NÃO HÁ NADA P’RA NINGUÉM
NÃO
HÁ NADA P’RA NINGUÉM
Todos conhecemos uns
senhores que trajam de fato e gravata, e usam na lapela do casaco como adorno, uma
bandeirinha nacional, como se aquilo fosse um atestado de portuguesismo para
exibir aos outros.
Mas todos sabemos que
aquilo é apenas para inglês ver.
Mentem com todos os
dentes que têm, que até tornam o temporário em definitivo, o irrevogável em
revogável, que eu até penso cá com os meus botões, se haverá nesta quadra de
desobriga pascal, padre que tenha poder para os absolver, pois todos sabemos
que nestas pessoas não existe um pingo de vergonha ou arrependimento.
Dizem que andei a
gastar mais que as minhas possibilidades, eu que não devo nada a ninguém.
Trocaram como nós
trocávamos em miúdos cromos de jogadores da bola, a escrita da língua de
Camões, pela brasileira.
Volta e meia, brincam
aos leilões, e lá vão apregoando e vendendo a companhia de electricidade aos
chineses, a siderurgia aos espanhóis, sendo o último uns estaleiros, como se
estivessem a jogar ao monopólio.
Eles que até são contra
as nacionalizações, vejam lá a nossa desgraça, numa manhã de nevoeiro
nacionalizaram da noite para o dia, os prejuízos de um banco privado, para a
malta pagar.
Agora chegamos a este
beco onde, não há trabalho p’ra ninguém, não há educação p’ra ninguém, não há
saúde p’ra ninguém, não há reformas p’ra ninguém, não há mesmo nada p’ra
ninguém, é uma tristeza.
Por tal motivo, vamos
ficar com a canção de Mário Mata, que foi um grande êxito em 1981, intitulada “Não há nada p’ra ninguém”, e infelizmente
tão actual.
- Bom domingo!
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