PÃO DO PÊGO E ÁGUA DA FONTE DO CARVALHO
PÃO
DO PÊGO
E ÁGUA DA FONTE DO CARVALHO
No princípio do século
XX, Penafiel era uma terra em franco desenvolvimento.
O caminho-de-ferro,
estendia-se desde Novelas a Entre-os Rios, passando pelo centro da cidade.
Assim como o Santuário
de Nossa Senhora da Piedade e Santos Passos se encontrava em construção, como o
parque Zeferino de Oliveira, vulgarmente conhecido por Sameiro, em virtude do
Santuário e o jardim que o rodeia ter parecenças com o de Braga.
A nível de transportes,
era muito bem servida, com muitas carreiras de várias firmas, a fazerem a
ligação entre Penafiel e as cidades do Porto e Vila-Real, tendo até uma
camionagem que fazia a ligação a todos os comboios unindo a estação da CP em
Novelas até à cidade e vice-versa (o que hoje não existe).
Já nos anos sessenta,
era uma cidade por assim dizer académica, já que possuía Escolas do Ciclo
Preparatório, Escola Industrial e Comercial, Liceu e Magistério Primário, o que
não existia nas redondezas.
Tinha um quartel, onde
passavam milhares de tropas e tudo isto movimentava a cidade de Penafiel.
Pelo que atrás foi dito,
não é difícil perceber que era uma cidade apetecível para se viver.
Muitos que por cá
passaram, como o meu avô materno que era de Carção, acabaram por escolhê-la
para viverem e fazerem aqui a sua vida.
Nesses tempos, os
penafidelenses usavam uma expressão que dizia o seguinte:
“Quem
comesse pão do Pêgo e bebesse água da fonte do Carvalho, era certo e sabido que
jamais sairia de Penafiel”.
Na verdade, esse termo ainda
hoje é frequentemente pronunciado entre nós e serve, quanto mais não seja para
mostrar a nossa boa hospitalidade.
Esse antigo e
interessante dito, foi um grande cartaz de propaganda da nossa terra, com muito
mais sentido que este de Sentir Penafiel, ao mesmo tempo que se destrói
património local.
O Pão do Pêgo,
consistia numas pequenas broas de milho de sabor especial que eram fabricadas
numa padaria situada perto da Igreja do Calvário cujo proprietário tinha a
alcunha de Pêgo.
Diziam os antigos que
era um género de pão, que devido ao seu paladar, deliciava todos aqueles que o
saboreavam durante as refeições, em merendas ou em tainadas.
O Pêgo morreu, e a
família não continuou com o negócio e as normas e regulamentos de panificação
modificaram-se e hoje podemos dizer que esse tipo de pão desapareceu quase por
completo, pois o pouco que ainda hoje se fabrica, não é da qualidade do antigo,
ou pelo menos, não nos sabe tão bem.
Quanto à fonte do
Carvalho, ainda existe. Este seu nome Carvalho, deve resultar do facto de ter
junto dela uma árvore dessa espécie.
Situa-se à beira de um
caminho que segue da Avenida Pedro Guedes, logo abaixo do Tanque Novo, para a
Rua Engenheiro Matos. Esse caminho entretanto foi alargado, dando origem à Rua
Fonte do Carvalho, onde se encontra a Clínica Médica Arrifana de Sousa.
Como se pode ver nas
fotos, é uma fonte tosca, sem arquitetura alguma, possuindo apenas uma bica que
lança a água para um pequeno reservatório que a recolhe escoando-a para depois a
lançar em terrenos adjacentes em nível inferior.
Dantes muita gente ia
ali bebê-la ou então encher alguma vasilha para a levar para casa para a
utilizar como pinga de certo modo agradável sobretudo nos dias de verão.
Nos tempos que correm,
depois da cidade sofrer uma regeneração urbana que a descaracterizou e algumas
posturas camarárias que entretanto foram tomadas, não só se tornou numa cidade
de pouca ou nenhuma referência para quem nos visita (já que se uniformizou como
tantas outras), como se tornou pouco atractiva para viver (desertificando), já
que quem a habita no seu miolo, até para vir almoçar a casa tem que pagar o
estacionamento, e aos jovens penafidelenses, resta-lhes procurarem emprego
noutras paragens longínquas.
É que para nosso azar,
já não temos pão do Pêgo, como a água da fonte do Carvalho está imprópria para
consumo, para conseguirmos atrair pessoas a fixarem-se cá na terra.
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