17 dezembro 2013

AS CATEQUISTAS



AS CATEQUISTAS


Hoje em dia vejo muita gente a fazer voluntariado por essas instituições, mas as primeiras voluntárias que conheci, quando ainda esta palavra não estava tão em moda, nem contava para qualquer curriculum vitae para emprego, foram as minhas catequistas.


No meu tempo, ou seja, há mais de meio século atrás, eram geralmente mulheres, que tinham como canseira dominical, estarem às 9 horas na Igreja Matriz de Penafiel, para nos ensinar a Doutrina Cristã.

Nós sentávamos num banco corrido de madeira, e a senhora catequista num banco de frente para nós e com o catecismo na mão, nos ensinava e fazia perguntas para testar a nossa atenção.


Antes das dez horas vinha a Zulmirinha (creio que era assim que se chamava a senhora que vivia na Sagrada Família), distribuir uma senha de presença estilo santinho. Quem menos faltasse à catequese, mais senhas tinha no final do ano.


Quando se aproximava os exames da catequese, que eram feitos pelo Sr. Padre Albano, as catequistas que tinham brio que todos os seus meninos passassem, davam ensinamentos extras aos mais enrascados nas suas próprias casas.


Graças a essa gente, aprendemos a fazer o pelo sinal da Santa Cruz, a rezar o Padre-Nosso, a Ave-maria, a Salve-rainha, a dizermos a Confissão, o Credo e muitas mais coisas que aplicamos hoje na Santa Missa.


Ainda tive um ou dois anos, em que a missa era rezada em latim, e com o padre voltado de costas para o povo.

Depois vinha a 1.ª Comunhão também chamada de pequenina ou da rosquinha, já que no final das cerimónias religiosas era oferecido uma mini rosca feita em pão, nas padarias para o efeito.


Por volta dos dez anos, fazia-se a 4.ª classe no ensino obrigatório e a Comunhão Solene.

Esta era sempre no segundo domingo depois da Páscoa. 

Aí os rapazes e as meninas, vestiam-se com as suas melhores fatiotas, parecendo os meninos uns homenzinhos de fato e gravata e as meninas com as suas vestes noivas em miniatura.


Ao meio da cerimónia religiosa saíam em procissão da Igreja Matriz para o Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel, e no átrio deste era-lhes servido um pequeno-almoço, em que constava de pão, doces e para beber leite ou café, que muitos misturavam bebendo um galão. Enquanto isto se desenrolava, uma banda de música animava a festa.


No final a procissão recolhia de novo à Igreja Matriz onde se finalizava a cerimónia religiosa com a entrega de um diploma.

A maioria acabava aqui a sua catequese, embora alguns, continuavam a frequentar a perseverança. 


Para encerramento de tudo isto, vinha a festa da catequese.

 Esta decorria no parque Zeferino de Oliveira mais conhecido por Jardim do Sameiro, onde neste recanto (ver foto), era montado um bazar, em que todos poderíamos comprar algo com as senhas de presença da catequese.


Não faço ideia onde as meninas as aplicavam, mas os rapazes eram nos rebuçados que traziam cromos da bola e quase todos coleccionavam.


Em virtude de não possuir nenhuma senha de presença para ilustrar este texto, restou-me em forma de homenagem a todas as catequistas desse tempo e de agora, as imagens do meu catecismo da Primeira Comunhão.  

1 Comments:

Blogger Mirella said...

Que lindo post! Parabéns pelas memórias e pelo reconhecimento de suas catequistas.
Deus te abençoe!

9:23 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home