O COMBOIO MARAVILHAS
O COMBOIO MARAVILHAS
O Maravilhas subindo Louredo |
O comboio Maravilhas, era uma categoria, e toda a gente gostava dele. Fez precisamente cem anos, no dia onze do mês passado, que começou a dar os seus primeiros passos.
Todos
os dias, mais ou menos à mesma hora lá vinha ele ofegante, a deitar cevada pelo
bico o velho trem.
O fumo enevoava a paisagem e as rodas
deslizavam nos carris soltando um gemido de fadiga e dor mais parecendo um
velho cântico de escravos.
Mal apontava na recta da estação o seu
silvo fazia-se ouvir. Passageiros e bagagens apareciam no cais. O velho Araújo
lá ia com a bandeira debaixo do braço esperar o seu "Maravilhas" como
ele lhe chamava.
Enquanto os passageiros subiam e
tomavam os seus lugares nos bancos de madeira nas carruagens cor de fumo,
mestre Araújo enfia um tubo pelas goelas abaixo do" Maravilhas",
dando-lhe de beber à dor. Por fim tirava do bolso uns trapos e limpava-lhe os
beiços.
Nos campos ouve-se o chilrear dos
pássaros, e as costas dos pedreiros que trabalham na obra ao lado da estação
reluziam ao sol.
O comboio começava a arrastar as botas.
À janela do trem via-se um menino
acenando com a mãozita enquanto a outra segura o chupa-chupa.
Chegada à Praça Municipal |
Hoje já ninguém sabe onde pára o antigo
comboio que subia de Novelas até ao centro da cidade de Penafiel.
Agora sem graça, a nova geração
"Maravilha" passa a toda a velocidade rumo à U.E., mas ao que dizem,
por mais que corra chegará atrasado.
Talvez quem sabe, aquele menino-homem
conte aos seus rebentos as maravilhosas viagens do comboio
"Maravilhas".
Era uma
vez ... ... ... ... ... ... ... ... ... .
Título de Obrigação |
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