18 maio 2014

ESTAMOS NESSA FANHAIS

ESTAMOS NESSA FANHAIS
“QUE SE LIXE A TROIKA”

No Hospital Padre Américo - Penafiel

Hoje lembrei-me de festejar a “saída” da Troika, embora fiquem cá os seus sipaios e acólitos, com o cantor Francisco Fanhais. 

Com 10 anos entrou para o seminário de Santarém. Depois foi para os seminários de Almada e Olivais, onde termina o curso de Teologia.

Em 1964 é ordenado padre e em 1969, como professor de Moral começa a interessar-se sobre a realidade à sua volta. As aulas eram no Barreiro, terra onde ele conhece José Afonso que o incentivará a cantar canções de intervenção.


Apresentado aos organizadores do programa Zip Zip (Carlos Cruz, Raul Solnado e Fialho de Gouveia), pelo José Afonso, acontece que a censura coloca problemas na sua actuação. Primeiro porque não era bem visto um padre ir cantar à televisão e ainda por cima canções com um certo cariz de envolvimento social. 

O Zip Zip era um dos programas com maior audiência no país e quando as coisas se começaram a azedar, Raul Solnado colocou as coisas neste ponto: Ou o Padre Fanhais canta, ou o programa acaba aqui. Foi então que lá veio a autorização para o Fanhais poder actuar no teatro Villaret em Lisboa, onde era gravado o programa ao sábado e transmitido pela RTP na segunda-feira seguinte à noite.


É através da etiqueta Zip Zip que grava o seu primeiro disco intitulado Corpo Renascido.


Ainda em 1969 lança o disco Cantilenas, e aparece na capa do primeiro número da revista Mundo da Canção, editada em 19 de Dezembro de 1969.


Em 1970 grava e edita o seu disco "Canções da Cidade Nova", com arranjos de Thilo Krassman. As músicas deste disco são de sua autoria e as letras de consagrados poetas, como Sophia de Mello Breyner, Manuel Alegre e António Aleixo.


"Cantata de Paz", com letra de Sophia e o famoso refrão "Vemos, Ouvimos e Lemos, Não Podemos Ignorar", torna-se um dos hinos de resistência ao regime derrubado em Abril de 74.


José Afonso escreve uma "Dedicatória" na contracapa do LP, que reza assim: "Tu que cantas, Defronte, De faces atentas, e Seguras, Faz do teu Canto, Uma funda, Nesse lugar, Entre outras mãos mais fortes, E mais duras, Te estenderei, A Minha mão fraterna. Canta Amigo".

Em 1971, Fanhais parte para França, porque estava proibido de cantar, de exercer o sacerdócio e de leccionar nas escolas oficiais. Torna-se militante da LUAR e só regressa a Portugal após o 25 de Abril de 74.

Em 1984 vai viver para Alvito, no Baixo Alentejo e dedica-se ao ensino de Educação Musical em escolas oficiais.

No dia 10 de Junho de 1995 é agraciado com a Ordem da Liberdade pelo Presidente da República, Mário Soares.


Que me lembre, o Francisco Fanhais, já actuou em três locais distintos em Penafiel.

Primeiro no auditório do Hospital Padre Américo, depois na Junta de Freguesia de Novelas (quando esta ainda existia), e por fim no Pavilhão de Exposições, juntamente com José Mário Branco e Tino Flores sendo este concerto registado em vídeo.

Embora tenha gravado poucos discos, Canções da Cidade e Cantilenas, nesta sua passagem por Penafiel apresentou além destas canções uma mão cheia de novos temas.  


Para terminar, e como estamos nessa, nada melhor do que ficarmos com a actuação de Francisco Fanhais no concerto “Que se lixe a troika”.



- Bom domingo!