CARLOS PAREDES
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palcos por essa europa fora e, sem o consentimento da sua editora é
lançado na então RDA um LP intitulado "O Oiro e o Trigo" (de 1980),
que reúne material inédito gravado em 73 e 75. Nesse país já tinha sido lançada
uma compilação do mestre intitulada "Meister der Portugiesischen
Guitarre", em 1977.
1987 –
Espelho de Sons
Surge o LP "Espelho de Sons", o qual entra directamente para o 3º lugar do Top Nacional de vendas de discos.
CARLOS PAREDES
O GÉNIO DA GUITARRA
PORTUGUESA
Carlos Paredes nasceu na cidade de Coimbra a 16
de Fevereiro de 1925, e faleceu em Lisboa a 23 de Julho de 2004.
Foi com seu pai
Artur Paredes, que Carlos Paredes aprendeu as primeiras posições de mão
na guitarra e, por brincadeira, começou com cerca de 9 anos a acompanhar o pai.
Mais tarde, já com 14 anos, apresenta-se em
parceria com Artur Paredes num programa semanal, da autoria deste, na Emissora
nacional.
Por volta de 1934 a família instala-se em Lisboa.
Carlos Paredes aprende a ler e conclui a instrução primária no Jardim-escola
João de Deus e, depois, frequenta o Liceu Passos Manuel. Será nesta altura que
irá adquirir a sua formação musical, tendo aulas de violino e piano. Faz o
exame de admissão ao Curso industrial do Instituto Superior Técnico, em 1943,
mas frequenta apenas o primeiro ano.
No ano de 1949 Carlos Paredes torna-se
funcionário administrativo do Estado, trabalhando durante muitos anos no
arquivo de radiografias do Hospital de S. José, até se reformar a 1 de Novembro
de 1986.
O guitarrista cresceu num ambiente de discreta
resistência e contestação política ao regime salazarista pelo que, em 1958,
aderiu ao então clandestino Partido Comunista Português.
Na manhã de 26 de Setembro desse mesmo ano foi
preso pela PIDE no seu local de trabalho, permaneceu detido por 18 meses e
depois de sair em liberdade foi suspenso do Hospital de S. José, trabalhando
durante alguns anos como delegado de propaganda médica, sendo readmitido a
seguir ao 25 de Abril.
Curiosamente, apesar da perseguição política,
Carlos Paredes foi por diversas vezes convidado a integrar delegações estatais,
actuando, por exemplo, no Festival de Varadero em Cuba, em 1967, na Exposição
Mundial de Osaka, em 1970, ou na Opera de Sidney na Austrália.
Carlos Paredes nunca rejeitou a influência que
recebeu, tanto da música popular portuguesa como do próprio fado de Coimbra. A
renovação e reinvenção da sonoridade da guitarra portuguesa que fez, resultou
duma geração de 60 revitalizada por novos conceitos sócio-culturais, onde
floresciam as vozes de José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Luiz Goes e
António Bernardino, bem como a poesia de Manuel Alegre, a guitarra de António
Portugal e as violas de Rui Pato e Luís Filipe, em suma, toda uma geração
coimbrã que, preservando a riqueza que a antecedia, revolucionou a guitarra por
dentro e cantou valores que a projectaram inevitavelmente no futuro.
Desse gosto pela aventura nasceu uma vasta obra
musical que, passando pelo Teatro, pelo Bailado e pelo Cinema, faz de Carlos
Paredes um dos mais completos compositores / instrumentistas que a guitarra
portuguesa conheceu, apesar de nunca ter optado pela profissionalização.
1962 – Surge a sua primeira aventura
discográfica em nome próprio, o EP "Carlos Paredes". Dois anos antes,
em 1960, tinha composto a música da banda sonora da curta-metragem "Rendas
de Metais Preciosos" realizada por Cândido Costa Pinto. Na execução desta
peça foi acompanhado por Fernando Alvim, começando uma parceria que se prolongaria
por mais de 20 anos.
A sua ligação ao cinema não se ficou por aqui e
para além da música feita para "Os Verdes Anos" (1962), que se tornou
um dos seus ex-libris, e "Mudar de Vida" (1966), do cineasta Paulo
Rocha, ou de "Fado Corrido" (1964), realizado por Jorge Brum do
Canto, regista-se a participação do artista ou da sua música nas
curtas-metragens: "P.X.O" (1962), de Pierre Kast e Jacques Valcroze;
"Crónica do Esforço Perdido" (1966), de António Macedo; "À
Cidade" (1968) e "The Columbus Route (1969), de José Fonseca e Costa;
"Tráfego e Estiva" (1968), de Manuel Guimarães; "Hello
Jim!" (1970), de Augusto Cabrita; e "As Pinturas do Meu Irmão
Júlio" (1965), de Manoel de Oliveira, entre outras.
