18 novembro 2012

TU SOZINHO NÃO ÉS NADA



CANTA, CANTA, AMIGO CANTA

Fotos de António Macedo

António Inácio Reis de Macedo, nasceu no Porto em 1946 e faleceu no ano de 1999 apenas com 53 anos de idade. 

Estávamos no verão de 1969, quando um grupo de católicos progressistas levou a efeito um acampamento em Paços de Vilharigues – Vouzela, onde António Macedo apareceu com o Canta, Canta, Amigo Canta.

Canta, canta, amigo canta
vem cantar a nossa canção
tu sozinho não és nada
juntos temos o mundo na mão
(REFRÃO)

Erguer a voz e cantar
é força de quem é novo
viver sempre a esperar
fraqueza de quem é povo
Viver em casa de tábuas
à espera dum novo dia
enquanto a terra engole
a tua antiga alegria

(REFRÃO)

O teu corpo é um barco
que não tem leme nem velas
a tua vida é uma casa
sem portas e sem janelas
Não vás ao sabor do vento
aprende a canção da esperança
vem semear tempestades
se queres colher a bonança 

Capa do DISCO

O disco Canta, Amigo Canta, gravado pela Polydor, vendeu cerca de 1.000 exemplares (o que era muito bom para a época). A 1.ª edição esgotou-se em 15 dias, e a 2.ª só apareceu no mercado 2 meses depois. Nessa altura, o cantautor António Macedo recebeu por cada disco vendido dezoito tostões ou seja 1$80, o que na moeda europeia é menos que um cêntimo. 

Não havia encontro, reunião, passeio, o que quer que se fizesse naqueles tempos, que não aparecesse o “canta amigo canta, vem cantar a nossa canção, tu sozinho não és nada, juntos temos o mundo na mão”.

Este tema musical, do saudoso António Macedo, era cantado nas igrejas na década de 70. 

Quem não se lembra do "Canta, Amigo, Canta" que se ouvia nas missas de domingo? 

José Barata Moura, Vitorino, José Jorge Letria, Manuel Freire, José Afonso e Adriano Correia de Oliveira

28 de Março de 1974 – Realiza-se no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, o 1.º Encontro da Canção Portuguesa, promovido pela Casa da Imprensa, durante o qual foram entregues os prémios atribuídos no ano anterior pela Imprensa. José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Francisco Fanhais, José Ary dos Santos, José Fanha, José Jorge Letria e Manuel Freire, entre outros, participam no festival.
Acontece que Adriano Correia de Oliveira, não tinha enviado os textos ao "exame prévio" da Censura. A situação acabará por resolver-se graças a dois censores "casualmente" de serviço na plateia do Coliseu que, ali mesmo, decidem quais os temas que podem ou não ser ouvidos.
Grândola Vila Morena em uníssono no final
Passavam 30 minutos da hora prevista para o começo do espectáculo, as mais de 5 mil almas presentes no Coliseu de Lisboa, começaram a cantar em coro “Canta, Canta, Amigo Canta”, como forma de pedir que o espectáculo, também ele começasse". No final, todos entoaram o Grândola Vila Morena de José Afonso, sendo esta canção a segunda senha do Movimento das Forças Armadas, no 25 de Abril de 1974. 

"Canta canta amigo canta
vem cantar a nossa canção
tu sozinhos não és nada
juntos temos o mundo na mão"

E a malta acreditava mesmo que cantando tínhamos o mundo na mão. Hoje, quem é que ainda acredita?

Eu cá, de vez em quando acredito. 

Mesmo que nada pareça confirmar essa certeza, acredito.


E bom domingo de prendas no S. Martinho.