14 novembro 2012

AS LAVADEIRAS



AS LAVADEIRAS
Capa da Revista Ilustração Portugueza

Há profissões como as lavadeiras, que foram desaparecendo com o evoluir da tecnologia e com a melhoria de vida das pessoas. 

As lavadeiras, todas as semanas acorriam a casa das suas clientes, senhoras da burguesia e  das classes altas, para recolher a roupa para lavar. 

Transportando as trouxas de roupa à cabeça, lavavam a roupa nos rios, nos ribeiros ou em pequenos riachos, onde se juntavam com outras lavadeiras. 

A arte de lavar roupa, era normalmente passada de geração em geração, e esta ocupação permitiu o sustento de muitas famílias no início do século XX. 

Profissão dura e desgastante, manteve-se até ao aparecimento da água canalizada, e das máquinas de lavar roupa, altura em que foi progressivamente desaparecendo, estando guardada apenas na memória do povo.

Lavadouro de Puços
Em Penafiel, foram construídos pelo menos três lavadouros públicos. Um em Puços, perto do Largo da Ajuda, outro no Cedro mais conhecido pelo lavadouro de Melres, e o de Chelo perto da Igreja do Carmo, que ainda hoje funcionam, e com o avolumar da crise actual, de certeza que vai ganhar novas aderentes.

Quem diria, que uma lavadeira de Entre os Rios, fazia a capa da revista Ilustração Portugueza, da edição semanal do jornal O Século, de 29 de Outubro de 1917. 

Cartaz do filme Aldeia da Roupa Branca

Também no filme Aldeia de Roupa Branca, realizado por Chianca de Garcia em 1938, a profissão de lavadeira é imortalizada por  Beatriz Costa com a canção:

Ó rio não te queixes,
Ai o sabão não mata,
Ai até lava os peixes,
Ai põe-nos cor de prata.

Três corpetes, um avental,
Sete fronhas, um lençol,
Três camisas do enxoval,
Que a freguesa deu ao rol.

Água fria, da ribeira,
Água fria que o sol aqueceu,
Velha aldeia, traga a ideia,
Roupa branca que a gente estendeu.

Um lençol de pano-cru,
Vê lá bem tão lavadinho,
Dormindo nele, eu e tu,
Vê lá bem, está cor de linho.

No entanto, há quem diga, que o maior lavadouro nacional, está construído em Lisboa para os lados de S. Bento, onde se continua a lavar roupa suja todos os dias, e de todas as cores.