19 janeiro 2014

AFASTA DE MIM ESSE CÁLICE



AFASTA DE MIM ESSE CÁLICE

Chico Buarque e Gilberto Gil

No ano de 1973, em plena ditadura militar brasileira, encabeçada pelo Marechal Castelo Branco, Chico Buarque e Gilberto Gil, escrevem uma canção com o título “Cálice”.

A letra da canção, faz uma analogia entre a Paixão de Cristo, e o sofrimento vivido pela população brasileira aterrorizada.

No poema, há várias citações como estas duas que passo a citar:

“Afasta de mim esse cálice, Pai”.

Aparece como uma súplica para o Pai, afastar esse cálice, isto é, a censura imposta pela ditadura.

“Na arquibancada para a qualquer momento / ver emergir o monstro da Lagoa”.

O monstro é Rodrigo de Freitas, um dos responsáveis pela repressão e que morava no bairro da Lagoa, e que aos domingos costumava ir ao Maracanã assistir aos jogos de futebol.

Claro está que a letra não passou na censura, mas devido à juventude rebelde de ambos, Chico Buarque e Gilberto Gil, acabam por cantá-la em palco, com a letra tartamudeada e a palavra cálice em pronúncia brasileira a resultar num cale-se!

Nada melhor do que ouvirmos as duas versões de Cálice, primeiramente a censurada interpretada por Gilberto Gil e Chico Buarque, e a segunda gravada mais tarde já em liberdade por Milton Nascimento e Chico Buarque, para termos a noção como esta gente escrevia nas entrelinhas, mas nem sempre conseguia fintar a censura.




- Bom domingo!