A HISTÓRIA DA ESTÁTUA DO PADRE AMÉRICO
A
HISTÓRIA DA ESTÁTUA DO PADRE AMÉRICO
LANÇAMENTO DA 1.ª PEDRA
A primeira pedra foi lançada atrás do quiosque em frente à porta de entrada do edifício dos C.T.Ts. |
Penafiel, domingo, 21
de Junho de 1970, integrado nas Comemorações Bicentenárias desta cidade, pelas
17 horas, junto à estação dos C.T.Ts., D. António Ferreira Gomes, Bispo do
Porto, benzeu a primeira pedra do monumento a erigir ao Padre Américo, no
antigo Largo da Misericórdia e que há já alguns anos tem o seu nome Largo Padre
Américo.
O Governador Civil do
Porto, Major Paulo Durão, lançou a primeira argamassa sobre a primeira pedra,
usando de seguida da palavra, dissertou “sobre a vida daquele apóstolo do bem
que em nossos dias, enchia de bens os famintos e despedia famintos os ricos”.
Falou da descoberta por
Padre Américo dos Barredos do Porto e do interesse posto em solucioná-los pela
Câmara do Porto.
“Não sei se Ele nos
perdoará o estarmos a inaugurarmos uma obra como esta, uma primeira pedra para
um monumento seu”.
Finalmente fez um apelo
para que aquela obra senão putrifique e que em breve seja visto um busto do
Padre Américo.
Para além do Bispo do
Porto e do Governador Civil do Porto, estiveram presentes:
O Bispo Auxiliar de
Leiria, D. Domingos de Pinho Brandão; o Bispo de Ciudad Rodrigo (Espanha), D.
Demétrio Mansilha; Pároco de Penafiel Albano Ferreira de Almeida; Presidente da
Câmara do Porto, Dr. Nuno Vasconcelos, Presidente da Câmara Municipal de
Penafiel, Dr. Alves Moreira (1), Comandante da P.S.P. do Porto Coronel Santos
Júnior, Comandante da 1.ª Região Militar; cônsul de Itália; cônsul da Suíça; cônsul
dos E.U.A.; delegado do Procurador da República, Vice-reitor do Liceu de
Penafiel, Dr. João Delfim Guedes Tomé; Director da Escola Industrial e
Comercial de Penafiel, Dr. Aurélio Tavares; Reitor da Universidade do Porto;
Comandante do R.A.L. 5; Juiz da Comarca; Sub-delegado de saúde; Provedor da
Misericórdia; Director Clínico do Hospital; mesários da Santa Casa da
Misericórdia e muito povo.
(1) –
As Comemorações do Bicentenário da cidade de Penafiel, iniciaram-se sendo
Presidente da Câmara o Coronel Cipriano Alfredo Fontes, e terminaram sendo
Presidente da Câmara o Dr. Manuel Alves Moreira.
A ESTÁTUA
A ESTÁTUA EM BRONZE |
No final do mês de
Fevereiro de 1972, a estátua foi entregue na fundição para ser concluída.
O ESCULTOR JÚLIO GIRALDES |
A estátua em bronze do
Padre Américo é da autoria do escultor Júlio Margarido Carneiro Giraldes, e tem
um metro e oitenta de altura e foi erguida sobre um pedestal de granito com um
metro e vinte. No pedestal foi colocada uma lápida que diz o seguinte:
AO
PADRE AMÉRICO
HOMENAGEM
DO CONCELHO
DE PENAFIEL
1 - 6 – 1972
ASSINATURA DO ESCULTOR |
O
custo da estátua e a despesa com a inauguração, assim como o contributo de cada
freguesia para a construção da mesma, pode-se verificar na imagem seguinte.
CUSTO DA ESTÁTUA |
Podemos
concluir que em moeda corrente, não chegou a 850 €.
Agradecimento
em carta aberta de Júlio Margarido Carneiro Giraldes, dirigido ao Sr. Armando
Silveira proprietário do jornal Notícias de Penafiel e publicado no dia 7 de
Julho de 1972:
Fiquei bastante
sensibilizado com os cumprimentos e palavras de louvor, que recebi pela
execução da estátua do Padre Américo e venho agora agradecer-lhe a magnífica
reportagem que publicou no Notícias de Penafiel e onde mais uma vez sou citado.
