22 janeiro 2013

O COLÉGIO E A ESCOLA INDUSTRIAL



O COLÉGIO E A ESCOLA INDUSTRIAL

Colégio de Nossa Senhora do Carmo, na Rua do Paço.

Nos anos 60 do século passado, em Penafiel, havia dois estabelecimentos de ensino secundário.

Um era o Colégio do Carmo e o outro, a Escola Industrial de Penafiel, que abriu as suas portas pela primeira vez no dia 9 de Outubro de 1961.

Edifício onde nasceu a Escola Industrial de Penafiel

Entre estes dois estabelecimentos, havia uma linha imaginária que os separava.

De um lado estavam as famílias com mais posses monetárias que colocavam os seus filhos no Colégio do Carmo, que leccionava na Rua do Paço onde actualmente está instalado o Museu Municipal de Penafiel, e as famílias menos adinheiradas que optavam pela Escola Industrial que funcionava onde hoje está instalada a Escola Secundária de Penafiel, junto ao jardim do Sameiro. 

Por estas e por outras, é que o ensino técnico era olhado como o parente pobre da educação.

Isto para não falar daqueles que acabando a 4.ª classe, entravam directamente na universidade da vida, aprendendo a arte, à base do pontapé e bofetão.

Portugal nesta década de sessenta, estava numa fase de industrialização crescente, que nos tirava cada vez mais, da dependência do exterior. 

Nestes anos foram criadas indústrias metalo-mecânicas como a Lisnave, e até a Siderurgia Nacional, que hoje nada disso temos, ou porque as mesmas foram desactivadas ou vendidas a grupos económicos estrangeiros.

Mas voltando ao assunto que me traz aqui, a Escola Industrial, era olhada e tida com desdém, e por vezes o seu ensino achincalhada, como foi no 19.º Quadro da Revista Roda Livre, levada à cena em 1961, escrito pelo Professor Albano Morais, cuja cantilena rezava assim:

Coro
Olha a escola industrial
Prantada lá p’ró Smeiro,
Criou-se e por nosso mal
Não há dinheiro
E assim Penafiel
Tem uma escola só no papel…

I
Anda menina
Isto agora é que vai ser,
Sejas grande ou pequenina,
Loira ou morena
Tens onde aprender
E se a Escola
Não vier a ser inaugurada
Ninguém se rala ou amola,
Vai para o asilo,
P’ra ser enjeitada

II
Disse o jornal
E houve até manifestação
E foram à capital
Os grandes da terra, Numa comissão.
Toma a sacola,
E vai para a ‘scola do Sameiro
Matricula-te na ‘scola
Que só te dá curso
P’ra ser carpinteiro


Felizmente que a Escola Técnica não só deu carpinteiros, e creio que foi o maior erro do ensino neste país, ao ter acabado com este tipo de escolas.

Como se pode ler, os versos por vezes não rimam e a métrica é feita às três pancadas, o que não me admira tratando-se da Escola Industrial, embora o seu autor, tivesse frequentado estabelecimentos de ensino muito mais chiques, onde o Zé ferrugem não entrava.

1 Comments:

Blogger Sam said...

Eu que não sou de Penafiel, aliás, que lá passei dos piores bocados da minha vida, de vez em quando dou uma olhadela ao seu blog para me certificar de que está vivo e atuante. Um destes dias a minha mulher, a olhar sobre o meu ombro para os seus textos, comentou: quando é que ele publica um livro.
É, você não pode ficar atrás do merdas do seu presidente, que não escreve sobre a vossa terra. Olhe escolha aí uns textos, dê-lhes uma sequência adequada e faça um livro para que os vindouros não esqueçam como era noutras eras.
De caminho plante uma árvore e faça mais um filho para ajudar no desígnio nacional de aumentar a natalidade. Ou, pensando melhor, se calhar é melhor plantar duas árvores, excelentes sumidouros de CO2...
Um abraço
Samouco

3:16 da tarde  

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