16 abril 2013

CAPELA DE NOSSA SENHORA DA LAPA



E A LENDA
DE
NOSSA SENHORA DA LAPA

Fachada da capela

A 12 de Maio de 1622, iniciou-se a construção da igreja da Misericórdia, por iniciativa do benemérito padre Amaro Moreira.

Na capela-mor da igreja, do lado da epístola, há uma inscrição “Anno 1631”, que se julga dizer respeito ao ano da sua conclusão e entrega à Misericórdia, pelo seu fundador.

A primeira missa na Igreja da Misericórdia, em Penafiel, foi celebrada pelo padre Pedro de Meireles, abade de S. Paio de Casais, do concelho de Penafiel, e o sermão esteve a cargo do padre pregador Frei Ildefonso de S. Bernardo, frade beneditino, abade do Mosteiro de Arnóia, ambos sobrinhos do padre Amaro Moreira.

Com a elevação da vila Arrifana de Sousa a cidade de Penafiel, em 3 de Março de 1770, foi criada, em 1 de Junho de 1770, por bula do Papa Clemente XIV, a diocese de Penafiel.

O bispo nomeado foi Dom Frei Inácio de São Caetano, que nunca cá pôs os pés, e que pediu a renúncia em 1778, um ano depois de D. Maria I subir ao trono, terminando com a diocese de Penafiel.

Igreja da Misericórdia
Em 1771, a Igreja da Misericórdia foi elevada à categoria de Sé Catedral e passou a denominar-se de Igreja de Jesus, Maria e José, voltando a chamar-se Misericórdia no final da diocese.

Daí que, em 1783, encontramos a Misericórdia a ajustar a obra do zimbório da torre e a proceder ao seu acabamento.

Se dinheiro não havia para as obras da parte da igreja virada para a Praça Municipal, incluindo a conclusão da torre sineira, imaginação para o arranjar não faltava.

Lado poente da Igreja da Misericórdia
Começou então a correr entre a população, que apareceu pintada uma imagem de Nossa Senhora da Lapa, junto ao cunhal superior externo do corpo da igreja, que por muito que fosse lavada e raspada, sempre reaparecia com maior visibilidade. 

Deste “milagre” que impressionou as populações locais e circundantes, foi construída uma capela em madeira, promovendo-se uma grande romaria anual à Santa e, obviamente, angariação de rendimentos que permitiram a construção da torre, bem como toda aquela fachada voltada a poente, que nunca chegou a ser concluída.

Em 1779, já a nova administração da Misericórdia tinha reunido 500 ou 600$000 de esmolas, para refazer em pedra a capela primitiva de madeira.

Capela e torre sineira
Iniciado o carreto de pedra e os outros trabalhos preliminares pelo mestre pedreiro Bernardo Fontainha, a Câmara embargou os trabalhos e mandou retirar os materiais da praça pública.

Câmara e Santa Casa da Misericórdia desentendem-se e cada um esgrime os seus argumentos ao ponto de o processo subir até ao Desembargo do Paço, que depois de escutadas várias réplicas e pareceres, tomou a 10 de Maio de 1780 posição favorável à Misericórdia, incentivando-a a não “perder tempo na construção da capela em pedra em honra a Nossa Senhora da Lapa.

No diário de um frade de Bustelo, que foi cair nas mãos do padre Justino, de Carrazedo, lê-se a “milagrosa” lenda que deu origem à capela.



Por isso, o aparecimento de Nossa Senhora da Lapa não passou de uma piedosa fraude para poder tornar mais sumptuoso o templo da Misericórdia.


Hoje, talvez para branquear um pouco toda esta marosca, a capela foi rebaptizada de S. Cristóvão, embora na fachada principal da capela, ainda se encontra esculpido em granito um brasão com a imagem da N.S. da Lapa, em corpo inteiro, não coroada, e sobre a porta metida num nicho, também em granito a Nossa Senhora da Lapa coroada. 


Como diz a sabedoria popular, “a mentira tem perna curta”, e assim morreu a galinha dos ovos de oiro, ficando as obras por acabar, sendo vulgarmente apelidadas de capelas imperfeitas.