Porém, fiz apenas modestamente o que pude, dedicando todo o carinho e admiração
ao “Grande homenageado”.
O Padre Américo, tudo
merece e merece principalmente, que à Sua Obra rendamos o humilde preito da
nossa pequenez.
Por conseguinte, foi
dentro dessa humildade e pequenez, que procurei dar o meu contributo àquele que
há muito nos transcendeu num glorioso avanço de alma superior.
A estátua aí fica em
Penafiel, aberta a todos os visitantes, aberta aos admiradores e aos
maldizentes, exposta aos verdadeiros críticos e aos pseudocríticos, recebendo
os bem intencionados e os derrotistas doentios.
E pela confiança que a
cidade em mim depositou, muito obrigado.
Vila do Conde,
10 de Junho de 1972
Júlio Giraldes
A
INAUGURAÇÃO
NA PRAÇA DA REPÚBLICA |
A
inauguração da estátua ao Padre Américo foi uma dívida saldada pelos
penafidelenses a este apóstolo do bem.
Penafiel,1
de Junho de 1972, antes da saída da procissão do Corpo de Deus, o povo
dirigiu-se para a Praça da República onde ia ser inaugurada a estátua ao Padre
Américo.
Eram 15,30h, quando à
Praça da República chegaram o Senhor Governador Civil do Porto Major Paulo
Durão, e o Senhor Bispo do Porto D. António Ferreira Gomes, convidados de honra
para a inauguração da estátua.
Tomaram lugar na
tribuna armada para o efeito e aí foram acompanhados pelas figuras e
autoridades representativas da cidade e familiares do Ver. Padre Américo, nas
pessoas dos sobrinhos D. Maria Guiomar e Jaime Monteiro de Aguiar. A numerosa
família Pai Américo, ali estava representada pelos Reverendos Padres Galamba e
Abraão, e um numeroso grupo de gaiatos chefiados pelo Júlio Mendes.
A Banda da Polícia de
Segurança Pública do Porto, Fanfarra dos B. V. de Entre-os-Rios e piquetes dos
Voluntários de Penafiel e Paço de Sousa prestavam a guarda de honra.
Após os toques
habituais, o Sr. Governador Civil do Porto passou em revista a formatura dos
Bombeiros e logo em seguida o Sr. Presidente da Câmara Dr. Manuel Alves Moreira, fez a saudação de boas-vindas proferindo
as seguintes palavras:
Ex.mo Senhor Governador
Civil do Porto
Ex.mo E Ver.mo Senhor
Bispo do Porto
Ex.mo Senhor Comandante
do R.A.L.5
Ex.mas Autoridades
Civis, Religiosas e Militares
Minhas Senhoras e meus
Senhores
Antes de procedermos ao
acto que deu origem a esta concentração, quero saudar no meu nome e em nome do
concelho na pessoa de V. Ex.ª, Senhor Governador, o Governo da Nação. É com grande
júbilo que vemos o Governador Civil do Porto entre nós, quando temos a certeza
que esse Governador é alguém com excelsas qualidades, que todos lhe
reconhecemos. É motivo de alegria, sabermos que atrás de nós está alguém atento
aos nossos problemas e que nos acompanha, tanto nas horas difíceis como nas
horas boas como esta.
Rogo a Deus pela saúde
de V. Ex.ª para que possa continuar a presidir aos destinos deste Distrito. Se
assim for, tenho a certeza de que Penafiel, onde já se sente a acção de V. Ex.ª,
caminhará para aquilo que aspira ser.
Um muito obrigado de
todo o Concelho pela presença que tanto brilho veio dar a este acto.
Senhor
Bispo do Porto
Quero também agradecer
a presença de V. Ex.ª Rer.mo como Prelado da Diocese e como Penafidelense
ilustre, sempre interessado pelo Bem da sua terra. Quis Deus que V. Ex.ª Rev.ma
tendo benzido a 1.ª pedra destinada a este Monumento venha agora trazer a sua
bênção à obra concluída.
