PADRES CUNHA

HOMENAGEM AOS PADRES CUNHA

O calendário marca 15 de Agosto de 2013, dia de Nossa Senhora da Assunção. Tal como há 45 anos, os Padres Cunha, José e Afonso, subiram a escadaria da Igreja Matriz de Penafiel, para celebrarem a Santa Missa do meio-dia, e ao mesmo tempo, comemorarem o seu 45.º aniversário de sacerdócio.

Uma passadeira de flores unia a Casa da Sagrada Família e a Igreja Matriz. Antes dos degraus da Igreja, podia-se ler em flores Padres Cunha 45 anos.

Este percurso percorrido a pé pelos Padres Cunha, teve como guarda de honra a Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Penafiel e o Agrupamento de Escuteiros de Penafiel.

Como sinal de gratidão aos Padres Cunha, os penafidelenses encheram com a sua presença a Igreja Matriz.

No final da Eucaristia, cantou-se os parabéns aos Padres Cunha, ao mesmo tempo que muitas bandeiras com os padres Cunhas estampados eram agitadas. 

A todos quanto estiveram por detrás desta organização, podem sorrir de satisfação e alegria, pois parafraseando Chico Buarque “Foi bonita a Festa Pá”.

Quarenta e cinco anos atrás, ou seja, em 1968, neste mesmo dia os Padres Cunha celebraram a Missa Nova nesta mesma igreja em Penafiel, e a imprensa local, relatou este acontecimento da seguinte maneira. 

No jornal O Penafidelense de 27 de Agosto de 1968, com o título Missas Novas em Penafiel, dizia o seguinte:

Realizou-se no passado dia 15 do corrente, na Igreja Matriz desta cidade, a concelebração da Missa Nova dos Padres José e Afonso da Cunha.

Os novos presbíteros, naturais desta cidade, filhos da sr.a D. Maria da Conceição Cunha e do nosso amigo sr. António Duarte da Cunha, foram recentemente ordenados em Carcavelos, Lisboa, pelo Arcebispo Resignatário de Luanda. 

As cerimónias da Missa Nova tiveram início às 16 horas, com a presença de numerosos membros do clero, que serviram de acólitos, altas individualidades locais e numeroso povo. 

Depois dos actos litúrgicos, teve lugar um magnífico copo de água que foi servido no também magnífico pátio no Colégio de Nossa Senhora do Carmo.

Aos brindes falaram os sr.s Padre Agostinho da Silva, Prior de S. Domingos de Rana, Lisboa, Padre António dos Santos Moreira, sobrinho do sr. D. Moysés Alves de Pinho, Arcebispo Resignatário de Luanda, Fernando Lomba, Padre Albano Ferreira de Almeida, Vigário da Vara e Sargento António de Faria que enalteceram a figura do sacerdote em geral e, em particular, as pessoas dos novos presbíteros, ricos de qualidades humanas e sobrenaturais.

No final, os neo-sacerdotes agradeceram as amabilidades de todos, sem esquecer o povo de Penafiel, que gostosamente se associou a esta festa, entapetando as ruas com pétalas de flores me ornamentando as janelas com colchas de lindas cores. 

Tomou parte no cortejo que conduziu os novos Padres desde a sua residência à Igreja Matriz, a Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Entre-os-Rios, que assim trouxe mais animação a este cerimonial já de si altamente significativo.

“O Penafidelense” felicita os novos Padres, nossos conterrâneos, desejando-lhe um fecundo apostolado. 

“O Tempo” no domingo de 15 de Setembro de 1968, com o título “Rescaldo de uma festa” noticiava este acontecimento da seguinte forma:

No passado dia 15 de Agosto, dia de Assunção de Nossa Senhora, celebraram a sua Missa Nova na Igreja Matriz desta cidade, os Padres José e Afonso da Cunha, filhos do nosso amigo sr. Duarte da Cunha e de sua excelentíssima esposa sr.a D. Maria da Conceição Cunha.

Dois irmãos, dois gémeos, duas inteligências, que abraçaram com a mesma vontade, o mesmo brilho, a sua carreira religiosa.

Foram ordenados recentemente em Carcavelos, Lisboa, pelo Arcebispo Resignatário de Luanda, cerimónia que assistiram seus Pais e pessoas amigas.

Os penafidelenses manifestaram claramente a sua alegria pelo acontecimento raro e talvez único, que jamais se repetirá na história da nossa terra.

