25 abril 2006

ABRIL DE VEZ











ABRIL DE VEZ

Mal o dia chega ao fim
Tu deitas o cravo fora
Não gosto de Abril assim
Se ele faz parte de mim
Planto-o no meu jardim
Não mando Abril embora

Muitas vezes me disseram
Outras tantas me avisaram
Vais pelo caminho errado
Só que ninguém perguntou
Se sou eu onde estou
E se sou eu desse lado

Eu nunca vesti Abril
Com discurso engravatado
Eu prefiro ser Abril
Sózinho no meu covil
Na rua do outro lado

Dizem que Abril é culpado
Do mal que pr'aí mora
Eu já estou desconfiado
Andas a ser maltratado
Por democratas de agora

Mas Abril há-de voltar
Desta vez, vai ser de vez
Eu cá estou para te abraçar
E dê no que vier a dar
Em Abril ou noutro mês.

É que há um país à tua espera
É que há um país que acredita
Que um cravo e um pão
Se igualam na mesa da justiça
Que Grândola é uma canção a repetir
E Abril um mês de novo a construir

Fernando José Oliveira