NÃO ME IMPORTO
Sempre que a Pátria precisar de mim, eu direi sempre presente.
Quando a pátria precisou que a defendessem, lá fui eu "carne para canhão "defendê-la, mas pelos vistos havia engano na guerra, já que aquilo não fazia parte dela, e o que nos tinham ensinado no banco da escola era tudo aldrabice pegada, já que a pátria não se estendia do Minho a Timor, mas sim do Minho aos Açores.
Agora veio a crise económica, que pelos vistos não toca a todos, mas eu não viro a cara à pátria quando ela mais uma vez necessita de mim.
Pela parte que me toca, vou levar menos euros para casa no final de cada mês, embora as coisas cada vez estejam mais caras na mercearia como me informa a patroa. O meu filho para bem da pátria, também paga esta factura no desemprego sem receber um cêntimo, e os meus netos colaboram neste combate à crise dando à pátria aquilo que possuem, o seu abono de família.
Agora o que eu não tolero, é que os nossos governantes locais, regionais ou nacionais, deixem de ter reformas chorudas ao fim de doze anos de trabalho árduo.
Nem quero que me passe pela cabeça, que os nossos deputados deixem de receber os miseráveis 3700€ mensais acrescidos de 60 € de ajudas de custo diárias, que quase não chegam para comer como diz o brilhante deputado do PS Ricardo Gonçalves (no jornal Correio da Manhã do dia 6 de Outubro de 2010), indignado com o corte aplicado à função pública pelo seu próprio partido no governo.
Não me importo que os mais “finos” da pátria coleccionem reformas chorudas e até por vezes lhes juntem o seu chorudo ordenado. Afinal de contas, como dizia a minha avó, este mundo sempre foi dos espertos.
Pátria que se orgulhe desse nome, deve ter pelo menos dois submarinos, carros de combate novinhos em folha, que os seus governantes se desloquem em carros topo de gama, e um TGV.
Embora muita gente não compreenda estas coisas, eu passo a explicar:
1º - Com os submarinos, vamos poder produzir arroz no fundo do mar fazendo desta forma concorrência aos chineses.
2º - Quanto aos carros de combate é para a Al – Qaeda ver que nós não brincamos em serviço, pois quem se mete connosco, já sabe que leva.
3º - Os nossos dirigentes, devem-se deslocar em carros topo de gama, para convencerem os nossos credores a nos emprestarem mais dinheiro, exibindo uma pujança que não possuímos mas é só para os impressionar.
4º - Por fim temos o célebre TGV, que para o maior partido da oposição falar-lhe no TGV é o mesmo que ao diabo falar-lhe na cruz. Mas pensando bem, o TGV é um avanço extraordinário para os nossos vindouros procurarem muito mais rápido o seu futuro.
Não me importo de apertar o cinto, nem de pagar mais impostos, portagens nas Scuts, nem de irmos com a camisola amarela do IVA na UE a 23%, nem de pagarmos os medicamentos mais caros na farmácia, mas a Pátria que me desculpe, o que eu não suporto mesmo, é cantar o Hino Nacional, naquela parte em que berramos a plenos pulmões: Contra os canhões… marchar, marchar.
É que os pobres canhões já são peças obsoletas nas guerras modernas, não passando de meras peças decorativas dos museus militares.
Nesta guerra económica que atravessamos, com os mercados a bombardearem a Pátria com juros altíssimos, deveríamos trocar os canhões por especuladores e para consumo interno por corruptos. Assim ficava:
Contra os especuladores marchar, marchar.
ou
Contra os corruptos marchar, marchar.
Quem sabe, se esta não é uma das reivindicações do PSD na sua tão badalada proposta de revisão da constituição.
Para terminar, quero que saibam, que não me importo de dar tudo pela pátria seja ela republicana ou monárquica.
Chamo-me Zé, sou português e basta.
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