o simbolismo evidente no carro era, exactamente, o do caminho
de ferro: um comboio com máquina (a deitar fumo...) carruagem e passageiros!...
Depois, coube a vez de
desfilar, o carro de Lagares-simbólico da obra dos Artesanatos de «Chales de
Ordins», que data de 1955. Os artesanatos de «chales de Ordins» são uma das
várias obras de caridade e assistência daquela localidade.
Seguiram-se os carros
das importantes actividades dos pedreiros (que se viam em plena faina) de Rio
de Moinhos, Santiago, de Boelhe e de Cabeça Santa, entre outros.
E o cortejo, prosseguiu
ainda, com o carro da Serração de Penafiel, o carro do Aviário; de Paço de
Sousa; o carro de Peroselo; o carro de Duas Igrejas em que figuravam as fases,
da cultura e do fabrico do linho; o carro dos serviços de Apicultura de Rio Mau,
o carro da casa Singer, da Electificadora Penafidelense com o motor Rabor, etc..
Dignos de referência,
ainda, os carros alusivos ás actividades agrícolas de Paço de Sousa (onde não
faltava o arado puxado por uma junta de bois...) e da Quinta da Tulha: com «as
nossas flores; os nossos frutos; as nossas tocatas.
E era o fim da
grandiosa e brilhantíssima «Parada»! O carro da freguesia da Fonte Arcada-a
«Templária» -não se esqueçam isto tem mais de 700 anos, gritou lá do sítio,
muito senhor da sua importância...
Mais de duas horas
durou o desfile, que veio a terminar no ponto de partida: no Campo de Conde de
Torres Novas, onde então foi servida uma merenda» a todos os figurantes da
«parada».
No final, um júri atribuiu após demorada escolha os seguintes prémios aos carros participantes na
Grande Parada Agrícola, Comercial e Industrial das actividades do Concelho.
CARROS ALEGÓRICOS
1.°
prémio a freguesia de Novelas.
2.°
Prémio-Freguesia de Bustelo.
CARROS DE ACTIVIDADE
INDUSTRIAL
1.°
prémio, José Alves, Rio de Moinhos.
2.°
Prémio - «Apicultura», de Rio Mau.
CARROS DE ACTIVIDADE
AGRÍCOLA
1.°
prémio -Aviário de Cabeça Santa.
2.°
Prémio-Duas Igrejas,
CARRO MAIS ARTÍSTICO
1.°
Prémio da Comissão de Cultura, medalha de ouro, ao carro da Escola industrial.
2.°
Prémio, ao carro do Grupo Cénico Penafidelense.
As festas nesses tempos
eram mais animadas prosseguindo à noite com a apresentação no coberto da Praça
do Mercado, dos Ranchos Ronda Típica de Meadela e Rancho Folclórico do Douro
Litoral.
As meninas Aurora Maria
Monteiro de Sampaio Mesquita e Inês Maria Lopes Afonso, acompanhadas do Sr. Dr.
Francisco Brandão, colocaram nos estandartes dos dois Ranchos atrás referidos
fitas com legendas alusivas à visita daqueles agrupamentos à nossa terra.
O recinto, preparado
para o efeito estava repleto e funcionava lá dentro uma verbena organizada
pelas Senhoras da Conferência de S. Vicente de Paulo.
Cerca da 1,30 horas terminou
este último número do programa das festas do dia 12.
Apesar dos cartazes
serem menos vistosos no antigamente, as festas do Corpo de Deus em Penafiel, em
tempos que já lá vão, atraíam mais forasteiros à cidade, apresentando um
programa mais recheado de actividades, movimentavam muitas pessoas e
instituições do Concelho de Penafiel, e organizava-se uma majestosa procissão,
muito superior à dos dias de hoje.
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