07 outubro 2012

LUIZ REGO



AMOR NOVO
UMA PÉROLA DA  
POP PORTUGUESA NOS ANOS 70




Luís do Nascimento Rego nasceu em Lisboa no dia 30 de Março de 1944, no seio de uma família anti-salazarista.

Em 1962, com 18 anos, emigrou legalmente para Paris, mas já com o intuito de não regressar.

CAPA DO DISCO AMOR NOVO DE LUIZ REGO


Na capital francesa, Luís Rego trabalhou em várias ocupações e foi num restaurante, em 1965, que conheceu Jean Sarrus (baixo), Gérard Rinaldi (voz), Donald Rieubon (bateria), Gérard Filipelli (solo) e Donald Rieubon (bateria), mais tarde substituído por Jean-Guy Fechner.
Decidem então formar os Problèmes, tidos como o primeiro grupo autêntico de rhythm and blues e 100% francês (esqueceram-se da nacionalidade de Luís Rego).

O grupo francês estreou-se num clube da Normandia, assinou contrato com a Vogue, foi banda de acompanhamento de Antoine, actuou na televisão e fez a primeira parte dos dois concertos dos Rolling Stones no dia 30 de Março de 1966 na Salle Vallier (Marselha).

Em Portugal, os Problèmes foram lançados logo em 1965 pela “23ª Hora”, emblemático programa de João Martins na Rádio Renascença.

No Carnaval de 1966, os Problèmes foram os convidados de honra do sensacional Carnaval luso-brasileiro que Vasco Morgado apresentou no Teatro Monumental, em Lisboa, com Simone de Oliveira, António Calvário, António Mourão, Conjunto Académico João Paulo, Claves, Beatnik’s, Bábulas e outros.

Nesta altura, Luís Rego foi preso pela PIDE.
Fomos de camioneta para Lisboa, mas logo na fronteira, em Vilar Formoso, a PIDE prendeu-me e mandou-me por mês e meio para Caxias. Os meus colegas seguiram para Lisboa para o contrato no Monumental, contou-me Luís Rego.

Luís Rego foi acusado de pertencer ao Partido Comunista Português (PCP).
Como não havia matéria de acusação, fui solto ao fim de mês e meio. Foi dramático. Só voltei a Lisboa em 1974, depois da Revolução dos Cravos.
Em solidariedade para com o camarada português, Gérard Rinaldi e Gérard Filipelli compuseram “Ballade À Luís Rego, Prisonnier Politique” que os Problèmes gravaram e editaram em 1966 (Disques Vogue EPL 8437).

Capa do disco com a Balada dedicada a Luis Rego.


Logo a seguir, em 1967, os Problèmes transformaram-se em Charlots e enveredam por uma carreira de pastiche à antiga banda e a Antoine, mas também no cinema e na arte da comédia (por exemplo, “Os Malucos Vão À Guerra”, 1974, e “Os Malucos Em Hong-Kong”, 1975).

Em 1970, Luís Rego grava e edita um single a solo (Disques Vogue V. 45-1730), em português, com “Amor Novo”, letra de Maria Flávia e música do próprio Luís Rego, e “Quadras Soltas”, versos de Fernando Pessoa com música (em estilo de Bossa Nova) também de Luís Rego.
Um dos grandes regozijos do disco, além do conteúdo, era o facto de ser estereo, uma novidade à época.

Letra da Canção Amor Novo da pintora Mária Flávia


Luís Rego terá sido assim o primeiro músico português a musicar a poesia de Fernando Pessoa.

Justamente considerada uma das pérolas da música pop portuguesa, “Amor Novo” é no entanto uma canção praticamente desconhecida em Portugal.

A pintora, Maria Flávia, disse-me que gostava muito de escrever uma canção. Encorajei-a, escreveu a canção e eu musiquei-a e gravei-a com músicos de estúdio, profissionais. Foi só isso. Não queria uma carreira a solo na música.
Como para o disco tinha que haver uma segunda canção e como gosto muito de Fernando Pessoa, musiquei-o. Não, não tive a noção de ter sido o primeiro.

Em 1971, Luís Rego abandona os Charlots para uma carreira de sucesso no cinema, em Paris, que ainda hoje perdura (“Copacabana”, de Marc Fitoussi, em 2010).

Em 1974, edita um álbum a solo, “Luís Rego”, (Vogue, LDY 28012) com 12 canções em francês de que é co-autor.

1 Comments:

Blogger Fernando Beça Moreira said...

Este nome Luiz Rego não me lembro sinceramente. Mas a música conheço-a muito bem desses tempos. É de facto uma pérola.

Viva quem canta.
Um abraço
Beça Moreira

11:57 da manhã  

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