19 fevereiro 2012

O COMBOIO EM NOVELAS

O COMBOIO EM NOVELAS

Estação de Novelas no ano de 1914

No último quartel do século XIX, o caminho-de-ferro estendia os seus ramais a todo o país.

Fontes Pereira de Melo, Ministro das Obras Públicas de então, foi o grande impulsionador da modernização das vias rodoviárias e do arranque do caminho-de-ferro em Portugal, considerando condição sine qua non para a sua industrialização.

Aberto o concurso público para a construção da Linha do Douro, e como não apareceu ninguém, o Estado Português assumiu todos os custos relacionados com a sua construção, através de um plano apresentado em 1872.

As obras na Linha do Douro tiveram o seu início em 8 de Julho de 1873.

Esta linha para além de transportar pessoas, permitia levar ao interior norte do país, sementes, adubos entre outros produtos, e escoar a produção agrícola, especialmente o vinho.

1.ª Viagem de Comboio a Novelas

No dia 29 de Julho de 1875, foi inaugurado o 1.º troço da Linha do Douro numa extensão de 30,311 Kms, entre Ermesinde e Penafiel (Novelas).


Estação de Ermesinde depois da Companhia Aliança ter colocado o alpendre metálico, em 1883.

O comboio saiu do Porto, pouco depois do meio-dia, levando o Sr. Ministro da Marinha, vereadores, governador civil, General da divisão e outros funcionários, jornalistas e vários cavalheiros importantes do corpo comercial.

Na estação estava reunido bastante povo, que saudou entusiasticamente a partida da locomotiva N.º 21, a “Douro”, a qual foi recebendo pelo caminho as câmaras de outros concelhos.

Todas as estações (Valongo, Cête, Paredes e Penafiel), estavam vestidas de gala, e a aglomeração de pessoas era extraordinária.

Em Novelas, na extinta estação, foi servido um lanche de 180 talheres.

Locomotiva a vapor Beyer & Peacock de 1875

Características da locomotiva “Douro”

Ano construção – 1875

Construtor – Beyer Peacock

Timbre da Caldeira – 8Kg / cm2

Esforço de tracção – 4720 Kg

Tipo de distribuição - Stephenson/Plana

Capacidade de aprovisionamento:

Água – 7.000 L

Carvão – 3.000 Kg

A partir do dia 30 de Julho de 1875, os penafidelenses poderiam socorrer-se daquele excelente e rápido meio de transporte, para se deslocarem à cidade do Porto e vice-versa.

Em 1876, os preços dos bilhetes entre Porto e Penafiel (Novelas), eram os seguintes:

1.ª Classe – 740 réis; 2.ª Classe – 580 e a 3.ª Classe 410 réis.

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1.ª Ligação da estação de Novelas à cidade de Penafiel.

Como a estação de Novelas distava 3 Kms da cidade de Penafiel, o Sr. Carlos José de Sousa anunciava, no jornal “O Penafidelense” de 26 de Agosto de 1884, que a partir do dia 25 de Agosto ia estabelecer corridas de trens entre a cidade e a estação de Novelas e vice-versa.

Para isso estabeleceu um escritório em casa do Sr. Joaquim Baltazar Pereira Guimarães, na Rua Formosa (hoje Av. Sacadura Cabral), donde partiam os carros para os comboios da manhã às 5 ½ e 8 ½ horas, e para os de tarde às 2 ½ e 5 ½.

Com os tempos os projectos tornaram-se maiores e pretendeu-se servir Lousada e Felgueiras, bem ao jeito dos actuais metros ligeiros de hoje em dia. Em 1911 começaram as obras, e em 1912 a estação ficou ligada à então Rua Formosa, hoje a Avenida Sacadura Cabral. Veio o ano de 1914 e os modestos comboios ligavam Penafiel a Felgueiras e Lixa sendo alcançado Entre-os-Rios em 1915. Contudo, a entrada de Portugal na guerra de 1914-18, e o florescente tráfego rodoviário, abalaram a companhia que se manteve em serviço até 1931, tendo inclusivamente chegado a estudar a electrificação da linha a partir da central do Varosa.

Propostas para os primeiros vendedores, na estação de Novelas

Até ao dia 20 de Dezembro de 1894, a Câmara Municipal de Penafiel, recebe propostas para a venda de água doce, doces, fruta, regueifas, etc., na estação do caminho-de-ferro desta cidade.

É ponto assente, que o comboio foi um dos factores que mais contribuiu para o progresso e crescimento da freguesia de Novelas.