08 abril 2014

O CAFÉ BAR



O CAFÉ BAR

 
Aos poucos, o Sr. Joaquim Marques Lima, foi adaptando o local onde esteve a Ourivesaria Lima, na Praça Municipal, num café decorado e mobilado com todos os requintes modernos, tornando-o luxuoso e confortável.


O Café Bar, assim baptizado pelo senhor Lima, foi inaugurado no dia 20 de Março de 1937, sendo o mais concorrido nesse tempo pela gente chic cá da terra.

A partir desta data, na Praça Municipal aparecem os dois melhores cafés da cidade, o Sociedade e o Bar.


Este último foi o primeiro a ter bilhar cá na urbe. No tempo em que a televisão não passava de um sonho, o bilhar era o novo entretimento preferido dos homens que frequentavam o Café Bar, chegando-se a realizar alguns campeonatos.


Nesta altura, o Café Bar ocupava todo o rés-do-chão do prédio desde o N.º 37 ao 43.

Ao centro do salão ficava o bilhar, ladeado de mesas à sua esquerda e direita. 

Um dos jogadores que gostava de ver jogar, era o Sr. Madureira do cachimbo, assim chamado devido ao uso do mesmo. 

O Sr. Madureira era o único jogador que possuía taco próprio, que no final das suas tacadas, o desatarraxava e o guardava numa saca em pano e o transportava consigo para sua casa no Largo da Ajuda.


No Verão, o Café Bar, montava a sua esplanada junto ao monumento aos Mortos da Grande Guerra. 

Para que os seus estimados clientes, fossem servidos com bebidas frescas, adquiriu um frigorífico “Electrolux”, o que era um luxo para a época.

O Café Bar, não passou despercebido à pena dos nossos poetas. 

No jornal “O Penafidelense”, de 17 de Outubro de 1939, foi publicado um poema em forma de acróstico (No Café Bar), com o título “Onde é?” de autoria de António Melo. 



Todos sabemos, que a melhor publicidade que qualquer estabelecimento pode ter, é aquela que é feita pelos seus próprios clientes.

Em 26 de Junho de 1941, o Sr. Lima recebe pelo correio um poema assinado Ivo Magano, como recordação de um delicioso café ali tomado, que reza assim:



Depois de passar por vários proprietários, o Café Bar adaptou-se aos tempos que correm, ficando reduzido a uma das portas.


Devido a esta transformação, o meu amigo Fernando Beça Moreira, no seu livro “Penafiel Cumplicidades”, dedicou-lhe o poema Café Bar.

Apesar das suas reduzidas dimensões, no Café Bar, encontramos uma enorme simpatia em todos aqueles que nos recebem.

Como nota curiosa, neste prédio, funcionou a Loja Maçónica estabelecida em Penafiel em 1863, terminando os seus dias em 30 de Agosto de 1865, data em que o seu órgão “O Século XIX”, suspenso temporariamente, também cessou a sua publicação.


Nesta casa, também nasceu Joaquim de Araújo, ilustre penafidelense poeta, ensaísta e diplomata. 

E pronto, é destas pequenas coisas que se vai construindo a história da nossa terra, e se alimenta a alma penafidelense.