06 abril 2014

NÃO HÁ NADA P’RA NINGUÉM



NÃO HÁ NADA P’RA NINGUÉM


Todos conhecemos uns senhores que trajam de fato e gravata, e usam na lapela do casaco como adorno, uma bandeirinha nacional, como se aquilo fosse um atestado de portuguesismo para exibir aos outros.

Mas todos sabemos que aquilo é apenas para inglês ver.

Mentem com todos os dentes que têm, que até tornam o temporário em definitivo, o irrevogável em revogável, que eu até penso cá com os meus botões, se haverá nesta quadra de desobriga pascal, padre que tenha poder para os absolver, pois todos sabemos que nestas pessoas não existe um pingo de vergonha ou arrependimento.

Dizem que andei a gastar mais que as minhas possibilidades, eu que não devo nada a ninguém.

Trocaram como nós trocávamos em miúdos cromos de jogadores da bola, a escrita da língua de Camões, pela brasileira.


Volta e meia, brincam aos leilões, e lá vão apregoando e vendendo a companhia de electricidade aos chineses, a siderurgia aos espanhóis, sendo o último uns estaleiros, como se estivessem a jogar ao monopólio.

Eles que até são contra as nacionalizações, vejam lá a nossa desgraça, numa manhã de nevoeiro nacionalizaram da noite para o dia, os prejuízos de um banco privado, para a malta pagar.

Agora chegamos a este beco onde, não há trabalho p’ra ninguém, não há educação p’ra ninguém, não há saúde p’ra ninguém, não há reformas p’ra ninguém, não há mesmo nada p’ra ninguém, é uma tristeza. 

Por tal motivo, vamos ficar com a canção de Mário Mata, que foi um grande êxito em 1981, intitulada “Não há nada p’ra ninguém”, e infelizmente tão actual.


- Bom domingo!