23 setembro 2007

SENTIR PENAFIEL NO RIO

SENTIR PENAFIEL NO RIO
(A NOSSA TERRA)




Muito antes de irmos com a mala de cartão para terras de França e Alemanha, fomos com um saco cheio de esperança para o outro lado do Atlântico, para esse grande país que se chama Brasil.

Esta primeira vaga de emigração para este país irmão, que como nós fala a língua de Camões, em poucos anos regressou à sua terra natal com os bolsos cheios de patacas. Estou-me a lembrar de Joaquim Ferreira dos Santos, mais conhecido por Conde de Ferreira, que mandou construir um hospital psiquiátrico na cidade do Porto e 120 escolas primárias e do nosso conterrâneo Zeferino de Oliveira natural da freguesia de Croca, grande benemérito penafidelense. Daí advir o dito popular que “fulano foi ao Brasil e abanou a árvore das patacas”.



Talvez arrastados por esse milagre económico, o sonho levou muitos dos nossos conterrâneos a procurar uma vida melhor, seguindo a rota de Cabral em 1500. Só que esta segunda vaga de emigração, não teve a mesma sorte que a primeira, tendo que subir a corda da vida a pulso, acabando por lançar raízes nessas terras brasileiras, regressando de longe a longe ao seu ponto de partida, com a finalidade de matar saudades dos lugares da sua meninice, e visitar alguns familiares e amigos. Desta gente nasceu o clube de futebol o Vasco da Gama.

Isto vem a propósito de uma viagem ao Rio, e quando percorríamos debaixo de um sol abrasador a rua Senhor dos Passos na cidade do Rio de Janeiro, deparamos no número 121 com o “Restaurante Penafiel”. Logo nos veio à ideia que ali vivia algum patrício cá da Velha Arrifana de Sousa ou seja de Penafiel. 


Entramos.
Por trás do balcão, estava um homem de meia-idade com um sotaque brasileiro bem vincado no falar, que nos recebe com uma hospitalidade própria de quem tem uma costela lusa. Bom conversador como carioca de gema que é, cedo se apercebeu que éramos da terra dos seus antepassados. Nas paredes, para além do brasão da cidade, pode-se ver quadros com fotos do Sameiro, da Igreja Matriz, Mosteiro de Paço de Sousa entre outros adornos, que nos dava a sensação de estarmos mais perto de casa. Palavra puxa palavra e a conversa lá se vai desenrolando qual fio de meada.




O “Restaurante Penafiel” foi fundado em 1913, e já está na terceira geração da família o neto Ricardo Silva, que nos confessou não conhecer Penafiel. Todos os adornos do Restaurante Penafiel referentes a Penafiel, são elos de saudade de seu avô. Ali, além de almoços à boa maneira brasileira, também encontra petiscos à moda portuguesa. Assim, no cardápio, pode-se encontrar entre outros pratos, a língua defumada com feijão manteiga como opção às quartas e sextas-feiras. Outros pratos como o bacalhau desfiado e gratinado com arroz de bróculos ou a posta de cherne ao alho e óleo com batatas cozidas e cebola frita que é de comer e chorar por mais. Quanto às sobremesas, é imperdível o doce de Laranja-da-Terra , especialidade da casa, ou o Mineiro de Botas mistura de banana frita e queijo de Minas derretido. 
A decoração do Restaurante Penafiel mantida há décadas, faz com que este seja tombado pelo Património Cultural do município, pois no seu interior abriga vetustas geladeiras de madeira e ventiladores italianos.

 
Na despedida, ofereceu-nos um cartão de visitas encimado com as armas da cidade de Penafiel. Até neste pormenor, se pode ver o amor à terra que certas pessoas transportavam no coração. Será por causa destas e doutras coisas, que nasceu a palavra saudade?
E já sabe, se as voltas da vida o levar algum dia ao Rio de Janeiro, além das visitas obrigatórias às belas praias e ao Corcovado, não se esqueça de agendar um ponto de encontro neste porto de abrigo e amizade, que dá pelo nome de RESTAURANTE PENAFIEL.






2 Comments:

Blogger Endovélico said...

Ôi Fernando- podias ter dito em que rua fica o Restaurante Penafiel. É que o Rio de Janeiro é uma grande metrópole.
Abcs.
Rui Costa

11:12 da manhã  
Blogger Fernando Oliveira said...

Amigo Rui
No texto está uma imagem de um cartão de visita do Restaurante Penafiel onde consta a rua e o n.º da porta, do mesmo.
Por isso é só o meu amigo meter-se num avião e ir de taxi até à

Rua Senhor dos Passos, 121
Rio de Janeiro
Um abraço
F. Oliveira

10:05 da tarde  

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