26 março 2017

SECOS & MOLHADOS

SECOS & MOLHADOS
 

João Ricardo (Voz, Violão, Harmónica), Ney Matogrosso (Voz), e Gérson Conrad (Voz e Violão)


Com a morrinha deste tempo que nos chegou nesta Primavera, fez-me lembrar um conjunto brasileiro que se chamava Secos & Molhados.

Evidentemente que este nome nada tem a ver com aquela manifestação que se realizou em Lisboa, no reinado do Cavaquistão entre Polícias de Segurança Pública.


A formação inicial do grupo era composta por: João Ricardo (violão de doze cordas e gaita), Fred (bongo) e António Carlos, ou Pitoco, como é mais conhecido. O som, completamente diferente à época, fez com que muitas pessoas interessadas em conhecer o grupo se dirigissem ao bairro do Bixiga em São Paulo onde a banda se apresentava.
Entre os “curiosos” estava a cantora e compositora Luhli, com quem João Ricardo compôs alguns dos maiores sucessos do grupo ("O Vira" e "Fala"). 

Fred e Pitoco, em Julho de 1971, resolvem seguir carreiras a solo e João Ricardo sai à procura de um vocalista. Por indicação de Heloísa Orosco Borges da Fonseca (Luhli), conhece Ney Matogrosso, que muda-se do Rio de Janeiro para São Paulo. Depois de alguns meses, Gerson Conrad, vizinho de João Ricardo, é incorporado ao grupo. O Secos & Molhados começa a ensaiar e depois de um ano se apresenta no teatro do Meio, do Ruth Escobar.


No começo, as apresentações ousadas, acrescidas de um figurino e uma maquilhagem extravagantes, fizeram a banda ganhar imensa notoriedade e reconhecimento, sobretudo por canções como "O Vira", "Sangue Latino", "Assim Assado", "Rosa de Hiroshima", que misturam danças e canções do folclore português como o Vira com críticas à Ditadura Militar e a poesia de Cassiano Ricardo, Vinícius de Moraes, Oswald de Andrade, Fernando Pessoa, e João Apolinário, pai de João Ricardo, com um rock pesado inédito no país, o que a fez tornar-se num dos maiores fenómenos musicais do Brasil da época e um dos mais aclamados pela crítica. 




Discografia:
1973 – Secos & Molhados

No dia 23 de maio de 1973, o grupo entra no estúdio "Prova" para gravar – em sessões de seis horas ao dia, por quinze dias, em quatro canais – seu primeiro disco, que vendeu mais de 300 mil cópias em apenas dois meses, atingindo um milhão de cópias em pouco tempo. 
Os Secos & Molhados se tornaram um dos maiores fenómenos da música popular brasileira, batendo todos os recordes de vendas de discos e público. O disco era formado por treze canções que ao ver da crítica, parecem actuais até os dias de hoje. As canções mais executadas foram "Sangue Latino", "O Vira", e "Rosa de Hiroshima". O disco também destaca inúmeras críticas à ditadura militar que estava implantada no Brasil, em canções como o blues alternativo "Primavera nos Dentes" e o rock progressivo "Assim Assado" – esta de forma mais explícita em versos que personificam uma disputa entre socialismo e capitalismo. Até mesmo a capa do disco foi eleita pela Folha de S.Paulo como a melhor de todos os tempos de discos brasileiros.

1974 - Secos & Molhados Em Instrumental: Mobile


1974 – Secos & Molhados II 

Em Fevereiro de 1974, fizeram um concerto no Maracanãzinho que bateu todos os índices de público jamais visto no Brasil – enquanto o estádio comportava 30 mil pessoas, outras 90 mil ficaram do lado de fora. Também em 1974 o grupo saiu em turné internacional que, segundo Ney Matogrosso, gerou oportunidades de criar uma carreira internacional sólida. Em Agosto do mesmo ano, sai o segundo disco de estúdio da banda, que tinha em destaque "Flores Astrais".
Com a saída de Ney Matogrosso que inicia uma carreira a solo, João Ricardo adquiriu os direitos sob o nome Secos & Molhados, após algumas brigas na justiça, e saiu à busca de novos músicos para que a banda tivesse novas formações.

1978 – Secos & Molhados III

Após o fim da primeira formação do grupo em 1974 surgiu em Maio de 1978. João Ricardo lançou o terceiro disco dos Secos & Molhados com Lili Rodrigues, Wander Taffo, Gel Fernandes e João Ascensão. O terceiro disco foi lançado, e mais um sucesso do grupo com a canção "Que Fim Levaram Todas as Flores?", uma das canções mais executadas no Brasil naquele ano, o que trouxe o novo grupo de João Ricardo às apresentações televisivas.
1980 - Ao Vivo no Maracanãzinho

Em 1980, é editado o disco do show do Maracanãzinho, Secos & Molhados - Gravado ao vivo no mês de Fevereiro de 1974, resolvendo desta forma não só agradecer o carinho do povo fluminense, como proporcionar às fãs que não conseguiu entrar para o show,  a possibilidade de ouvirem o registo do mesmo.
1980 – Secos & Molhados IV 

No mês de Agosto de 1980, junto com os irmãos Lempé – César e Roberto – os Secos e Molhados lançaram o quarto disco, que não teve grande sucesso comercial.
A quinta formação do grupo nasceu no dia 30 de Junho de 1987, com o enigmático Totô Braxil, em um concerto no Palace, em São Paulo. 
 
1988 – A Volta do Gato Preto


Em maio de 1988 saiu o álbum "A Volta do Gato Preto", que foi o último da década.


1999 – Teatro?


João Ricardo lançou "Teatro?" mostrando a marca do criador dos Secos e Molhados. 


2000 – Memória Velha

Cuja canção que abre o álbum se intitula vejam lá: Os Portugueses Deixam a Língua nos Trópicos”, agora que tanto se fala do acordo ortográfico, em que querem obrigarem os portugueses a escreverem à brasuca.

2003 - Assim Assado


Tributo ao Secos e Molhados é um álbum comemorativo dos 30 anos do Secos e Molhados. O disco traz a participação de vários artistas da nova geração reinterpretando todas as faixas do primeiro álbum de 1973 do grupo.

2009 – Secos & Molhados – Sempre

Uma colectânea que reúne os grandes êxitos dos Secos & Molhados.

2011 – Chato- boy

O grupo em 2011 é comandado por João Ricardo, responsável pelos textos e narrações e Daniel Iasbeck (Exótica) que compôs a música. Chato-Boy é um disco de uma música só de 29 minutos, É uma peça completamente diferente do Secos & Molhados clássico.


Vamos ouvir a canção Sangue Latino, numa interpretação de Ney Matogrosso. Se nos dias de hoje podemos considerar extravagante a sua maneira de dançar e de se apresentar em palco, que fará nos anos 70.






- Bom domingo!