DOCE LIBERDADE
Doce Liberdade
(conto)
O meu tio Humberto, era um homem do reviralho. Indo ele comigo pela mão a atravessar a Praça Municipal, no preciso momento em que, o nosso Primeiro – Ministro Marcelo de visita à nossa terra, foi depor uma coroa de flores no Monumento em Honra aos Mortos da Grande Guerra, desabafou:
- Se fosses pôr flores ao caralho!...
Uns homens agarraram nele e levaram-no. Apenas teve tempo de me mandar para casa e desta vez sem o beijo do costume. Aí chegado, contei à tia o sucedido. A tia Luísa, que já estava calejada nestas andanças, já sabia o que fazer.
No Domingo, fui com ela visitar o tio Humberto, a Caxias. Um guarda colou-se à nossa beira, escutando tudo que nós dizíamos. A horas tantas, a tia colocou em cima da mesa a cesta que levava com o lanche para nós, e que o guarda já tinha revistado. No final do lanche, a tia deu um beijo ao tio e este abraçou-nos com muita força. No fim-de-semana seguinte lá fomos de novo visitar o tio. Ao chegarmos à porta, um guarda informou-nos que ele hoje não podia receber visitas. A tia chorou, chorou muito e pediu ao guarda para lhe entregar um bolo que nós levávamos.
Na próxima visita, o tio apareceu-nos com a cara cheia de hematomas, e com os olhos que mal se viam de negros que estavam.
- Ó tio, porque estás assim tão feio?
- Andei à porrada com o guarda que me comeu o bolo.
- E quando voltas para casa?
- Quando agarrar esse comilão.
Abril nasceu e o tio regressou a casa.
Agora todos os anos a 25 deste mês, a tia faz um grande bolo que o tio Humberto baptizou de Liberdade.
Só que agora, não falta aí quem se faça convidado, e queira devorar a doce Liberdade.
Fernando José de Oliveira
Penafiel - 2004
(conto)
O meu tio Humberto, era um homem do reviralho. Indo ele comigo pela mão a atravessar a Praça Municipal, no preciso momento em que, o nosso Primeiro – Ministro Marcelo de visita à nossa terra, foi depor uma coroa de flores no Monumento em Honra aos Mortos da Grande Guerra, desabafou:
- Se fosses pôr flores ao caralho!...
Uns homens agarraram nele e levaram-no. Apenas teve tempo de me mandar para casa e desta vez sem o beijo do costume. Aí chegado, contei à tia o sucedido. A tia Luísa, que já estava calejada nestas andanças, já sabia o que fazer.
No Domingo, fui com ela visitar o tio Humberto, a Caxias. Um guarda colou-se à nossa beira, escutando tudo que nós dizíamos. A horas tantas, a tia colocou em cima da mesa a cesta que levava com o lanche para nós, e que o guarda já tinha revistado. No final do lanche, a tia deu um beijo ao tio e este abraçou-nos com muita força. No fim-de-semana seguinte lá fomos de novo visitar o tio. Ao chegarmos à porta, um guarda informou-nos que ele hoje não podia receber visitas. A tia chorou, chorou muito e pediu ao guarda para lhe entregar um bolo que nós levávamos.
Na próxima visita, o tio apareceu-nos com a cara cheia de hematomas, e com os olhos que mal se viam de negros que estavam.
- Ó tio, porque estás assim tão feio?
- Andei à porrada com o guarda que me comeu o bolo.
- E quando voltas para casa?
- Quando agarrar esse comilão.
Abril nasceu e o tio regressou a casa.
Agora todos os anos a 25 deste mês, a tia faz um grande bolo que o tio Humberto baptizou de Liberdade.
Só que agora, não falta aí quem se faça convidado, e queira devorar a doce Liberdade.
Fernando José de Oliveira
Penafiel - 2004
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