ALEXANDRE O’NEIL
ALEXANDRE O’NEIL
De seu nome
completo, Alexandre Manuel Vahia de Castro O’Neill de Bulhões, vulgo Alexandre
O’Neill, nasceu em Lisboa no dia 19 de Dezembro de 1924, e morreu no dia 21 de
Agosto de 1986, com sessenta e um anos e estava internado desde 16 de Abril, na
sequência de um acidente vascular cerebral.
Poeta caixadòclos,
esticalarica que se vê considerava-se o maior dos poetas menores,
asmático, uma vida permanentemente vivida na corda bamba, um eterno cultor do
lugar-comum.
Deixou bem
vincado que a morte é uma fuga definitiva a todas as chatices, e, aos 30 anos escreveu para si o
seguinte epitáfio:
Aqui jaz
Alexandre O’Neill
um homem que
dormiu
muito pouco
Bem mercia
isto
Quando eu
era criança, andavam pelas ruas da cidade muitos homens e mulheres com o saco
às costas, apanhar ferro velho, vidro e papel, que vendiam ao Sr. Manuel
(Manco), sucateiro na Rua do Carmo.
Eram
conhecidos pelos homens do saco.
Nada que se
compare a estes grandes sucateiros que oferecem caixas de robalos a ministros e
secretários de estado, nem a uns sacos azuis que para aí andam, com muito
“arame”.
Quando
fazíamos birra para comer a sopa, lá vinha a ameaça do homem do saco que nos
levava, pelo que estas pessoas eram mal-amadas pelos miúdos.
Apesar
disso, crescemos e não só nos deixaram de meter medo, como começamos a gostar
do poema de Alexandre O’Neil “O Ferro Velho”, adaptado a canção pelo Catalão Joan
Manuel Serrat, e em fado canção por Carlos do Carmo.
Os lusitanos
que me desculpem, mas gosto mais da canção na voz de Joan Manuel Serrat, do que
do fado na voz de Carlos do Carmo.
Aqui ficam
as duas versões, e o poema para trautearem à vossa maneira.
O ferro-velho
Sempre de
manhã,
com chuva o com sol,
mesmo com frio ou nevoeiro,
de ruela em ruela,
ouvíamos gritar:
"Mulheres, chegou o ferro-velho!"
Todas as manhãs
te víamos chegar...
com um grande saco as costas,
um charuto apagado,
o fato esfarrapado,
a boina e as alpargatas.
E sempre, sempre seguido
pela canalha miúda.
Eras a grande atracção.
Tu, o teu saco e a canção.
Sou o ferro-velho,
compro garrafas, papéis,
compro trapos, roupa usada,
guarda-chuvas, móveis velhos...
Sou o ferro-velho,
os miúdos gritam e cantam.
"Mau, já começo a chatear-me.
Não lhes disse a vossa mãe
que eu sou o homem do saco?"
E até à noite assim,
de ruela em ruela,
e de taverna em taverna.
Com os teus papéis
encharcado em vinho,
voltarás à tua casa.
E voltas feliz,
porque todo compraste:
o peixe, o vinho, uma vela.
E o pouco de amor
que te deve ter dado
qualquer rameira velha.
Sem tempo para pensar.
Toca a dormir. Sopra a vela.
E amanhã pelo mundo girar
tu, teu saco e a canção...
com chuva o com sol,
mesmo com frio ou nevoeiro,
de ruela em ruela,
ouvíamos gritar:
"Mulheres, chegou o ferro-velho!"
Todas as manhãs
te víamos chegar...
com um grande saco as costas,
um charuto apagado,
o fato esfarrapado,
a boina e as alpargatas.
E sempre, sempre seguido
pela canalha miúda.
Eras a grande atracção.
Tu, o teu saco e a canção.
Sou o ferro-velho,
compro garrafas, papéis,
compro trapos, roupa usada,
guarda-chuvas, móveis velhos...
Sou o ferro-velho,
os miúdos gritam e cantam.
"Mau, já começo a chatear-me.
Não lhes disse a vossa mãe
que eu sou o homem do saco?"
E até à noite assim,
de ruela em ruela,
e de taverna em taverna.
Com os teus papéis
encharcado em vinho,
voltarás à tua casa.
E voltas feliz,
porque todo compraste:
o peixe, o vinho, uma vela.
E o pouco de amor
que te deve ter dado
qualquer rameira velha.
Sem tempo para pensar.
Toca a dormir. Sopra a vela.
E amanhã pelo mundo girar
tu, teu saco e a canção...
- Bom
domingo!
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