RECORDAR AS JANEIRAS
RECORDAR
AS JANEIRAS
Quem não se lembra
daqueles grupos de rapazes e raparigas, que no período do Natal até aos Reis,
andavam de porta em porta, acompanhadas ou não de tocadores, a cantarem as
Boas-Festas ou as Janeiras como lhe queiram chamar, em troca de uma recompensa.
Como esta quadra
natalícia é rica em guloseimas, muitas das vezes, eram presenteados com
rabanadas, filhós, formigos em vez de dinheiro.
Havia um do grupo que
recolhia todas as dádivas num saco, que no final repartia igualmente por cada
um.
Hoje assistimos a estes
cantares feitos pelos ranchos folclóricos ou grupo de qualquer associação
cultural ou recreativa, com o fito de uma dádiva em euros, e que prolongam
estes cantares por vezes até ao meio do mês de Fevereiro.
Por mais acordes
musicais que apresentem, com vozes afinadas, nem de perto nem de longe, têm o
espírito das de antigamente.
Para recordar aqui vão
algumas quadras:
Boas-festas,
boas-festas
Festas
de minha alegria
Que
nasceu o Deus menino
Filho
da Virgem Maria
Por
ser véspera de Ano Novo
Vimos
cantar as janeiras
É
nascido o Deus menino
No
jardim das Oliveiras.
Aqui
vimos, aqui estamos
Meus
senhores bem o sabeis
Vimos
dar as boas festas
E
também cantar os Reis
Esta
casa é bem alta
Forrada
a papel e vidro
Viva
lá a Senhora ……
Encostada
ao seu marido
Viva
lá senhor ………
Vestidinho
de veludo
Quando
meta a mão ao bolso
Seu
dinheiro paga tudo
Viva
lá senhora ……..
Raminho
de salsa crua
Lá
aos pés da sua cama
Põe-se
o Sol e nasce a Lua.
Quem
diremos nós que viva
Na
folhinha do codeço
Vivam
todos em geral
Que
por nome não conheço
Vinde-nos
dar as Janeiras
Se
no-las houverem de dar
Somos
de muito longe
Temos
muito para andar
Se por vezes os da casa não davam nada, e nem sequer
abriam a porta, lá cantavam:
Nesta
casa cheira a unto
Aqui
mora algum defunto
Nesta
casa cheira a breu
Aqui
mora algum judeu.
Ou
Cantemos
e recantemos
E
voltemos a recantar
Estes
barbas de farelo
Não
têm nada que nos dar
Quanto aos Reis Magos, lembro-me de uma quadra muito
engraçada que dizia assim:
Os
três Reis do Oriente
Já
passaram em Barcelos
Um
calçado, outro descalço
E
o Rei preto de chinelos.
Com o nosso
crescimento, e olhando bem para os tempos que correm, não é difícil de
adivinhar, que o Rei calçado, era o Gaspar, “custe o que custar”.
Fiquem com o Natal dos
Simples de José Afonso.
A todos um bom domingo!
E um Bom Ano!
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