ESTAMOS NESSA FANHAIS
ESTAMOS NESSA FANHAIS
“QUE SE LIXE A TROIKA”
No Hospital Padre Américo - Penafiel |
Hoje lembrei-me de
festejar a “saída” da Troika, embora fiquem cá os seus sipaios e acólitos, com
o cantor Francisco Fanhais.
Com 10 anos entrou
para o seminário de Santarém. Depois foi para os seminários de Almada e
Olivais, onde termina o curso de Teologia.
Em 1964 é ordenado
padre e em 1969, como professor de Moral começa a interessar-se sobre a
realidade à sua volta. As aulas eram no Barreiro, terra onde ele conhece José
Afonso que o incentivará a cantar canções de intervenção.
Apresentado aos
organizadores do programa Zip Zip (Carlos Cruz, Raul Solnado e Fialho de
Gouveia), pelo José Afonso, acontece que a censura coloca problemas na sua
actuação. Primeiro porque não era bem visto um padre ir cantar à televisão e
ainda por cima canções com um certo cariz de envolvimento social.
O Zip Zip era um
dos programas com maior audiência no país e quando as coisas se começaram a
azedar, Raul Solnado colocou as coisas neste ponto: Ou o Padre Fanhais canta,
ou o programa acaba aqui. Foi então que lá veio a autorização para o Fanhais
poder actuar no teatro Villaret em Lisboa, onde era gravado o programa ao
sábado e transmitido pela RTP na segunda-feira seguinte à noite.
É através da
etiqueta Zip Zip que grava o seu primeiro disco intitulado Corpo Renascido.
Ainda em 1969
lança o disco Cantilenas, e aparece na capa do primeiro número da revista Mundo
da Canção, editada em 19 de Dezembro de 1969.
Em 1970 grava e
edita o seu disco "Canções da Cidade Nova", com arranjos de Thilo
Krassman. As músicas deste disco são de sua autoria e as letras de consagrados
poetas, como Sophia de Mello Breyner, Manuel Alegre e António Aleixo.
"Cantata de
Paz", com letra de Sophia e o famoso refrão "Vemos, Ouvimos e Lemos,
Não Podemos Ignorar", torna-se um dos hinos de resistência ao regime derrubado
em Abril de 74.
José Afonso
escreve uma "Dedicatória" na contracapa do LP, que reza assim: "Tu que cantas, Defronte, De faces
atentas, e Seguras, Faz do teu Canto, Uma funda, Nesse lugar, Entre outras mãos
mais fortes, E mais duras, Te estenderei, A Minha mão fraterna. Canta
Amigo".
Em 1971, Fanhais
parte para França, porque estava proibido de cantar, de exercer o sacerdócio e
de leccionar nas escolas oficiais. Torna-se militante da LUAR e só regressa a
Portugal após o 25 de Abril de 74.
Em 1984 vai viver
para Alvito, no Baixo Alentejo e dedica-se ao ensino de Educação Musical em
escolas oficiais.
No dia 10 de Junho
de 1995 é agraciado com a Ordem da Liberdade pelo Presidente da República,
Mário Soares.
Que me lembre, o
Francisco Fanhais, já actuou em três locais distintos em Penafiel.
Primeiro no
auditório do Hospital Padre Américo, depois na Junta de Freguesia de Novelas
(quando esta ainda existia), e por fim no Pavilhão de Exposições, juntamente
com José Mário Branco e Tino Flores sendo este concerto registado em vídeo.
Embora tenha gravado
poucos discos, Canções da Cidade e Cantilenas, nesta sua passagem por Penafiel
apresentou além destas canções uma mão cheia de novos temas.
Para terminar, e
como estamos nessa, nada melhor do que ficarmos com a actuação de Francisco
Fanhais no concerto “Que se lixe a troika”.
- Bom domingo!
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