Ao consumado artista
que concebeu, e com técnica tão hábil executou esta interpretação a um tempo
subjectiva e realista da aparência humana do PAI AMÉRICO, que tantos de nós
conhecemos e que vemos hoje como que ressuscitada no bronze para permanente
contemplação e enlevo dos conterrâneos do grande Apóstolo, acrescendo ainda a
circunstância que considero feliz a do autor desta escultura ser também
Penafidelense, em nome da minha Câmara e da nossa Terra rendo as minhas
felicitações.
Não quero terminar sem
um agradecimento a todos os munícipes e destacar aqui o meu contentamento com a
Comissão pro-monumento, com aqueles párocos, Juntas de Freguesia e ainda
algumas Senhoras de Penafiel que tão generosamente deram todo o seu esforço,
garantindo esta homenagem que tão merecida era, para quem passou por este
mundo, só fazendo Bem.
A todos muito obrigado.
Após o descerramento da
estátua pelo Major Paulo Durão, autêntico monumento, criado pelo escultor penafidelense Sr. Júlio
Margarido Carneiro Giraldes, e do qual nos podemos orgulhar, quisemos ouvir a
primeira impressão do Senhor D. António Ferreira Gomes, Bispo do Porto e
penafidelense distinto, que nos disse as seguintes palavras:
A ESTÁTUA É UMA
MAGNÍFICA OBRA
Jaime Monteiro de
Aguiar, em nome pessoal e da família fez o agradecimento da justa homenagem prestada
ao seu saudoso tio.
A última palavra coube
ao Sr. Major Paulo Durão, que
começou por dizer:
Não há palavras que
possam traduzir o que vai no meu coração e referindo-se à obra grandiosa,
maravilhosa até, do Pai Américo afirmou:
“É uma luz, um farol”.
“Apontava para o
Sacrário e dizia: a luz vem dali, passa por mim e vai para vós”.
“Que esta digna estátua
não seja para nós uma figura estática mas que seja um ornamento para uma doação
total”.
Milhares de pessoas
assistiram à inauguração e todas elas passaram junto ao Monumento a Padre
Américo, com um frémito de devoção e agradecimento e muitas, vimos nós, a
balbuciar as suas preces com sentidas lágrimas a correrem-lhe pelas faces.
É que a obra grandiosa
de amor, de carinho, de evangelização do Saudoso Padre Américo, ainda hoje viva
e actual, toca-nos a sensibilidade humana com a mão diáfana do Espírito Santo,
e o sentir do nosso coração, por mais empedernido ou indiferente, não consegue
deixar de pulsar e sentir que estamos na presença de Alguém que ultrapassou a
barreira das humanas realizações terrenas.
In - Notícias de
Penafiel de 9 de Junho de 1972
A MUDANÇA DE LOCAL
Integrado no 243.º
aniversário da cidade de Penafiel, a estátua do Padre Américo saiu da Praça da
República para o largo com o seu nome.
No dia 3 de Março de
2013, foi reinaugurada a estátua do Padre Américo, pelo presidente da Câmara
Dr. Alberto Santos e pelo deputado da Assembleia da República Mário Magalhães,
ladeados pelo executivo da coligação Penafiel-Quer, pelos porta-bandeiras dos
Bombeiros Voluntários de Penafiel e Paço de Sousa e alguns populares.
A lapida colocada no
pedestal está partida num dos lados, pelo que levou um corte a disfarçar. A ser
assim, e aproveitando a mudança da mesma, devia ter sido feito o mesmo corte
nos quatro cantos para a mesma ficar uniforme.
Realmente não tinha pés
nem cabeça toponimiamente falando, ter a estátua num lado e o largo noutro.
Com esta mudança corrigiu-se esse desfasamento.
O local onde foi
colocada a estátua é que me parece mal, já que no meio do largo com a igreja da
Misericórdia como pano de fundo ficava melhor. Mas quem descaracterizou este
largo e não só, e nasceu de costas voltadas para o bom gosto, é-lhe
indiferente.
É que no fundo o slogan
“Sentir Penafiel”, para certa gente, não passa de um rótulo de uma marca de
vinho e nada mais.
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