ESCOLA ANTÓNIO PEREIRA DE CASTRO
INAUGURAÇÃO
DA ESCOLA PRIMÁRIA
ANTÓNIO
PEREIRA DE CASTRO
Fachada da Escola António Pereira de Castro |
O 4 de Março de 1934,
foi um dia memorável para o ensino no Concelho de Penafiel.
Tomem nota:
Neste dia visitaram
Penafiel o Ministro das Obras Públicas e Comunicações, Eng,º Duarte Pacheco, o
Ministro do Interior, Capitão Gomes Pereira e o Ministro da Instrução Pública,
Dr. Sousa Pinto, e foram inauguradas 12
escolas, 2 estradas, 62 fontanários e bebedouros e foi lançada a 1.ª pedra da ponte sobre o Rio Tâmega na freguesia de
Abragão, que uniria os concelhos de Penafiel ao Marco de Canaveses.
Do programa constava o
seguinte:
Hoje apenas me vou
debruçar sobre os dois primeiros pontos, ou seja da recepção e tomada de posse
da Comissão Concelhia da União Nacional, e da inauguração da escola António
Pereira de Castro.
Os ilustres visitantes
e respectivas comitivas, foram aguardados junto à ponte que liga Paredes a
Penafiel, pelas entidades locais, Bombeiros Voluntários de Penafiel e de
Entre-os-Rios, e muito povo.
À chegada dos
automóveis, estrelejaram foguetes e o povo irrompeu numa calorosa ovação.
Os Ministros apearam-se
e receberam os cumprimentos protocolares, após os quais, rumaram de novo aos
seus lugares e seguiram para o coração da cidade.
Aqui os aguardava nova
e carinhosa manifestação. Ao longo das ruas, milhares de crianças das escolas
do concelho, acenavam com pequenas bandeiras brancas tendo no centro as armas
da cidade. Muitos prédios ostentavam ricas colchas de damasco.
Sessão Solene nos Paços
do Concelho. No salão nobre formou-se a mesa de honra, presidida pelo Ministro
do Interior Capitão Gomes Pereira.
À sua direita ficou o
Eng.º Duarte Pacheco, Ministro das Obras Públicas e Comunicação, Dr. Herculano
Jorge Ferreira, Governador Civil do Distrito do Porto, Dr. Alfredo de
Magalhães, presidente da comissão distrital da União Nacional.
À sua esquerda, o Sr.
Dr. Sousa Pinto, Ministro da Instrução Pública, Brigadeiro Azevedo, Comandante
da 1.ª Região Militar, Coronel Barbeitos Pinto, Comandante Militar de Penafiel,
Coronel Gil Iglésias, Comandante do Regimento de Infantaria 6, Adriano
Rodrigues, reitor da Universidade do Porto, Arquitecto Baltazar de Castro,
director do Norte dos Edifícios e Monumentos Nacionais, que representa o
director geral.
O Presidente da Câmara
de Penafiel, Capitão Arrochela Lobo, começou por saudar os representantes do
governo com grande satisfação, ao mesmo tempo também agradecer os altos
benefícios que o Estado Novo prestou a todo o Concelho de Penafiel.
No final foca a acção
do governo, pondo em plano de destaque a figura inconfundível do Sr. Dr.
Oliveira Salazar, que apresenta como expoente máximo do valor da raça
portuguesa.
Dirigiu-se depois ao
Dr. Herculano Ferreira e significa-lhe também a gratidão de todo o concelho,
traduzido no apoio que deu à câmara, sem o qual nada se poderia ter feito.
Igual agradecimento ao
Sr. Dr. Alfredo de Magalhães, pondo em destaque a sua personalidade de homem de
bem e de rara inteligência.
Refere-se depois à Comissão
Concelhia da U.N., afirmando que ela era constituída por individualidades, que
acima dos seus interesses põem os interesses da Nação e do bem geral.
São homens
desinteressados, garanto-o. É assim que devem constituir-se todas as Comissões
da U.N..
Pessoas
que sirvam o País, e não se sirvam dele.
Fez depois o elogio do
Sr. Dr. Avelino Soares, que preside à Comissão Concelhia da U.N.
Ao terminar este
improvisado mas eloquente discurso, foi muito ovacionado.
Seguidamente o Sr.
Fernando Sá Reis, leu o auto da posse da Comissão Concelhia da União Nacional,
sendo o presidente Dr. Avelino Soares.
Terminada a sessão
solene, os ministros do Interior, das Obras Públicas e da Instrução, aclamados
sempre por uma multidão enorme e entusiástica, dirigiram-se a pé, para o
grandioso edifício da Escola Central Feminina “António Pereira de Castro”.
As crianças das escolas
primárias deste concelho, receberam os ministros com flores, e entoaram em
coro, o Hino Nacional.
Em 1912 o benemérito
que deu o nome à Escola legou À Câmara 10 contos de réis, com a condição de
construir uma escola.
No Diário do Governo,
de 12 de Abril de 1916, publicava a construção desta Escola António Pereira de
Castro, tendo o estado contribuído com 4.000 escudos, para a obra.
Esta resolução final
deveu-se ao trabalho do deputado do Círculo de Penafiel Dr. Eduardo de Sousa e
do vereador José Pereira Mendes Leal.
Em nome do professorado
primário desta região, o Sr. Adriano Pais Neto improvisou um breve discurso,
para agradecer aos representantes do Governo e às autoridades administrativas
de Penafiel os favores despendidos para o desenvolvimento da instrução popular,
como valiosos colaboradores da patriótica cruzada com o analfabetismo em terras
de Portugal.
O Ministro da
Instrução, Dr. Sousa Pinto, inaugurando a nova escola, descerrou um artístico
painel em azulejos (que ainda hoje existe), no qual se lê a par das disposições
testamentárias do seu insigne patrono, a seguinte legenda:
“Sob o Governo da
Ditadura Nacional e com o auxílio do Estado e do Município, se cumpriu vinte
anos depois a última vontade do benemérito testador. Em quatro de Março de
1934, com a presença dos Ministros do Interior, das Obras Públicas e da
Instrução, foi inaugurada solenemente esta e mais onze escolas”
Como se pode ver, o
regime não tinha problema nenhum, em assumir-se como uma ditadura.
Também neste tempo, os
penafidelenses tinham a convicção, que com a ajuda do Poder Central, a nossa
boa-vontade e sacrifício, e a tenacidade, competência e dedicação do Ilustre
Presidente da Câmara, Sr. Capitão Arrochela Lobo, tudo se conseguia.
Por muito que nos custe
a aceitar, todos estes adjectivos colados ao Presidente da Câmara Sr. Capitão
Arrochela Lobo, não assentam no perfil dos actuais, pois não é por acaso que
nessa época, várias foram as eloquentes e justíssimas homenagens prestadas ao
Presidente…. Os penafidelenses lá sabiam porquê?
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home