30 dezembro 2012

RECORDAR AS JANEIRAS



RECORDAR AS JANEIRAS
 

Quem não se lembra daqueles grupos de rapazes e raparigas, que no período do Natal até aos Reis, andavam de porta em porta, acompanhadas ou não de tocadores, a cantarem as Boas-Festas ou as Janeiras como lhe queiram chamar, em troca de uma recompensa.

Como esta quadra natalícia é rica em guloseimas, muitas das vezes, eram presenteados com rabanadas, filhós, formigos em vez de dinheiro.

Havia um do grupo que recolhia todas as dádivas num saco, que no final repartia igualmente por cada um.

Hoje assistimos a estes cantares feitos pelos ranchos folclóricos ou grupo de qualquer associação cultural ou recreativa, com o fito de uma dádiva em euros, e que prolongam estes cantares por vezes até ao meio do mês de Fevereiro. 

Por mais acordes musicais que apresentem, com vozes afinadas, nem de perto nem de longe, têm o espírito das de antigamente.

Para recordar aqui vão algumas quadras:

Boas-festas, boas-festas
Festas de minha alegria
Que nasceu o Deus menino
Filho da Virgem Maria

Por ser véspera de Ano Novo
Vimos cantar as janeiras
É nascido o Deus menino
No jardim das Oliveiras.

Aqui vimos, aqui estamos
Meus senhores bem o sabeis
Vimos dar as boas festas
E também cantar os Reis

Esta casa é bem alta
Forrada a papel e vidro
Viva lá a Senhora ……
Encostada ao seu marido

Viva lá senhor ………
Vestidinho de veludo
Quando meta a mão ao bolso
Seu dinheiro paga tudo

Viva lá senhora ……..
Raminho de salsa crua
Lá aos pés da sua cama
Põe-se o Sol e nasce a Lua.

Quem diremos nós que viva
Na folhinha do codeço
Vivam todos em geral
Que por nome não conheço

Vinde-nos dar as Janeiras
Se no-las houverem de dar
Somos de muito longe
Temos muito para andar

Se por vezes os da casa não davam nada, e nem sequer abriam a porta, lá cantavam:
Nesta casa cheira a unto
Aqui mora algum defunto
Nesta casa cheira a breu
Aqui mora algum judeu.

Ou

Cantemos e recantemos
E voltemos a recantar
Estes barbas de farelo
Não têm nada que nos dar

Quanto aos Reis Magos, lembro-me de uma quadra muito engraçada que dizia assim:

Os três Reis do Oriente
Já passaram em Barcelos
Um calçado, outro descalço
E o Rei preto de chinelos.

Com o nosso crescimento, e olhando bem para os tempos que correm, não é difícil de adivinhar, que o Rei calçado, era o Gaspar, “custe o que custar”. 

Fiquem com o Natal dos Simples de José Afonso.


 


A todos um bom domingo! E um Bom Ano!