07 janeiro 2020

DAS ARMAS À CULTURA

REGIMENTO DE INFANTARIA 6
EM PENAFIEL
DAS ARMAS À CULTURA



Nos anos trinta do século passado, no quartel de Penafiel, estava instalado o Regimento de Infantaria 6, comandado pelo Coronel Júlio César Gil Iglésias, tendo como ajudante o Capitão José Rodrigues dos Santos.

Acontece que para além da aprendizagem do manobrar armas, e da ordem unida dada aos recrutas, resolveu em boa hora introduzir uma vertente cultural que ia desde a criação de uma banda de música, à formação de um grupo de teatro, o que para a época devia ser uma coisa inovadora.

A banda de música do RI 6, dava os seus concertos no coreto do Jardim Público aos domingos de tarde no período de Verão, para delícia dos penafidelenses.


Como maestro da banda tínhamos o Tenente Francisco Pereira de Sousa, e dela faziam parte os seguintes músicos:

Sargento Ajudante – Manuel Ferreira

Primeiros Sargentos – José Mendes Sousa, Manuel de Carvalho, João Ribeiro da Silva, Luciano da Silva Freitas.

Segundos Sargentos – Mário de Jesus, José da Costa Meira, Francisco da Costa Chicória, Raimundo Nunes, Francisco Correia de Bessa, António Duarte de Oliveira, José de Matos, Abílio Tavares, António Martins, Manuel da Silva Machado, Ernesto Coelho de Sousa, Acácio Gonçalves Guerra, Acácio Augusto da Rocha.

Furriéis – António Ferreira Quintas, Albino Ribeiro, António dos Santos, mais 8 Primeiros Cabos, 1 Segundo Cabo e 7 Soldados. 

 


Quanto ao grupo de Teatro que foi baptizado de Marte, foi fundado em Janeiro de de 1932, pelos sargentos Manuel de Deus Loura, José Simões da Silva Júnior, António Rocha, António N. Guimarães, José Teles de Menezes e Otélo Laranjeira, do Regimento de Infantaria 6.

Com o decorrer do tempo, não só entraram mais actores, e como nessa altura não havia mulheres no exército, e para algumas peças levadas à cena por este grupo, entravam personagens femininas, o mesmo teve que recrutar algumas meninas penafidelenses. Foram elas: D. Conceição Loura, Zulmira Iglésias e Irene Oliveira.


Peças representadas pelo Grupo de Teatro Marte:

1933 – Ceia dos Generais, com letra do Tenente Coronel Belizário Pimenta e Filho da República, opereta, de António Cândido de Oliveira.

1934 – Entre Duas Avé Marias, opereta de E. Donato

1935 – O Segredo do Fidalgo, opereta de Sara de Melo com música do Tenente Pereira de Sousa.


O cenógrafo deste grupo foi German Iglésias

O guarda-roupa foi fornecido pelo figurinista Jaime Valverde do Porto.

No dia 9 de Abril de 1933, Penafiel comemorou a batalha de La Lys, com o seguinte programa:


16 horas – O Regimento de Infantaria 6 desfila do quartel até ao Monumento dos Mortos da Grande Guerra, onde é colocado um ramo de flores no seu pedestal, assim como as crianças das escolas acompanhadas pelos seus professores também colocaram os seus ramos de flores. Depois deste gesto, foram observados dois minutos de silêncio, tendo de seguida, a banda do RI6 executado “A Portuguesa”, que foi cantada pelos presentes.



À noite, no Cine-Club, foram levadas à cena pelo Grupo Cénico Marte a opereta em 3 actos “Os Filhos da República”, e a peça em 1 acto “Ceia dos Generais”, original do distinto oficial do RI6, Tenente Coronel Belizário Pimenta.

Fez a apresentação do grupo, o capitão Raul de Vasconcelos, que proferiu um brilhante discurso sobre a Batalha de La Lys.

A regência da orquestra, foi confiada ao primeiro sargento Álvaro de Sousa, cuja música era da autoria do distinto maestro Pires da Cruz.

O público ficou de tal maneira agradado que o espectáculo voltou a subir ao palco no dia 11 de Abril.

O produto líquido destes dois espectáculos, reverteu a favor dos Cofres de Pensões das Viúvas, orfãos e ex-combatentes da Grande Guerra.


Como se pode ver, naquele tempo do antigamente, havia quem se preocupasse com quem combateu, e com os dá-nos colaterais (como agora se diz) que a guerra provocou, como sejam as viúvas e os órfãos.

Hoje na democrácia, os combatentes da guerra do ultramar, são esquecidos e desrespeitados como se pode ver na nossa "santa terrinha", com os seus nomes gravados numa chapa colocada ao nível do chão, onde qualquer cão pode fazer as suas necessidades.

Bem sei, que, para quem nunca combateu, “bacalhau basta”.

Fernando Oliveira – Furriel de Junho

1 Comments:

Blogger Unknown said...

Bom dia sr Fernando
Tenho em minha posse cópias do arquivo teatral de Eurico Ferreira da opereta Entre duas Avé Marias de Ernesto Donato e Matos Migueis
As cópias compreendem texto e partituras
Penso que poderão ser de estima ou recordação para alguém, caso tenha conhecimento de quem gostasse de ficar com este material por favor entre em contacto comigo
Lisamsantos@gmail.com
Muito Obrigada
Cumps

11:57 da manhã  

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