AS ÁRVORES DA NOSSA ESCOLA
AS
ÁRVORES DA NOSSA ESCOLA
As árvores da nossa escola primária, são
centenárias.
Evidentemente que nem
todas sobreviveram à motosserra do “progresso”, mas a maioria delas festejaram
no dia 15 de Março a bonita idade de cem anos, a embelezar o recreio da nossa
escola.
Serviram muitas das
vezes de balizas em jogos de futebol organizados pela malta, como paisagem para
a foto das classes com os respectivos professores, quantas das vezes graças a
elas fintamos os nossos amigos que nos queriam agarrar naquelas correrias de
brincadeira, para além das sombras que nos proporcionavam nos dias quentes de
Verão, enquanto saboreávamos o lanche, que muitas das vezes não passava de um
quarto de sêmea comprada com cinco tostões, no Jerónimo da padaria.
Equipa de futebol. Foto cedida por Beça Moreira |
Durante a 1.ª República
Portuguesa (5 de Outubro de 1910 a 28 de Maio de 1928), era costume realizar-se
a nível nacional a Festa da Árvore.
Assim, no domingo, 15
de Março de 1914, na cidade de Penafiel, com todo o brilho e entusiasmo, os
professores das Escolas Centrais, auxiliados pelo hábil e inteligente chefe da
banda de infantaria, sr. Baltazar Falcão, não se pouparam a esforços para que a
Festa da Árvore fosse um êxito.
Ás 10h 30m deu-se
início à sessão solene, que foi aberta pelo zeloso professor regente sr. Belmiro
Nogueira Xavier, que agradeceu a presença de todos os convidados e a sua
cooperação nesta festa, dando de seguida a presidência ao sr. Major Silva, que
representava o comandante do regimento de infantaria 32.
Sua excelência
agradeceu o honroso cargo, e convidou para o secretariar o sr. dr. António
Guedes Pereira, valioso amigo da instrução popular e o Presidente da Junta de
Freguesia de Penafiel, o sr. António Abrantes Ferreira.
Tomando a palavra o
professor Belmiro Xavier, principiou por afirmar que os professores oficiais do
concelho de Penafiel se achavam altamente melindrados com o vandálico
procedimento de alguns fanáticos que, no ano transacto, destruíram todas as
árvores plantadas por ocasião desta mesma festa. Mostrando o seu valor cívico,
fez ver que devia ser bem recebida pelos adeptos da religião cristã, pois que
as árvores exercem poderosa e capital influência no meio de toda a humanidade.
Divagou largamente sobre as suas vantagens, e pediu para elas todo o respeito,
veneração e cultura.
Sendo muito aplaudido
no final.
Seguiu-se um aluno que
pronunciou um discurso alusivo à árvore, o qual lhe mereceu prolongados
aplausos.
De seguida tomou a
palavra o sr. Manoel Mesquita Monteiro, ilustre capitão de infantaria, que fez
algumas referências à Festa da Árvore, falando depois do patriotismo dos nossos
antepassados, terminando com um incitamento o povo ao trabalho, principal
factor no progresso da nossa Pátria.
O sr. Major Silva, ao
encerrar a sessão, incutiu no espírito das criancinhas o amor pela Pátria e
pela instrução.
Turma da 1.ª classe com a professora. Foto de 1957 |
Depois foram plantadas,
no terreno que circunda a escola, algumas árvores cuidadosamente enfeitadas.
O orfeão infantil,
regido pelo sr. Baltazar Falcão, entoou admiravelmente, durante os intervalos,
a Sementeira, a Portuguesa, o Hino das Árvores, a Palmatória e o Hino das
Escolas Centrais desta cidade.
Aqui fica a letra do Hino das Árvores, de autoria de Olavo Bilac.
O HINO DAS ÁRVORES
Quem planta
uma árvore enriquece
a terra, mãe
piedosa e boa:
E a terra
aos homens agradece,
a mãe aos
filhos abençoa.
A árvore,
alçando o colo cheio
de seiva
forte e de esplendor,
deixa cair
do verde seio
a flor e o
fruto, a sombra e o amor.
Crescei,
crescei, na grande festa
da luz, do
aroma e da bondade,
árvores-glória
da floresta!
Árvores-vida
da cidade!
Crescei,
crescei, sobre os caminhos,
árvores
belas, maternais,
dando morada
aos passarinhos,
dando
alimento aos animais!
Outros verão
os vossos pomos!
Se hoje sois
fracas e crianças,
nós
esperanças também somos:
plantamos
outras esperanças!
Para o
futuro trabalhamos:
pois, no porvir,
nossos irmãos
hão-de
cantar sob estes ramos,
e bendizer
as nossas mãos!
Infelizmente,
quem conheceu Penafiel nos anos 50, do século passado, pode testemunhar nos
dias que correm, faltam muitas árvores na nossa cidade.
Ameixoeiras que haviam no Largo da Ajuda |
Para todos
aqueles que contribuíram para tal situação, desde o Jardim do Sameiro, passando
pelo Largo da Ajuda, e acabando na Av. Sacadura Cabral e Egas Moniz,
aconselho-os a lerem o Hino das Árvores, para ficarem a saber coisas tão
simples como esta: “quem planta uma árvore enriquece a terra”.
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