17 dezembro 2011

EMÍLIO DOS SANTOS

UM ARTISTA DA CANÇÃO QUE DEU OS SEUS PRIMEIROS PASSOS EM PENAFIEL

Hoje vou falar de Emílio dos Santos, que para os mais jovens nada dirá, mas para os penafidelenses com mais de meio século de idade, de certeza que se lembram deste artista da canção, conhecido entre nós como "Fozcôa", em virtude de ter nascido a 18 de Fevereiro de 1941 em Vila Nova de Foz Côa.

Desde muito novo, teve que granjear sozinho o sustento, de cada dia, realizando as mais variadas tarefas para sobreviver.

Foi no mês de Julho de 1957, quando chegou pela primeira vez a esta cidade de Penafiel, Emílio dos Santos acompanhado de sua mãe.

Um ano depois, no Recreatório, calçando umas botas de cano alto que eram do seu patrão, tomou parte nos espectáculos que se realizavam no intervalo dos leilões do Menino Jesus, onde com a sua magnífica voz, entoava belas canções e encantava o público presente.

Já nessa altura se notava uma tendência para a música tradicional portuguesa, como o fado canção e o folclore.

Seguidamente fundava-se em Penafiel o Grupo Cénico Penafidelense (de saudosa memória), onde Emílio dos Santos foi chamado para, com a sua voz, abrilhantar os espectáculos, causando a melhor das impressões no público.

O “Fozcôa” começa a ser atracção e então, surgem-lhe os sonhos de seguir a carreira artística.

O Porto foi a tentação.

O “Programa Revelação” das produções “Sorádio” foi continuação e início da sua carreira. Tintarela di Luna, canção italiana em voga foi, por assim dizer, juntamente com o tango “Escreve-me” o princípio base para que Emílio dos Santos trocasse Penafiel pelo Porto.

Não foram baldados os seus esforços, apesar de grandes contrariedades e muitas foram elas.

Partiu cheio de ilusões para a conquista do mundo artístico, para o qual se julgava fadado. No entanto, as dificuldades surgem ao ponto do desânimo.

As faculdades artísticas eram realidade mas, surgiram os amigos de ocasião que procurando ajudar se limitavam a “comer” ao artista a parte de leão.

Pensou desistir, estava no auge da desmoralização, mas a arte pesa mais alto e Emílio dos Santos tenta novamente.

Em 1963, a FNAT leva a efeito um espectáculo para os empregados da firma Coats & Clark onde o “fozcôa” trabalhava. A pedido do Sr, Eng.º Mota Leite, Emílio dos Santos é incluído naquela festa, e como não podia deixar de ser, a sua actuação foi um enorme sucesso.

O Maestro Resende Dias impressiona-se e promete fazer algo. Daí a tempos, Emílio dos Santos, é apresentado aos “Irmãos Paixão” e a sua estreia com estes categorizados artistas, faz-se na Feira Popular, no Palácio de Cristal, na cidade do Porto, onde o público, aplaudindo-o insistentemente lhe faz, por assim dizer, a consagração.

Aos 24 anos, após tanto tempo de dura luta, grava o seu primeiro disco, sobre a orientação do maestro Resende Dias, que o introduziu também nos célebres serões para trabalhadores organizados pela FNAT, e nos programas da Emissora Nacional (Emissora Regional do Norte).

À medida que a prática era mestra na sua vida, chega por fim ao profissionalismo por mérito próprio recebendo a respectiva carteira em 12 de Outubro de 1967.

Daí para cá só um sonho estava por realizar. O palco do Cine-Teatro S. Martinho, em Penafiel, teria que ser a sua consagração afectiva e efectiva e, por essa razão, na festa dos “Aftas” (conjunto musical cá da terra), levada a efeito no dia 23 de Dezembro de 1967, Emílio dos Santos actuou já como profissional, onde os penafidelenses tiveram a oportunidade de o aplaudir, este mesmo público que o conheceu a dar os seus primeiros passos na vida artística no panorama musical.

 


Depois de Abril, grava um single que na face A aparece  "Grândola Vila Morena", a canção que em cada esquina tinha um amigo, e na face B "É Preciso Dividir o Pão", mas infelizmente este apelo não teve seguidores, e hoje tal como ontem, "Eles Comem Tudo, Eles Comem Tudo e Não Deixam Nada".   

Depois de percorrer Seca e Meca, incluindo Lisboa e terras africanas, levando na bagagem as suas belas canções, Emílio dos Santos regressou a Penafiel.

 

Hoje, Emílio dos Santos continua ligado À música com a sua firma Ibéria Records Comércio e Indústria do Som L.da, situada na Rua do Monte do Crasto, Nº 54 R/C, em Penafiel com o Telef. Fax 255215176.

Além da loja de venda ao público de CDs. de música portuguesa, tem um estúdio de gravação, onde vários artistas gravaram os seus CDs, alguns dos quais premiados com prata, ouro e platina.

Já sabe, se gosta de música portuguesa, e nesta quadra natalícia ou mesmo fora dela, pretende presentear algum(a) amigo(a), quem sabe se não encontra o que tanto procura na Ibéria Records do nosso e seu amigo Emílio dos Santos.

Neste CD, a canção N.º 8 “Foz Côa pátria minha”, é dedicada à sua terra natal, enquanto a N.º 24 com o título “Penafiel” evoca a sua terra adoptiva.

 

Segundo Emílio dos Santos, «é bom recordar a terra onde nascemos. Pois foi para vos trazer à lembrança este Portugal pequenino à beira-mar plantado que gravei este disco. Cantei pensando em vós e pondo toda a minha alma em cada verso. Em especial Foz Côa pátria minha. Gosto imenso de cantar e aproveito este dom que Deus me concedeu para criar amizades. Penso que ao adquirirem este disco, são novos amigos que eu adquiro também».

Já não falo nos canais de televisão que moram lá longe na capital, mas as rádios locais, essas teriam muito a ganhar se dessem vez e voz a esta casta de artistas como Emílio dos Santos.

E para aqueles que não o conheceram, e também para aqueles que o desejam recordar, aqui fica a canção “Foz Côa pátria minha”, na voz de Emílio dos Santos.

 





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