20 novembro 2014

UM CENTENÁRIO A TODO O VAPOR



UM CENTENÁRIO A TODO O VAPOR
20 DE NOVEMBRO DE 1914
O COMBOIO CHEGOU À CALÇADA


No dia 18 de Novembro de 1914, foi realizada a vistoria da linha férrea de Penafiel à Calçada, a qual foi feita pelos srs. Engenheiros Paes de Faria, Pinto Camello e Álvaro de Souza Rego, por parte do ministério do fomento, e o engenheiro António Taveira de Carvalho, por parte das obras públicas. 

Da Companhia do Caminho de Ferro, assistiram os srs. Dr. Cerqueira Magro, director, Ferreira de Lima engenheiro, Armando de Souza, chefe do movimento, Alípio da Silva, chefe de via e obras, e António Coimbra, director da Companhia Auxiliar Ferroviária.

As experiências da linha deram os mais lisonjeiros resultados de segurança, dando-nos mais uma vez motivo para felicitarmos o hábil empreiteiro sr. Ferreira da Silva.

O Hotel Central era no prédio do Sindicato dos Caixeiros na Av. Sacadura Cabral.

No fim da vistoria, aqueles inspectores vieram para o Hotel Central, onde lhes foi servido um magnífico almoço, tendo-se retirado à tarde para a cidade do Porto.
 


Faz hoje precisamente cem anos, que no dia 20 de Novembro de 1914, abriram o troço de linha de Penafiel à Calçada, que faz parte da futura linha de Penafiel a Entre-os-Rios.

Haverá da Calçada para Penafiel dois comboios diários, com ligação aos dois comboios descendentes do Douro, partindo o 1.º às 8,10h e o 2.º às 16,50h.


De Penafiel para a Calçada haverá também dois comboios diários, à chegada dos comboios ascendentes do Douro, que partirão da estação de Penafiel às 9,50h e às 17,40h, passando pela cidade de Penafiel às 10,05h e às 17,55h.

Nos dias de feira, haverá comboios extraordinários.

Os preços entre Penafiel e Calçada, são $09 em 3.ª classe e $18 em 1.ªclasse.
Para a Ribeira, $07 em 3.ª e $15 em 1.ª.
Da Ribeira à Calçada, $04.

Neste percurso, além das estações da Ribeira e Calçada, haverá mais as seguintes paragens:

Rua Eng.º Matos (entroncamento), Senradelas (entroncamento para Paredes), Bouça, Mosqueiros, Ponte Nova, Galegos e Sete Pedras.

Entretanto os moradores das freguesias de Guilhufe, Irivo, Paço de Sousa, Urrô e Fonte Arcada, enviaram uma carta à direcção da Companhia do Caminho de Ferro a pedir uma nova paragem no lugar de Piéres de Baixo, na estrada que conduz da estrada nacional para a feira de Coreixas, em virtude de não haver outra paragem que satisfaça as pessoas e os feirantes.

Os povos do sul do concelho de Penafiel, receberam com viva satisfação este grande melhoramento, e são unanimes em tecer fervorosos elogios a todas a todas as pessoas que dedicadamente se interessam pelo seu caminho-de-ferro.

Durante a importante feira do S. Martinho, o pessoal desta companhia teve um enorme e constante serviço, transitando nas linhas diariamente uns 18 comboios.

O serviço foi desempenhado de maneira tal, que não deu motivo a reclamações.

Não se registaram desastres, a despeito das centenas de passageiros que transitaram durante os dias 10 a 18.

São dignos de elogios os srs. Eng.º Ferreira de Lima, que, em automóvel percorreu por vezes a linha, Armando de Souza, chefe do movimento, pelo aturado trabalho que desempenhava no serviço de que é incumbido, Alípio Silva, chefe de via e obras pela sua aturada vigilância na linha, e todo o pessoal de tracção pela maneira correcta e solicita que mostrou nos diferentes serviços que lhe eram destinados.

No domingo das prendas realizou-se os seguintes comboios extraordinários para Penafiel.

Partidas de Lousada, às 7horas, da Longra às 7.10h e da Lixa às 912h. Regresso para a Lixa às 10,20h, 21h e 23,30h.

A casa do despacho e recepção de mercadorias desta Companhia, fica situada na Praça Municipal, e encontra-se aberta todos os dias, das 7,30h às 19 horas, estando esse serviço a cargo do sr. José Mendes, a fim de facilitar o serviço ao público e ser desempenhado com todo o zelo.

No entanto, durante o período em que decorreram as feiras de S. Martinho (entre o dia 10 a 20), mais propriamente no domingo de prendas, 15 de Novembro de 1914, no comboio de mercadorias que chegou à Praça Municipal por volta das 15 horas, em frente do edifício dos correios, rebocado pela máquina “Penafiel”, conduzindo dois vagões de palha trilhada, verificou-se que num deles se tinha apegado o fogo, talvez devido a alguma faúlha da máquina. 



Parado ali o vagão, foi dado o sinal de fogo pela torre da Igreja da Misericórdia e repetido por outras, comparecendo imediatamente no local do sinistro a corporação dos Bombeiros Voluntários de Penafiel com bombas e carros de material, sob a direcção do seu comandante, devido a encontrar-se doente o sr. inspector, principiando logo os trabalhos para a extinção do incêndio que pouco depois estava terminado procedendo-se então à descarga de toda a palha e ao rescaldo.

Os vagões com palha vinham consignados ao fornecedor do 3.º Grupo de Companhias da Administração Militar nesta cidade, a quem a Companhia do Caminho de Ferro de Penafiel à Lixa indemnizará dos prejuízos já calculados em cerca de 40 escudos.

No local do incêndio vimos desde o seu começo os srs. José Maria Pinto Monteiro, director da Companhia e Joaquim Monteiro, guarda-livros. Mais tarde compareceram os srs. Francisco Ferreira Lima e Armando Sousa, engenheiro e chefe do movimento da referida Companhia.

O sr. Joaquim da Cunha Thomé, conceituado negociante desta cidade, auxiliou muito a extinção do incendio, com uma bomba de mão Jauk, que possui.

Toda a palha inutilizada foi arrematada pela quantia de 10 escudos pelo sr. Manoel da Rocha Barboza e António Ferraz da Silva.


E pronto, foi no último dia de S. Martinho de 1914, que o comboio chegou à Calçada (Oldrões), no entanto, neste mesmo ano de 1914, a Companhia expandiu as suas linhas, chegando no dia 7 de Maio a Felgueiras e no sábado de 5 de Setembro à Vila da Lixa.

Era o progresso, e talvez o maior investimento privado feito no Vale de Sousa, até aos dias de hoje.

2 Comments:

Blogger Luis Coimbra said...

Progresso!!!

4:18 da tarde  
Blogger Luis Coimbra said...

Isto era progresso!
Hoje, fecham as estações, os ramais e as linhas. É a desertificação do interior que acaba por arrastar a população para o litoral.
Pois é, mas naquele tempo não tínhamos Cavacos, Mário Soares, Sócrates, Portas e Coelhos!!!
Se fizessem BPNs, BES, iam logo presos. Agora são promovidos a ministros e presidentes...

HAJA VERGONHA!!!

4:19 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home