RUA DO PAÇO
A RUA DO
PAÇO
A RUA QUE
ANTES DE O SER,
JÁ O TINHA
SIDO
Reinava em Portugal o
Rei D. José I, e no governo o Marquês de Pombal.
Este último não se dava
lá muito bem com a Diocese do Porto, e vai tramá-la, passando a 3 de Março de
1770 a vila Arrifana de Sousa a cidade com o nome de Penafiel, e em 21 de Junho
de 1770 cria a Diocese de Penafiel, sendo nomeado Bispo de Penafiel Frei Inácio
de S. Caetano, que pelo sinal nunca cá pôs os pés.
A Catedral do Bispo de
Penafiel, era a actual Igreja da Misericórdia, que nessa época se chamava de
Nossa Senhora e S. José.
O Paço Episcopal era na
parte antiga do prédio onde hoje funciona uma Escola de Enfermagem da
Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário - CESPU .
Com a morte de D. José
I, e a queda do Marquês de Pombal, Frei Inácio de S. Caetano, Bispo de
Penafiel, renuncia ao cargo de que o Papa Pio VI aceita e suprime ao mesmo
tempo a Diocese de Penafiel a 9 de Dezembro de 1778.
Apesar de esta curta
duração da Diocese de Penafiel 1770-1778, em que mesmo o próprio Bispo de
Penafiel, nunca se dignou entrar no seu Paço Episcopal, foi o tempo
suficiente para virar nome de rua, Rua do Paço, que une a Rua Direita ao Largo
da Ajuda.
Neste anúncio assinala antiga Rua do Paço |
Na Sessão de Câmara de
Penafiel de 7 de Abril de 1910, o vereador Coelho da Silva, propôs que à Rua do
Paço se desse o nome do escritor Alexandre Herculano, associando-se assim o
município de Penafiel às comemorações do centenário do nascimento deste grande
historiador, que decorriam em vários pontos do país.
Foto Borges na Rua Alexandre Herculano |
Assim a partir de 1910,
a Rua do Paço passa a ser designada Rua Alexandre Herculano.
E foi assim no ano de
1943, a Rua que já tinha sido do Paço, voltasse de novo a essa designação.
Foto Borges agora na Rua do Paço |
A polémica instala-se
nos jornais locais como no artigo publicado no jornal “O Tempo” de 24 de
Janeiro de 1943 com o título “Porto, tantos de tal” e o subtítulo “Rua do Paço?
Não!”, que a dada altura diz o seguinte:
“... Permitam-nos que publicamente discordemos desta
resolução.
Alexandre Herculano foi e eternamente será um símbolo das
letras portuguesas. Deixou um rasto de tal modo fulgurante, que jamais se
apagará, ainda mesmo que risquem o seu nome das esquinas das ruas.
O Paço é coisa que efemeramente existiu em Penafiel e não
tem possibilidade alguma de voltar a ser instalado: mas, ainda mesmo que fosse,
ainda mesmo que existisse, não era o caso em nossa modesta opinião, para riscar
o nome do grande historiador, alma da literatura portuguesa das paredes duma
rua que há vários decénios o possuía.
Assim diremos: - Rua do Paço? – Não!”
Em resposta a este
texto, foi publicada uma carta no jornal “O Tempo” de 7 de Fevereiro de 1943,
assinada por José Adelino Cabral de Noronha e Meneses.
“Cabe a mim a
responsabilidade de como vereador, ter submetido à apreciação e aprovação da
Ex.ma Câmara deste concelho uma proposta para fazer substituir por Rua do Paço
a designação da rua, até agora conhecida por de Alexandre Herculano.”
Texto da proposta:
“Embora o hábito se tenha encarregado de nos familiarizar
com os nomes que foram dados a determinadas ruas desta cidade, talvez que,
ainda seja oportunidade de pensar-se numa revisão toponímia, não porque se
tenham tornado indignos à nossa consciência os motivos que levaram a adoptá-los
mas porque parece ser corrente com o nosso bairrismo, guardar recordações que
nos são agradáveis e que, poderão concorrer para despertar em nós nos que aqui vem, a curiosidade de procurarem
saber a causa porque, determinada artéria desta cidade tem este ou aquele nome,
curiosidade essa que nos será lisonjeiro satisfazer.
Dentre as diversas ruas da cidade que estão nestas condições,
encontra-se a de Alexandre Herculano.
A história já tomou sobre si o encargo
de consagrar a forte personalidade deste
insigno vulto das letras Pátrias, não sendo, por isso legítimo pensar-se que a
substituição do seu nome, numa rua a que se encontram ligadas recordações que,
a nós penafidelenses é lícito conservarmos bem latentes, concorra para ofuscar
e lançar ao esquecimento a figura daquele grande português, assim tenho a honra
de propor:
- Que a artéria desta cidade que tem o nome de Rua Alexandre
Herculano, passe a designar-se Rua do Paço!”
E assim ficamos a saber
que a Rua do Paço, antes de o ser já o tinha sido.
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