Não podemos deixar de registar nas colunas do nosso jornal este facto, a todos os títulos honroso e enaltecer o valor destes jovens sacerdotes, naturais de Penafiel, de quem a Igreja muito tem a esperar.

Da residência dos sr.s padres até à igreja onde iam efectuar-se as cerimónias da Missa Nova, todas as janelas ostentavam garridas colchas e nas ruas estendia-se artística passadeira, construída por pessoas amigas da família Cunha.

Finda a parte religiosa, que teve lugar às 16 horas, foi servido ao elevado número de convidados um fino copo de água nas dependências do velho Colégio do Carmo.

Aos distintos padres e seus pais apresentamos sinceros parabéns, e agradecemos o convite com que nos distinguiram. 

No Notícias de Penafiel, de 23 de Agosto de 1968, com o título “Missa Nova”, rezava assim:

Foi mais um dia grande para a nossa terra o da passada quinta-feira, dia 15 de Agosto, Assunção de Nossa Senhora.

Grande em tudo. E, como notícia, pode dizer-se sensacional.

Dificilmente se repetirá e não deve ter precedentes um facto idêntico.

Dois irmãos gémeos, tocados pela mão de Deus e vivendo o mesmo sentimento, deram-nos a alegria da sua Missa Nova na Nossa Igreja Matriz.

O nosso bom povo, bairrista e crente, desdobrou-se em esforços e construiu uma passadeira de casa dos pais dos neo-sacerdotes, sr.a D Maria da Conceição Cunha e sr. António Duarte da Cunha, até à Igreja Matriz enquanto as varandas e janelas ostentavam colchas e colgaduras à passagem do cortejo.

A Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Entre-os Rios emprestou ao cortejo, que então se promoveu, um ar de festa que a todos encantou.

A Velha Igreja do Espírito Santo, Monumento Nacional, hoje de invocação de S. Martinho, recebeu no seu seio dois jovens da Congregação do Espírito Santo, ficou repleta até não poder ser mais, de fiéis que participaram na Concelebração da Missa Nova.

Eram 16 horas.

Hora marcada e praticamente cumprida para o início da Santa Missa. 

Os cânticos foram entoados pela grande maioria dos participantes e à Elevação a fanfarra tocou um hino apropriado. Momento vivo de Cristo Vivo no sacrifício do altar e de viva comoção para de toda a assembleia.

Depois a Comunhão e no final o beija-mão foi um nunca acabar…

Eram milhares de pessoas de todas as categorias sociais do nosso meio que queriam testemunhar, com a sua presença, o sincero agradecimento pela alegria, que nos deram os novos Padres.

No final, foram distribuídas estampas comemorativas deste acto e não podemos deixar de transcrever aqui a legenda nelas incerta: “ E O PÃO A QUEM TEM FOME IDE LEVAR”.

Sim, o Pão a quem tem fome… o pão espiritual e saboroso será, sem dúvida, levado a quem tem fome pelos jovens Padres José e Afonso da Cunha. 

- Depois, no recreio do velhinho Colégio de Nossa Senhora do Carmo foi oferecido a dezenas de convidados, num convívio familiar, um magnífico copo de água que serviu para diversos oradores tecerem o elogio dos neo-sacerdotes e felicitarem os pais por tão grande graça terem recebido de Deus.

“Notícias de Penafiel”, agradece o convite que lhe foi endereçado e espera dos Padres José e Afonso Cunha um apostolado fecundo e que os caminhos cheios de escolhos que se lhe vão deparar sejam percorridos com aquele espírito de quem pretende levar, de facto, “O PÃO A QUEM TEM FOME”.

Nesse tempo, os pais dos Padres Cunha, viviam na Rua Alfredo Pereira, pelo que a passadeira se estendia desde esta rua, Largo da Ajuda, Rua do Paço até ao final da Rua Direita ou melhor dizendo, até à Igreja Matriz de Penafiel.

Quando era miúdo, e se ouvia os sinos do Santuário da Nossa Senhora da Piedade e Santos Passos, logo a minha mãe me dizia:

- Estão cá os “Padres Cunha”.

Pois eram dos poucos senão os únicos que se aventuravam a mexer no teclado do carrilhão.

Mais tarde, percorriam centenas de quilómetros, para entrarem em nossas casas na visita Pascal, à frente do compasso. 

Hoje, são estas pequenas grandes coisas que me vêm à memória, e deste modo quero enviar-lhes os parabéns, através desta minha singela homenagem aos Padres José e Afonso da Cunha.