10 fevereiro 2013

SER SOLIDÁRIO



SER SOLIDÁRIO

Capa do LP duplo do  Ser Solidário

A seguir ao 25 de Novembro de 1975, o país lentamente foi virando à direita.

O xuxialismo foi metido na gaveta, a reforma agrária acabou, e a metalo-mecânica fechou portas ou foi vendida ao estrangeiro, as pescas levaram também a sua machadada, tornando-se Portugal num país subsídio-dependente.

Claro que neste contexto político, os cantores de intervenção não podiam ficar de fora. As rádios deixaram de os passar, as televisões esqueceram-nos, as editoras deixaram de os editar, a música pimba subiu ao pódio.

Um destes casos passou-se com o duplo LP “Ser Solidário”, em que as editoras discográficas, continuavam a ignorar a existência do cantor e compositor José Mário Branco.

Apesar do valor reconhecido do cantor, nenhuma editora apostou na gravação deste disco, tendo José Mário Branco optado por uma edição de autor. 

Cheque-disco vendido para financiar a gravação

Por razões de ordem financeira, foram vendidos cheques discos, no valor de 500$00 cada, que no final de cada apresentação ao vivo do “Ser Solidário” eram vendidos. Assim foi juntando dinheiro para custear a gravação do disco, que juntamente com o Maduro Maio de José Afonso, e do “Por Este Rio Acima” do Fausto, são para mim os três melhores discos da música popular portuguesa feitos até aos dias de hoje.

Comprei o meu cheque-disco que era o N.º 344, no dia 19 de Dezembro de 1980, e só recebi o disco no dia 3 de Junho de 1982.

Capa do disco FMI

Para compensar toda esta espera de tempo, e a confiança depositada no seu autor, José Mário Branco, ofereceu-me o célebre F.M.I., obra síntese do movimento revolucionário português com seus sonhos e desencantos.

José Mário Branco actuou em Penafiel, no dia 4 de Junho de 2005, juntamente com Tino Flores e Francisco Fanhais, num concerto de solidariedade realizado no pavilhão de exposições, cuja receita revertia para o Barracão de Cultura de Macieira da Lixa, obra levada a cabo pela Associação Cultural e Recreativa “AS FORMIGAS DE MACIEIRA”, tendo como mentor o Padre Mário de Oliveira.

José Mário Branco - Francisco Fanhais e Tino Flores em Penafiel

Para este concerto, como canta José Mário Branco …
Eu vim de longe.




Bom domingo!