CONTA-ME COMO ERA
O
CORPO DE DEUS EM PENAFIEL
A Festa do Corpo de
Deus em Penafiel já foi cabeça de cartaz da região, e tempos houve que até
comboios especiais a C.P. punha a circular fazendo a ligação Porto – Penafiel e
vice-versa.
A única atracção que
actualmente está mais bem organizada, é o cortejo do carneirinho.
Quanto ao espectáculo musical
da véspera foi caindo de qualidade, apostando-se mais na Feira da Agrival, realizada
no mês de Agosto na freguesia de Milhundos, apresentando nos dias que correm,
qualquer freguesia do concelho e não só, um cartaz mais atrativo nas festas em
honra ao seu padroeiro.
No tempo em que não
havia computadores nem playstation, os miúdos da cidade faziam fila para tirar
as medidas para irem de figurantes na procissão. Além de serem muitos mais os
quadros bíblicos que compunham a procissão, até os heróis da nossa história de
Portugal tinham o seu lugar, desde o D. Afonso Henriques, o Infante D.
Henrique, Nuno Álvares Pereira, Mocidade Portuguesa, etc., não vivêssemos nós,
debaixo da trilogia da Educação Nacional: “Deus, Pátria e Família, sendo
notório até nas próprias procissões, a forte ligação do Estado Novo à Igreja.
Anos houve, que na
véspera se realizava uma parada, onde a indústria do concelho e casas
comerciais locais se faziam representar, assim como os estabelecimentos de
ensino. Evidentemente que, os poleirantes actuais desconhecem tudo isto. Uns
porque não são de cá, outros porque são novos demais para terem vivido estas
cousas.
Garagem Egas Moniz |
Garagem Albano Miguel |
Casa da Sagrada Família |
Casa SINGER |
Colégio do Carmo |
Juntamente com os
ranchos folclóricos do concelho de Penafiel, eram contratados grupos
folclóricos de outras regiões, estando-me a lembrar dos Pauliteiros de Miranda,
que actuavam durante o dia nas ruas da cidade, e à noite debaixo do coberto da
Praça do Mercado, num palco aí montado.
Embora nos dissessem
que erámos “a terra melhor do mundo”, “a capital do comércio do Vale do Sousa”,
“que icem bandeiras prateadas ou douradas da mobilidade”, quem nos (des)
governou durante estes anos, nada fez e faz para inverter a desertificação do
miolo da cidade, e sem pessoas temos uma cidade sem alma, descaracterizada, e o
bairrismo do “Sentir Penafiel”, se é que ainda existe, anda ao nível da sola
dos sapatos. E com tanto chão em pedra, até este pouco, vai-se romper num
instante.
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