No teatro destacam-se as colaborações com José
Cardoso Pires, na histórica encenação de Fernando Gusmão para o Teatro Moderno
de Lisboa, em 1964; com Carlos Avilez nas "Bodas de Sangue",
espectáculo do CITAC; e em "A Casa de Bernarda Alba" de Garcia Lorca,
pelo Teatro Experimental de Cascais.
O guitarrista continua a compor músicas para
teatro e cinema, até que no ano de 1971, sai aquela que é unanimemente
considerada a sua obra-prima, o disco "Movimento Perpétuo", que
inclui temas magníficos como "António Marinheiro", "Mudar de
Vida" e o próprio tema que lhe dá o título.
Entre 1971-1977, com o Grupo de Teatro de
Campolide, fez a música para "O Avançado Centro Morreu ao Amanhecer"
de Agustin Cuzzani, e escolheu a banda sonora dos espectáculos seguintes do
grupo.
A nível de Bailado, Vasco Wallenkamp criou em
1982 "Danças para Uma Guitarra", com música de Paredes.
Após o 25 de Abril de 1974, Carlos Paredes faz
parte da banda sonora da Revolução: as primeiras eleições livres (para a
Assembleia Constituinte) são anunciadas diariamente na TV com música de
Paredes.
No ano das eleições (1975), o guitarrista edita
um LP em que toca guitarra, sendo acompanhado por Manuel Alegre (que declama
poemas de sua autoria). Este disco intitula-se "É preciso um País".
Carlos Paredes começa a frequentar alguns dos
grandes
Discografia Portuguesa Álbuns:
1967 – Guitarra Portuguesa
Com
acompanhamento de Fernando Alvim, Guitarra Portuguesa foi registado no
estúdio de Paço de Arcos da Valentim de Carvalho pelo mítico engenheiro de som
Hugo Ribeiro. Distanciando-se da tradição formalista da guitarra de Coimbra,
explorando de modo inspirado a arte da miniatura melódica, Paredes revela-se um
compositor delicado e um instrumentista fulgurante. Depois deste álbum, a
guitarra nunca mais foi a mesma.
1971 – Movimento Perpétuo
Ao
segundo álbum, Carlos Paredes provava que o primeiro não havia sido um acaso.
Movimento Perpétuo era o som de um perfeccionista em controlo absoluto, capaz
de construir delicadas filigranas de improvável sustentação, sem nunca perder
de vista a economia.
1983 - Concerto em Frankfurt
A nova editora de Paredes, após a ruptura
com a Valentim de Carvalho, lança em 1983, um álbum gravado ao vivo em
Frankfurt, que inclui temas inéditos.
1986 – Invenções Livres
É editado o disco “Invenções Livres”, em
dueto com António Vitorino de Almeida, que toca piano.
Surge o LP "Espelho de Sons", o qual entra directamente para o 3º lugar do Top Nacional de vendas de discos.
1989 – Asas Sobre o Mundo
1991 - Dialogues
"Dialogues" - LP e CD Philips É
um dueto com o contrabaixista de Jazz Charlie Haden ("Dialogues"), a
que se seguirá uma participação especial no disco ao vivo dos Madredeus,
gravado em Lisboa no Coliseu dos Recreios.
1996 – Na Corrente
É o seu último disco, "Na
Corrente", quando o genial guitarrista já está impedido pela doença de
participar em espectáculos e de gravar discos. Esta gravação reúne diverso
material inédito.
Antologias
1998 – O Melhor de Carlos Paredes
2000 – Canção para Titi
2002 – Uma Guitarra Com Gente Dentro
Uma Guitarra Com Gente Dentro». O título de uma antologia de
Carlos Paredes.
Este CD mostrar a capacidade de execução e
criação de Carlos Paredes ao longo de toda a sua vasta obra.
2003 – O Mundo segundo Carlos Paredes (Obra
completa de Carlos Paredes)
2010 - A Voz da Guitarra
A última actuação em público de Carlos Paredes
foi em Outubro de 1993, na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa,
acompanhado por Luísa Amaro.
Em Dezembro de 1993 foi-lhe diagnosticado um
grave problema de saúde que o impossibilitava de tocar guitarra e que o manteve
afastado da vida activa até à data do seu falecimento, em 2004.
A sua obra fez escola e assume, na cultura
musical portuguesa, um valor incalculável.
Prémios e Condecorações:
1961 - Prémio da Casa da Imprensa, como Solista
1981 - Prémio da Casa da Imprensa, para Música Ligeira e
Prémio Consagração de Carreira
1984 - Troféu Nova Gente, Troféu Prestígio do Jornal Sete e
Prémio Bordalo da Casa da Imprensa
1987 - Prémio Antena Um
1988 - Prémio Antena Um
1992 - Ordem de Comendador de Santiago e Espada oferecida
pelo Senhor Presidente da República a 10 de Junho.
Deste génio da Guitarra Portuguesa, que pouco se ouve
nas rádios portuguesas, e que dá pelo nome de Carlos Paredes, vamos ficar com
“Movimento Perpétuo”.
- Bom domingo!
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