DE PERAFITA À CIDADE
DE PERAFITA À CIDADE
A casinha pequena do lado direito da foto, é o depósito de água para abastecer a cidade. |
Em Março de 1945,
andavam em bom ritmo as obras nas minas de Perafita, com vista ao abastecimento
de água à cidade de Penafiel.
Um grupo com cerca de
setenta homens chefiados pelo fiscal técnico da Câmara sr. Manuel Lopes
Gonçalves de Amorim, trabalhavam diariamente não só nas minas como na abertura
da rôta, onde iam assentar a canalização numa extensão de 4.422 m, unindo
Perafita ao depósito situado no monte do Sameiro (nas traseiras do Hotel
Penahotel).
A tubagem e seu
assento, foi fornecida e executada pela Companhia Mercantil Portuguesa
(Lusalite), por 736.447$85.
A água jorra
abundantemente pelas três minas abertas, e procede-se ao revestimento das
galerias, para melhor e mais eficiente captação. Este trabalho foi orçado em
540 contos.
Às 17 horas de cada
dia, o capataz José Maria dá o sinal aos trabalhadores para arrearem.
Segundo medição, o
caudal será na ordem dos 500 metros cúbicos dia.
Assim, em 1945, a água
chegava a Penafiel, embora a maior parte das casas não estavam preparadas para
a receberem dentro de portas.
A Câmara resolveu
canalizar a mesma para os três fontanários existentes na urbe (Largo do
Município, Matriz e Largo da Ajuda), abastecendo os respectivos moradores
dessas zonas em horários diferentes.
Tanque situado junto à Igreja Matriz. |
No dia 20 de Novembro
de 1945, pelas 13 horas, o sr. Presidente da Câmara Padre Carlos Pereira
Soares, acompanhado pelo Chefe da Secretaria Fernando Correia Bastos e o
vereador Tenente António Carvalho Sampaio, assistiram à inauguração da chegada
da água potável ao tanque situado no Largo da Matriz, juntando-se na altura
muitos moradores da Matriz, Rua do Sacramento, Rua do Carmo e Rua Direita.
No acto da abertura da
água. Foram lançados muitos foguetes, ouvindo-se muitos vivas ao Estado Novo, e
à Câmara de Penafiel, repetindo-se a mesma cena em Janeiro de 1946 na chegada
do precioso líquido ao fontanário da Ajuda.
Fontanário da Ajuda já desaparecido |
Ainda não descortinei a
data da chegada ao fontanário da Misericórdia mas em 1963, já tinha
desaparecido o tanque para dar lugar à carranca que hoje existe.
Com o desenvolvimento
que se vinha a notar nessa época, a água pouco a pouco foi chegando às
torneiras de todas as casas perdendo estes fontanários a sua importância e utilidade,
tendo o da Ajuda desaparecido, o da Misericórdia deu ligar a uma carranca com
uma bica e o da Matriz foi enquadrado com o casario.
Nesta foto de 1963, já o grande tanque em pedra tinha desaparecido, e o Pelourinho recuado para este recanto. |
No da Matriz lê-se numa
pedra hexagonal a data 1833, talvez a data da construção do primitivo tanque,
pois segundo Coriolano de Freitas Beça, no seu livro Penafiel Hontem e Hoje, na
página 58 diz o seguinte sobre os tanques que existiam na Vila Arrifana de
Sousa:
Todos os penafidelenses
que tiveram o privilégio de beber água de Perafita, sabem que a mesma se fosse
engarrafada e vendida por esse Portugal fora, não ficaria atrás de quaisquer
outras marcas que por aí andam.
É pena não estarmos a
explorar esse filão que dispomos na nossa terra, e que nos tempos que correm,
daria emprego a alguns desempregados.
Enfim, isto sou eu a
falar com os meus botões, no tempo do usar e deitar fora.
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