PRAÇA DE TOUROS

PRAÇA DE TOUROS

TINHA DE SER!

Nos anos trinta do século passado, Penafiel tinha a sua Praça de Touros.

A sua primeira corrida, foi realizada no dia 19 de Junho de 1930, incluída no cartaz das Festas do Corpo de Deus, ou Festas da Cidade de Penafiel.

Apesar de na mesma não se efectuar apenas touradas, já que na nela também se projectavam filmes e levava-se a cabo combates de boxe, o que é certo e sabido, é que a mesma não resistiu economicamente e por tal motivo, foi vendida no dia 17 de Novembro de 1935.

Um penafidelense aficionado anónimo, resolveu despedir-se da Praça de Touros, em verso da seguinte maneira:

Praça de Touros

Tinha de Ser!

Com o mais fundo desgosto

Ai, tardes de Junho e Agosto

Soube a notícia fatal!

A nossa Praça adorada

Ia morrer aleiloada

Para baixar ao coval...

Não foi só a arquitectura

Na sua linha tão pura

Que fez dela a nossa querida

Mas sim, também a destreza

E a bravura portuguesa

Dos que entraram na corrida

À trincheira, o Figueiredo

Saltava ás vezes, sem medo

E até lá vi o Oliveira!

Agora acabou-se tudo

E que valente canudo

Ia sendo a brincadeira!

Nem os socos, nem os chás

Nem injecções de cartaz

Pôde à empresa valer!

Entrou com muito rompante

Foi abaixo num estante

São fados... tinha de ser!

Nunca mais pelo Verão

Irei ver o trambolhão

Já foi passada a patacos!

Agora só lá vai dar

Quem no chão vai rebuscar

A ver se apanha cavacos...

Foi sempre assim nesta terra

O que nasce, logo berra

Para em breve, emudecer

A nossa Praça adorada

Apanhou uma marrada

E morreu!... Tinha de ser!

Tourada em Penafiel no Campo do Conde de Torres Novas . Foto cedida por Sérgio Dias.

Aqui à uns anos ainda apareceram aí alguns inteligentes, que ousaram realizar pelas Festas da Cidade corridas de touros, mas a moda não pegou, e ainda bem, pois já nos bastam as chicuelinas do IMI, do IVA, do IRS e TAXAS e TAXINHAS com que somos brindados, como se fossem autênticas bandarilhas espetadas no orçamento familiar de cada um, que tenta aguentar estas investidas como pode e sabe, até ao final de cada mês. 

Fernando Oliveira - Furriel de Junho