SER SOLIDÁRIO
SER
SOLIDÁRIO
Capa do LP duplo do Ser Solidário |
A seguir ao 25 de
Novembro de 1975, o país lentamente foi virando à direita.
O xuxialismo foi
metido na gaveta, a reforma agrária acabou, e a metalo-mecânica fechou portas
ou foi vendida ao estrangeiro, as pescas levaram também a sua machadada,
tornando-se Portugal num país subsídio-dependente.
Claro que neste
contexto político, os cantores de intervenção não podiam ficar de fora. As
rádios deixaram de os passar, as televisões esqueceram-nos, as editoras
deixaram de os editar, a música pimba subiu ao pódio.
Um destes casos
passou-se com o duplo LP “Ser Solidário”, em que as editoras discográficas,
continuavam a ignorar a existência do cantor e compositor José Mário Branco.
Apesar do valor
reconhecido do cantor, nenhuma editora apostou na gravação deste disco, tendo
José Mário Branco optado por uma edição de autor.
Cheque-disco vendido para financiar a gravação |
Por razões de ordem
financeira, foram vendidos cheques discos, no valor de 500$00 cada, que no
final de cada apresentação ao vivo do “Ser Solidário” eram vendidos. Assim foi
juntando dinheiro para custear a gravação do disco, que juntamente com o Maduro
Maio de José Afonso, e do “Por Este Rio Acima” do Fausto, são para mim os três
melhores discos da música popular portuguesa feitos até aos dias de hoje.
Comprei o meu
cheque-disco que era o N.º 344, no dia 19 de Dezembro de 1980, e só recebi o
disco no dia 3 de Junho de 1982.
Capa do disco FMI |
Para compensar toda esta
espera de tempo, e a confiança depositada no seu autor, José Mário Branco,
ofereceu-me o célebre F.M.I., obra síntese do movimento revolucionário
português com seus sonhos e desencantos.
José Mário Branco
actuou em Penafiel, no dia 4 de Junho de 2005, juntamente com Tino Flores e
Francisco Fanhais, num concerto de solidariedade realizado no pavilhão de
exposições, cuja receita revertia para o Barracão de Cultura de Macieira da
Lixa, obra levada a cabo pela Associação Cultural e Recreativa “AS FORMIGAS DE
MACIEIRA”, tendo como mentor o Padre Mário de Oliveira.
José Mário Branco - Francisco Fanhais e Tino Flores em Penafiel |
Para este concerto,
como canta José Mário Branco …
Eu
vim de longe.
Bom domingo!
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